O mercado tem dado mais atenção às características comportamentais dos líderes e executivos do que ao conhecimento técnico puro.
A importância do acrônimo CHA – Comportamento, Habilidades e Atitudes, que se tornou conhecido no início dos anos 2000, nunca ficou tão evidente como agora com a popularização da inteligência artificial e outras tecnologias disruptivas no ambiente corporativo.
Confesso que não fui pego de surpresa. Num mundo cada vez mais dinâmico e em constante transformação, o conhecimento técnico realmente envelhece rápido e já não sabemos se vale a pena focar em determinadas áreas que já estão dominadas pela robotização.
Claro que não estou querendo dizer que não precisamos mais de habilidades acadêmicas, mas precisamos escolher muito bem o que devemos nos aprofundar. E, no paralelo, estarmos mais atentos a outros diferenciais, como os comportamentais, chamados de softskills.
Recentemente, num dos principais eventos de inovação do mundo, o SXSW, que aconteceu na cidade de Austin (Texas, EUA) durante o mês de março, Ian Beacraft, um dos futuristas mais badalados do encontro, afirmou que a IA já está remodelando o perfil do profissional do futuro, com espaço aberto para o que ele chama de “generalistas criativos”.
Entre as habilidades mais valorizadas em um ambiente corporativo cada vez mais diversificado e complexo, estão: a capacidade de se comunicar de forma eficaz, trabalhar em equipe, resolver conflitos, liderar com empatia, apresentar flexibilidade e adaptar-se a mudanças. Essas “soft skills” não são apenas complementares às competências técnicas, mas sim a base para um desempenho diferenciado.
Estamos vivendo um daqueles momentos históricos quando muito daquilo que acreditamos ser importante e fundamental já não é mais. Tudo está mudando a todo momento, inclusive, a cultura corporativa. Nesse ambiente, ganha protagonismo quem consegue lidar com a incerteza, tem coragem para tomar decisões, lidera equipes, não tem medo de errar, bem como encara a resolução de problemas novos de forma criativa.
Como líder empresarial há mais de 40 anos sempre busquei me cercar de profissionais competentes e que também contam com essas características mais acentuadas. No final do dia, o comprometimento com o negócio, o brilho nos olhos e a paixão por resultados é o que diferencia um profissional do outro.
Em um mundo onde a tecnologia avança a passos largos, são essas as características e atitudes que nos tornam humanos e nos diferenciam no mercado de trabalho.
Essa semana me lembrei de um dos fundadores da Internet no Brasil, o empresário Aleksandar Mandic. Em seus cartões de visita – muito utilizados naquela época – ele fazia questão de utilizar a palavra “dono” para descrever seu cargo na empresa.
Ele dizia que nada dava mais confiança a seus clientes do que saber que ele, como dono do negócio, era o principal interessado em fazer com que tudo saísse da melhor forma possível para o cliente.
Pensando bem, ele realmente tinha razão. A atitude de “dono” faz toda a diferença. Um profissional que se sente dono do projeto, do negócio ou da área em que comanda dentro da empresa transpira confiança e inspira os demais. A tecnologia certamente o suportará.
Estou cada vez mais convencido de que nada substitui a emoção e o talento. Como dizem por aí, ninguém será substituído por um robô, mas sim por outra pessoa capaz de utilizar essa tecnologia como apoio para suas estratégias e decisões.
Por Vittorio Danesi ,CEO da Simpress, empresa de outsourcing de infraestrutura de TI
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