A IDC Brasil divulgou na terça-feira (8/2) as suas 10 previsões para o mercado brasileiro de tecnologia este ano. Segundo o estudo, as principais iniciativas estratégicas que direcionarão os gastos em TI serão: Aumento de Produtividade e Redução de Custos, Customer Experience (experiência do cliente), Novos Produtos e Serviço e Atração e Retenção de Talentos. “A expectativa é que o PIB da América Latina cresça 6,3% em 2022, com o Brasil puxando para baixo, crescendo 1,5%”, disse Denis Arcieri, country manager da IDC Brasil (sendo otimista, pois recentemente o FMI divulgou que o PIB brasileiro irá crescer apenas 0,3% este ano).
“Há um descolamento entre o PIB econômico e os investimentos em TI. Na pesquisa deste ano com CIOs houve um ponto importante, um recorde histórico, pois menos de 5% das empresas disseram que o investimento vai reduzir, quando normalmente a porcentagem fica entre 15% e 20%”, informou Arcieri. Sem revelar números absolutos, a IDC Brasil estima que TIC deverá crescer 8,2% este ano, TI individualmente avançará 10,6%, Telecom 4% e TI Enterprise 8,9%.
Confira a seguir as 10 previsões da IDC Brasil:
1 – Demanda maior que a oferta de componentes
Em termos globais, o mercado de semicondutores deve apresentar melhora na disponibilidade de produtos, mas o Brasil ainda sentirá algum impacto pelo atraso ou restrição de dispositivos que utilizam chips de gerações anteriores e não tiveram aportes recentes. “Estão sendo feitos muitos investimentos na fabricação de chips abaixo de 10nm (nanômetros), mas não são estes os mais demandados no Brasil. Notebooks, desktops, tablets e servidores usam, em sua maioria, componentes maiores que 40nm”, diz Reinaldo Sakis, gerente de Pesquisa e Consultoria de Consumer Devices da IDC Brasil. Por conta disso, o mercado de dispositivos terá um ano com alguns desafios e deverá apresentar crescimento modesto de 1,9% em unidades, mas grande em valor (12,6%), gerando um total de US$ 22,9 bilhões.
2 – Os ambientes híbridos, que incluem Cloud e recursos de TI tradicional, estarão em mais de 70% das empresas de médio e grande porte
A adoção da Nuvem no Brasil vem sendo impulsionada pela necessidade de maior agilidade e flexibilidade na infraestrutura de TI, e, para 2022, aproximadamente 97% das empresas que já utilizam algum modelo de Cloud indicaram que manterão ou aumentarão o volume de workloads suportados por esse tipo de ambiente.
“Ajustar as práticas de segurança de TI para abranger os ambientes de Nuvem será o principal desafio dos gestores, que buscarão ajuda nos provedores de serviços especializados. Neste cenário, o Data Center tradicional manterá sua importância para os negócios e se manterá presente em mais de 87% das empresas”, explica Luciano Ramos, gerente de Pesquisa e Consultoria de Enterprise da IDC Brasil.
Por outro lado, os gastos com IaaS (Infraestructure as a Service) na Nuvem pública alcançarão US$ 1,9 bilhão em 2022, um crescimento acima de 36% em relação ao ano anterior, enquanto a Nuvem privada manterá um ritmo de crescimento mais discreto, avançando cerca de 7,9%, com gastos de US$ 540 milhões.
3- As complexidades da segurança cibernética e as dificuldades para atração e retenção de profissionais farão com que 76% das empresas de médio e grande porte busquem serviços especializados
Assim como no ano passado, 2022 deverá ser marcado pela continuidade dos ataques cibernéticos, fazendo com que os serviços de detecção e resposta gerenciados (MDR) sigam ganhando espaço, ao mesmo tempo em que se intensifica a procura por profissionais qualificados. Das empresas consultadas pela IDC Brasil, 40% afirmaram que a falta de especialistas em suas equipes é um fator crítico, e 57% disseram que contarão com ajuda externa para gerenciar e operar ambientes com soluções modernas de cibersegurança. “Diante deste cenário, os gastos com serviços de segurança totalizarão quase US$ 1 bilhão no País em 2022, representando um crescimento médio de 10% ano a ano desde o início da pandemia, em 2020. Já as soluções de segurança superarão os US$ 860 milhões, com a proteção na nuvem recebendo grande atenção”, diz Ramos.
4- Uso de dados para impulsionar negócios colocará Analytics, IA/ML e Data Management na pauta prioritária de mais de 47% das empresas
Cada vez mais as empresas compreendem a necessidade de se ter insights acionáveis sobre seus próprios dados, especialmente com a ascensão dos canais digitais. Em 2022, a IDC estima que US$ 2,9 bilhões serão destinados a soluções e serviços relacionados a Big Data & Analytics no Brasil, um aumento de 10,8% em relação ao ano passado. Já em Inteligência Artificial e Machine Learning, a expectativa da IDC é de um crescimento de 28% no mesmo período, chegando a US$ 504 milhões.
“Mesmo havendo uma evolução clara, muitas empresas ainda carecem de uma cultura de dados estabelecida e difundida nas áreas de negócios, o que é necessário para que se possam estabelecer métricas e modelos de tomada de decisão ágeis, gerando maior competitividade. Neste contexto, o avanço do Edge Computing, estimulado pelo 5G, deve ocupar papel de destaque”, disse Ramos.
