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PMEs: cinco tecnologias que vão mudar os negócios

Computação em nuvem, chatbots, inteligência artificial, Internet das Coisas e blockchain saem do terreno das grandes e começam a afetar a vida das pequenas e médias empresas. Saiba como se preparar!
PMEs: cinco tecnologias que vão mudar os negócios

Não são poucas as tecnologias mudando o mundo neste exato momento, caríssimo leitor. O celular no seu bolso é a prova cabal. Seus arquivos podem ser automaticamente guardados na nuvem, e deve ser difícil lembrar a última vez em que você encarou uma fila de banco, facilmente acessível pelo computador, ou pelo celular… E é claro que estas tendências afetam também seu trabalho e os seus negócios.

Não há qualquer sinal de que a velocidade das mudanças vá diminuir. Afinal, a lista de novas tendências e tecnologias é grande: chatbots, inteligência cognitiva, blockchain, Internet das Coisas (IoT). Estas inovações estão muito mais próximas do que se pensa.

Henrique Cecci, diretor de pesquisa do Gartner

“Não se imagina uma empresa moderna sem tecnologia da informação, fora do contexto digital. É como não ter energia elétrica”, pondera Henrique Cecci, diretor de pesquisa do Gartner. “TI é parte do negócio e as pequenas também tem que se adaptar.”

Luciano Ramos, gerente de pesquisa para software e serviços do IDC, explica que o caminho não precisa ser penoso. “As PMEs têm vantagens por terem menos amarras e mais agilidade [na hora de inovar]. É a diferença entre manobrar um transatlântico e um barquinho. As grandes levam tempo”, explica.

Confira algumas tecnologias que prometem mudar e ampliar a produtividade (e competitividade) dos negócios das pequenas e médias empresas em 2017 e nos próximos anos.

Computação em nuvem

É sem dúvida um erro considerar a nuvem uma tendência. Pequenas, médias e grandes empresas já adotam (e cada vez mais) sistemas e armazenamento de dados como serviços. Para as PMEs, a principal diferença está justamente no fato de que parte delas já nasce on cloud, o que facilita e muito a adoção de uma infraestrutura de TI mínima – e ainda assim muito mais avançada do que era possível uma década atrás.

“A maioria das linhas de produtos que temos hoje é ofertada também como serviço”, explica David Pereira, vice-presidente de engenharia de produtos da Sage Brasil. “As plataformas em nuvem estão democratizando a forma como algumas empresas conseguem acesso a aplicativos de última geração e tecnologias inteligentes e escaláveis.”

Anderson Figueiredo, analista independente do mercado de TIC, diz que cloud é prioridade para 37% de todos executivos de TI para 2017. “Os pequenos negócios efetivamente reduziram custos por meio da nuvem no modelo de software como serviço (SaaS). Infraestrutura (IaaS) e plataformas (PaaS) dispensaram a estrutura tradicional. Isto tudo dá a elas a oportunidade de serem flexíveis”, pondera.

Claro que ainda há desafios e barreiras. A internet oferecida para as empresas no Brasil ainda não é das melhores, e boa parte das ofertas em nuvem – mesmo para as pequenas – ainda é feita em dólar e em língua inglesa.

Henrique Cecci, do Gartner, pondera que a adoção no Brasil tem crescido muito rápido e a maioria dos clientes que usam TI exclusivamente na nuvem está nas PMEs. “Nuvem não é mais tendência, ela faz parte de como se vê o business. A previsão para 2018 é de que será tão raro não usar a nuvem quanto é raro não usar internet”, sentencia.

Chatbots

Os chatbots, ou agentes digitais, já são usados por grandes empresas. Estas interfaces mudam significativamente a forma como humanos e computadores interagem, e de certa forma dispensam pessoas para a obtenção de informações de suporte mais simples ou corriqueiras.

“Nossa previsão é que tecnologias de atendimento quintupliquem até 2020, mas é preciso considerar que a base é muito pequena”, pondera Luciano Ramos. “Mas, sendo honesto, [as PMEs] ainda não usam.”

Grandes empresas de varejo, segurança e atendimento aos clientes, além do setor financeiro, já tem apostado nos bots como forma de ganhar mais eficiência no atendimento e aprimorar a experiência do cliente. As pequenas, por sua vez, começam a pensar na tecnologia.

“No Brasil existe uma grande aderência a ideia do chatbot para fazer algum tipo de transação. No mundo 47% tem esta propensão, e aqui são 66% das PMEs”, diz David Pereira, da Sage – que oferece um bot para emissão de nota fiscal eletrônica integrado a serviços de mensageria como o Messenger, do Facebook. A ideia é atingir principalmente pequenos escritórios de contabilidade.

Inteligência artificial

Talvez a tecnologia mais comentada atualmente, a inteligência artificial (ou cognitiva) começa a ganhar terreno nas companhias, porém ainda de forma bastante experimental. Muito associada ao Big Data, a AI tem facilitado a manipulação do gigantesco volume de dados gerado por diferentes fontes e dispositivos que conectam as pessoas (e as coisas) do mundo atual, tentando principalmente extrair valor para as empresas de forma simplificada.

