Apesar da recente onda de demissões nas chamadas big techs (as grandes empresas de tecnologia), a pesquisa State of Data 2022, realizada pela consultoria Bain & Company e pelo Data Hackers, aponta que o mercado de trabalho brasileiro para os profissionais de dados segue bastante aquecido e com alta demanda pelas empresas.
O mais completo raio-x sobre os profissionais de dados no Brasil ouviu 4.270 respondentes em todo o País. A amostra reflete a visão de variados papéis de atuação na área de dados nas empresas – analistas, cientistas e engenheiros -, bem como diferentes níveis de experiência profissional, incluindo analistas júnior, pleno, sênior e gestores.
A pesquisa da Bain e do Data Hackers revelou uma estagnação na remuneração dos profissionais da área de dados, depois do crescimento vertiginoso de 40% entre os anos de 2019 e 2021. A variação média da remuneração em 2022 foi de 4%, menor que a inflação do mesmo período (5,9%). A maior variação positiva por faixa salarial se encontra na dos profissionais que ganham acima de R$ 16 mil por mês (15,1% em 2022 versus 13,0% em 2021). Já os níveis mais baixos de remuneração registraram pouca variação.
A pesquisa ainda revela que 33,7% das empresas de até 100 funcionários ainda não possuem profissionais de dados. A proporção destes profissionais aumenta conforme o porte: 74,1% das empresas de mais de 3 mil funcionários possuem pelo menos 50 profissionais de dados. Os segmentos de tecnologia, serviços financeiros e varejo lideram entre os segmentos que mais possuem profissionais de dados em seus quadros de funcionários.
“A pesquisa traz importantes diagnósticos e insights sobre o mercado de dados brasileiro. Há importantes avanços, como o notório crescimento desse segmento em companhias dos mais variados setores e a atração de profissionais com outras expertises. Mas identificamos também desafios para as empresas, como a retenção de talentos e o necessário avanço por mais diversidade”, avalia Lucas Brossi, sócio e head de Advanced Analytics da Bain & Company.
65% estão abertos a mudar de emprego
Apesar de 74,2% dos profissionais da área de dados continuarem satisfeitos com seus empregos atuais, o percentual de pessoas abertas a novas oportunidades disparou, passando de 40,2% em 2021 para 64,9% no atual levantamento.
Entre os profissionais insatisfeitos com o emprego atual, os motivos mais comuns são a falta de oportunidades de crescimento (44%) e o salário não compatível com o mercado (39,2%). O motivo mais relevante em 2021, a falta de maturidade analítica da empresa, agora é apenas o terceiro mais citado, com 38,4%.
A intenção de mudar de emprego nos próximos seis meses está diretamente relacionada ao nível de satisfação com a ocupação atual. Para os profissionais satisfeitos, 13,1% estão em busca de novas oportunidades dentro e fora do Brasil e 10% procuram emprego apenas fora do país. Ainda que não estejam ativamente à procura de novas oportunidades, 41,9% dos respondentes estão abertos a propostas, com um percentual relativamente constante entre todos os níveis de cargo e maior incidência entre profissionais de nível sênior (44,2%).
O principal critério levado em consideração pelos profissionais de dados para escolher uma empresa é a remuneração, razão que recebeu 75,2% do total de menções. A flexibilidade em relação ao trabalho remoto é o segundo item mais mencionado (53,7%) e reforça o efeito prolongado do impacto da pandemia da Covid-19 nas relações de trabalho.
O aquecimento do setor e o esforço das empresas rumo à digitalização provocou também outro movimento interessante: a migração de profissionais de outros segmentos para a área de dados e o surgimento de novas posições relacionadas à analytics nas empresas. O número de profissionais com formações não relacionadas a tecnologia e exatas passou de 7,7% em 2021 para 13,5% em 2022.
Desafios em inclusão e diversidade
A pesquisa revela que ainda persiste uma considerável sub-representação da diversidade de gênero, cor/raça/etnia, e de portadores de deficiência entre os profissionais de dados do Brasil. Em termos de gênero, apesar de representar 51,1% da população brasileira, as mulheres ainda são apenas 24,5% dos profissionais de dados. Pardos e pretos, cuja proporção na população brasileira é de 47% e 9,1% respectivamente, representam apenas 24,5% e 6,6% dos profissionais. Por fim, pessoas autodeclaradas deficientes correspondem a 6,7% da população brasileira e apenas 1,7% da amostra.
Os grupos de diversidade têm sua experiência profissional prejudicada por conta de seu gênero, cor/raça/etnia e deficiência. Das pessoas do gênero feminino, 42,6% declararam ter sua experiência afetada de alguma maneira em função de seu gênero, número que é de 31,3% para os que se declararam com gênero “Outro”. Na dimensão de cor/raça/etnia amarela, 14,3% dos respondentes de cor amarela relatam problemas em sua experiência por conta de sua cor/raça/etnia. Esse número aumenta para 18,3% para autodeclarados pardos, 21,7% para autodeclarados indígenas ou na categoria “Outros” e 57,8% para autodeclarados pretos. Para a dimensão deficiência, 36,7% dos respondentes com alguma deficiência indicam problemas em sua experiência profissional decorrentes de sua deficiência.
Os desafios de diversidade também impactam a remuneração dos profissionais. A pesquisa revela por exemplo que mulheres pardas e pretas ganham em média 23,1% menos que homens brancos em cargos de gestão
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