5- Implementação do 5G standalone e a jornada de ofertas e serviços aos clientes
Com a realização dos leilões de frequência, o Brasil pavimenta o caminho para a chegada em 2022 do 5G standalone, que não depende do 4G. “A definição do espectro, o formato de comercialização das licenças e a concorrência obtida nos leilões evidenciam o protagonismo do Brasil na América Latina. Em relação a América Latina, vamos largar na frente tanto nas regras do jogo quanto na conversão de receita, o que nos coloca como protagonistas na oferta de 5G na região”, explica Luciano Saboia, gerente de Pesquisa e Consultoria de Telecomunicações da IDC Brasil.
O tripé baixa latência, alta capacidade de banda (velocidade) e elevada densidade de conexões removerá barreiras, permitindo o desenvolvimento de vários elos do ecossistema de tecnologia, como devices, Cloud, vendors, operadoras, desenvolvedores de software e clientes, que darão protagonismo aos use cases. Até 2025, o 5G deve movimentar no Brasil cerca de US$ 25,5 bilhões, impulsionando a maior adoção de tecnologias, como Inteligência Artificial, Big Data & Analytics, Cloud, segurança, AR/VR, Robotics e IoT.
6- NaaS (Network as a Service) se materializa como opção para infraestrutura de rede
Com ambientes de rede cada vez maiores e mais complexos, as empresas buscarão soluções digitais mais flexíveis e que atendam suas necessidades sem comprometer seu controle apropriado. Assim, o NaaS surge como uma maneira de melhorar a gestão e a capacidade das redes das companhias sem precisar fazer grandes mudanças nas equipes. Para 67,5% das empresas brasileiras ouvidas pela IDC, a principal motivação para contratar serviços gerenciados é a necessidade de expandir a capacidade de TI para apoiar o crescimento dos negócios.
7- Device as a Service (DaaS) evoluem para maior maturidade e ofertas mais abrangentes
A oferta de dispositivos como serviço tem conquistado cada vez mais espaço no Brasil e atraído o interesse de novos fabricantes e usuários, sejam de impressoras, desktops, notebooks, tablets ou smartphones. Com melhor qualidade e quantidade, o DaaS atinge uma maturidade oriunda dos feedbacks dos personagens deste mercado e deve seguir em alta. “O aumento dos preços dos dispositivos é outro fator que impacta diretamente na maior demanda por DaaS, já que esta é uma forma das empresas diluírem seus investimentos com equipamentos em vários anos”, explica Sakis. “Somente o mercado de PCaaS (PC as a Service), que é uma parte de DaaS, deve ultrapassar os U$ 100 milhões no Brasil este ano, representando um crescimento acima de 21% em relação ao ano passado”, afirmou.
8- IoT e os desafios para conciliar necessidades de transformação digital, inovação e o pragmatismo da redução de custos
Em mercados emergentes, como o Brasil, implementações de IoT que visam reduzir custos e aumentar a eficiência operacional têm mais força frente a temas de inovação. Porém, fatores como melhorias de segurança, ganhos de receita, satisfação dos clientes e impactos ambientais são prioritários para as empresas avaliarem o sucesso e apostarem no uso da tecnologia. Em 2022, a IDC projeta esse mercado em US$ 1,6 bilhão, composto por soluções e serviços relacionados a IoT no Brasil, o que representa um crescimento de 17,6% em relação ao ano anterior.
9- Maior participação das áreas de negócio leva provedores de serviços de TI a repensarem seu posicionamento. Mais de 61% das empresas querem uma abordagem consultiva especializada
A mudança do mindset dos CIOs e maior proximidade com as linhas de negócios – que precisam atuar mais forte e mais rapidamente em novos produtos, serviços e experiências – fazem com que os provedores de serviços de TI retomem espaço nos orçamentos das organizações e sejam reconhecidos pelo valor que podem agregar à operação e a novas iniciativas. Como consequência, a IDC prevê uma aceleração da retomada dos serviços de TI em 6,7%, ultrapassando os R$ 44 bilhões em 2022.
“Enquanto as empresas buscam parceiros que agreguem conhecimento, agilidade e experiência às suas operações, os provedores de serviços de TI estão cada vez mais consultivos e capazes de conectar seus conhecimentos técnicos às necessidades dos negócios de seus clientes. O reflexo disso pode ser visto, por exemplo, em um crescimento de 7,6% da oferta de serviços gerenciados, que deve representar 47% do mercado de serviços de TI este ano”, diz Ramos.
10- Interesse por dispositivos vestíveis (wearable) segue em alta e produtos podem ganhar espaço no B2B
O mercado de wearables tem apresentado lançamentos constantes, que buscam antecipar tendências e se adaptar às necessidades dos usuários, inclusive em relação à quantidade e qualidade dos sensores embarcados nestes produtos. Para 2022, a IDC Brasil projeta que o setor seguirá aquecido, com aumentos de 15,8% em unidades vendidas e 17% em valor na comparação com 2021. “Mesmo pressionado pela falta de componentes, notamos que o mercado de smartwatches – que ainda é o maior foco dos fabricantes – também apresenta oportunidades de crescimento, inclusive no segmento corporativo. Algumas marcas já estão trabalhando e lançando parcerias na área de seguros de vida e de saúde, por exemplo”, explica Sakis.
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