Se pequenos e médios empreendedores ainda parecem longe de se beneficiar diretamente de soluções ainda tão caras, há ao menos a possibilidade de usá-la por trás de aplicações de mercado, explica Luciano Ramos. “Como produto acabado tem potencial de incorporar na nuvem sistemas com APIs de inteligência cognitiva, e consegue costurar estes elementos”, diz.

“Todo CNPJ é formado por um monte de CPFs, e as pessoas estão gostando [das possibilidades de IA]”, explica Anderson Figueiredo. “Acho que até 2020 vai ter muita coisa acontecendo, porque na vida pessoal já vamos estar nos aproveitando [da IA].”

Internet das Coisas (IoT)

Há um potencial enorme em se conectar todas as coisas que nos rodeiam – máquinas, carros, celulares, roupas ou até mesmo humanos conectados gerarão uma montanha de dados, criando novos e variados. No entanto há ainda desafios de infraestrutura, de tecnologia (que sensores conectaram tudo isso?) e de viabilidade de negócios (como extrair valor de tantos dados coletados?).

“Há um leque de oportunidades e algumas empresas vão surfar nesta onda muito rápido”, opina David Pereira. “Manutenção predial, industrial e mesmo veicular – logo elas poderão fazer manutenções preventivas. Hospitais controlarão a vacância de leitos e a distribuição de medicamentos. Lojas poderão repor estoque e saber o que falta na geladeira do cliente.”

Para Anderson Figueiredo, no entanto, as PMEs ainda estão longe da IoT pois as soluções ainda são caras e sem retorno muito claro, apesar de 70% das que atuam no setor varejista se declararem interessadas. “Os dispositivos existem, mas sensores baratos não. Para as PMEs ainda é caro porque tem que haver Big Data junto”, explica o analista.

Já Henrique Cecci acha que a adoção será muito mais rápida do que parece. O Gartner estima que em 2020 o número de usuários de IoT deve mais do que dobrar, principalmente através de produtos embarcados como os wereables e combinados com IA e outras tecnologias.

Blockchain e dinheiro virtual

Usando uma rede de banco de dados distribuídos entre “nós” como forma de validar e transacionar bens digitais entre várias partes, o blockchain é uma tecnologia com enorme potencial de uso entre empresas. Ela deve impactar os negócios ao dispensar intermediários como bancos ou autoridades estatais na hora de fazer transações ou assinar contratos.

Funciona assim: todos os participantes (os nós) têm acesso a um registro compartilhado, que contém um inventário com os valores ou ativos digitais. As partes possuem cópias idênticas do registro e quaisquer mudanças são aplicadas em todas estas cópias rapidamente. Assim o sistema dá segurança aos participantes sem necessidade de outra autoridade para legitimar a operação.

Famoso por servir de base para a moeda virtual bitcoin, o blockchain ainda tem muito a caminhar no Brasil, ainda mais quando se trata de PMEs. “Ele dá segurança para o mercado digital como um todo”, diz David Pereira.

“Há um grande potencial em documentação eletrônica para pequenos cartórios, corretoras, escritórios de advocacia, mas ainda falta infraestrutura e reguladores”, diz Luciano Ramos. “Uma das previsões do IDC é de que ‘blockchain continua engatinhando forte’. Vai levar tempo”.

Os distribuidores respondem: Qual será a tecnologia mais importante de 2017?

“Claramente IoT será uma nova onda tão importante quanto a internet ou a mobilidade. Não é uma nova tecnologia, mas um conjunto de conceitos e possibilidades, algumas já existentes e outras por se desenvolverem ou aprimorarem. IoT, para nós da Arrow, já é foco de atenção e estratégia para 2017 e anos futuros.”

Ronaldo Miranda, vice-presidente para América Latina e gerente geral da Arrow ECS no Brasil

 

“Acreditamos que cloud computing será uma das mais importantes tecnologias este ano e apostamos muito no segmento. Vamos continuar trabalhando forte neste setor, com posicionamento estratégico junto às revendas, agregando soluções e ferramentas que permitam aos canais fazerem uma transição para o mundo cloud, ajustando operações, mapeando oportunidades e disponibilizando recursos.”

Diego Utge, vice-presidente e executivo chefe para o Brasil da Ingram Micro

 

“Estamos considerando as tecnologias em nuvem as mais importantes para 2017. Esta é nossa aposta e um dos nossos principais focos de investimento neste ano. Os softwares em nuvem permitem mais flexibilidade para as empresas, que podem contratar as soluções necessárias e, caso a demanda aumente ou diminua, os contratos podem ser alterados a qualquer momento. A oferta em nuvem leva as distribuidoras a um novo nível de negociação.”

Fábio Baltazar, diretor de produtos e marketing da SND

 

“Acho que computação cognitiva e machine learning já são fatos consumados e devem gerar muitos negócios em 2017. Grandes empresas como IBM, Microsoft e Google estão trabalhando nesta direção. Vamos manter o foco em tecnologias mais avançadas e, também, nas diferentes formas de comercialização, oferecendo soluções como produto ou serviço.”

Humberto Menezes, diretor geral da Westcon-Comstor no Brasil

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