Com o crescimento da Transformação Digital os testes de software tem se tornado cada vez mais complexos. Uma estratégia utilizada por grandes empresas para contornar esse problema é automatizar o processo. O interesse em aplicar a Inteligência Artificial para a automação de várias atividades relacionadas à engenharia de software, incluindo em relação aos testes, tem sido crescente. É o que destaca o artigo “Machine Learning Applied to Software Testing: A Systematic Mapping Study”, realizado por pesquisadores da Universidade Federal do São Carlos (UFSCar).
Entre as conclusões da pesquisa, está a constatação de que existe uma necessidade de mais e melhores pesquisas empíricas na área. Foi assim que surgiu a ideia de junção entre academia e setor privado, em uma parceria com o objetivo de criar produtos que usassem ciência de Dados e algoritmos de Machine Learning e Inteligência Artificial para a agilidade no processo de criação e manutenção de um software.
A solução, denominada Intelligent Quality Dashboard (IQD), foi desenvolvida pela empresa brasileira Prime Control para a análise e acompanhamento da qualidade do software de forma integrada. Além dessa tecnologia, foi criado pelos especialistas o robô Scouter, que agiliza e reduz os custos de manutenção na automação de testes.
Os dois produtos surgiram de uma colaboração que une a perspectiva acadêmica com a iniciativa privada. “Nós estudamos bastante o estado da arte, que é o que a ciência sabe sobre o assunto. A empresa tem o conhecimento sobre o estado da prática, que é o que será desenvolvido no dia a dia. Pra gente, essa união é positiva, porque nos deixa antenados com o que está acontecendo fora da nossa ‘bolha’ e nos ajuda a melhorar nossas aulas. Inclusive, colocamos nossos estudantes em uma maior interação com o mercado de trabalho. Hoje, temos alunos que estão trabalhando com a Prime e já são profissionais na área”, destaca André Endo, professor da UFSCar e um dos idealizadores do projeto.
O investimento da empresa em pesquisa e inovação traz um diferencial para os clientes. “Nosso tempo dedicado para pesquisa é limitado. São muitas questões que precisam ser respondidas, como quais são as melhores práticas atuais e o que está sendo desenvolvido teoricamente. O trabalho dos acadêmicos é justamente esse. Já nosso trabalho é enxergar como conseguimos aplicar aquela teoria no dia a dia e agregar valor para nossos clientes. Toda prática vem de uma teoria”, afirma a líder de Business Agility e R&aD na Prime Control, Ana Maria Côrrea.
“Para nós, o mais interessante é que conseguimos testar o que realmente funciona. A vida no mercado é dinâmica e na academia nós temos mais tempo para elucubrar as ideias. Porém, temos o problema que é não saber o que realmente funciona na prática. Ter esse feedback do que funciona com tempo de mercado é um grande ganho para nós”, explica o professor Vinicius Humberto Durelli, que também foi parceiro da Prime durante o processo.
Sobre o IQD
“Com o home office, muita gente de várias partes do País está trabalhando nas equipes de desenvolvimento. Os líderes, em algum momento, ficam perdidos sem saber o que realmente está acontecendo na equipe. Também, os desenvolvedores geram muitos Dados. Como podemos processar e transformar essas informações em algo acessível para o líder do projeto? E aí surgiu a ideia do IQD: um dashboard com uma visão global do que está ocorrendo na equipe”, destaca o professor.
A intenção é extrair dados que são produzidos no processo de desenvolvimento e manutenção das aplicações e uni-los em um só lugar. “Essas informações estão disponíveis em ferramentas utilizadas pelas equipes, mas estão separadas por projeto ou por equipe. Se o líder quer saber como está o tempo de resolução de defeitos de todas as equipes, esse dado já será mais difícil de visualizar. O IQD permite que essas informações estejam consolidadas de uma forma prática, já que a plataforma está extraindo os dados, compilando e mantendo as informações sempre atualizadas, integradas e automatizadas”, explica a líder de Business Agility e R&D.
Com essas visões, o cliente consegue ver de forma automática, com dados históricos de seus indicadores atualizados em tempo real. O IQD também se destaca pela sua arquitetura fácil e flexível, que cria visões e filtros para qualquer tipo de informação. Além disso, a plataforma possui a possibilidade de melhorar a performance da equipe, já que dispõe de informações sobre defeitos e bugs, tempo de correção, atendimento e pós-atendimento.
“A disponibilização do IQD para os clientes é feita com muita rapidez. A partir do momento que temos acesso a base de dados, fazemos a extração e já conseguimos mostrar os indicadores com essa visão ampla. Esse processo, além de rápido, também é flexível. Nós conseguimos disponibilizar de forma adaptada para a realidade de cada cliente”, afirma Ana.
Sobre o Scouter
Em uma combinação de Inteligência Artificial com Machine Learning. O Scouter é capaz de agilizar e reduzir os custos de manutenção na automação de testes. “O diferencial deste robô é a sua independência e capacidade de aprendizagem”, afirma a líder de Business Agility e R& da Prime, Ana Maria Correa.
Entre os benefícios do Scouter, destacam-se a capacidade de melhorias contínuas na qualidade e o menor tempo para o desenvolvimento de um software. “A manutenção feita com o autonomous testing do Scouter fará com que a empresa tenha ganhos em seu negócio com o aumento da velocidade de entrega dos produtos, além de uma melhor experiência para os usuários do software”, ressalta a especialista.
Os desenvolvedores do produto afirmam que as etapas de teste, quando feitas pelo Scouter, são executadas com extrema precisão, mantendo o registro atualizado dos resultados obtidos e identificando rapidamente os defeitos. Segundo eles, isso faz com que o software seja lançado com uma confiabilidade maior. O robô também se destaca pela sua capacidade de autocura, já que a tecnologia de inteligência artificial é capaz de analisar o contexto e compreender as alterações nos códigos, sem precisar com que isso seja feito manualmente.
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