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Inteligência Artificial, saúde, clima e futuro corporativo

Independentemente dos relatórios de pesquisa que você leia e de como diferentes analistas antecipam o que a IA oferecerá, todos concordam que as oportunidades relacionadas a esta tecnologia crescerão substancialmente nos próximos anos. E 89% dos líderes de TI já estão utilizando ou planejando utilizar soluções de IA e Machine Learning, de acordo com pesquisa recente que conduzimos em 21 países, incluindo o Brasil. Antes domínio de laboratórios governamentais e gigantes globais da Nuvem, hoje a IA, aliada à supercomputação, já transforma a maneira como vivemos e trabalhamos, permitindo que as empresas inovem, melhorem a eficiência operacional e tomem decisões mais informadas. Estão sendo descobertos recursos que fornecem níveis de desempenho sem precedentes e em escala da borda à Nuvem.

Na indústria, a IA automatiza tarefas, melhora a qualidade dos produtos e serviços, assim como reduz os custos. No varejo, personaliza a experiência do cliente, prevê tendências e otimiza as operações. Na segurança, detecta ameaças cibernéticas, previne fraudes e protege Dados. Na saúde, a IA está sendo usada para desenvolver novos tratamentos médicos, melhorar o diagnóstico e personalizar a atenção ao paciente. Dessa forma, milhares de horas, milhões de dólares e inúmeras vidas podem ser poupadas.

O maior exemplo disso foi a pandemia de covid-19 em 2020, quando os cientistas recorreram aos supercomputadores para acelerar pesquisas usando IA para combater o novo vírus – eles conseguiram executar 1,2 milhão de experimentos por dia. E já estão disponíveis no mercado os LLMs, ou Grandes Modelos de Linguagem, executados em supercomputadores em nuvens públicas de IA que são alimentados majoritariamente por energia renovável. No futuro, esses supercomputadores incluirão suporte para saúde e ciências da vida, além de serviços financeiros, manufatura, transporte e modelagem climática. Tudo é consumido como serviço de Nuvem sob demanda por qualquer empresa, que pode acessar modelos de linguagem em grande escala pré- construídos para treinar e ajustar seus próprios Dados e personalizá-los para seu caso de uso empresarial ou de pesquisa.

O clima é outro ponto de destaque dentro do universo da IA, mas enquanto buscamos soluções, temos que tomar cuidado para não fazer parte do problema. Ou seja, precisamos abordar o consumo de energia da IA em todos os níveis. A quantidade de energia necessária para usar a IA é enorme e continuará a crescer, por isso é necessário utilizar Data Center e co-location que utilizam fontes de energia renováveis. Tais como hidrogênio verde ou energia solar e eólica, assim como resfriamento líquido que permite a reutilização da água quente gerada, o que diminui a pegada de carbono. E os supercomputadores nos quais a IA é executada precisam ter, é claro, alta eficiência energética.

Sempre que falamos dessas possibilidades, estamos falando de IA e supercomputação, pois ambientes de Nuvem tradicionais não são otimizados para IA nem utilizam todos os nós de computação para uma carga de trabalho – o que é necessário para IA Generativa, por exemplo. Os supercomputadores são projetados especificamente para problemas intensivos em computação e Dados, e além disso, oferecem uma arquitetura nativa de IA que utiliza a capacidade total de computação. Mas manter o desenvolvimento da IA em um caminho positivo demanda atenção a questões que vão além da supercomputação, da saúde e do clima.

Sabendo que a IA veio para ficar e que empresas do mundo todo já estão adotando ou planejando adotar a tecnologia, é preciso que todas as partes se comprometam em treinar, ajustar e implementar modelos de IA, inclusive em escala, de forma responsável. As empresas devem formar conselhos internos consultivos de ética de IA para ajudar a orientar o desenvolvimento, uso e implementação da tecnologia.

Alguns princípios que uma IA responsável podem seguir incluem respeitar a privacidade individual, ser segura e minimizar o risco de erros, uso indevido intencional ou malicioso; respeitar os direitos humanos e ser projetada com mecanismos de proteção, como a supervisão humana para prevenir o uso indevido.

Também precisa ser inclusiva, minimizar o viés inconsciente, garantir tratamento e acesso justo e igualitário para os indivíduos; ser projetada para permitir o uso responsável e responsabilizável; ser robusta para incorporar testes de qualidade, incluir medidas para manter a funcionalidade e minimizar o uso indevido e o impacto de falhas.

Sem lei ou regulação, que vão levar tempo para serem aprovadas e poderão variar de um lugar para outro, cada empresa decidirá quais princípios seguir de acordo com os seus próprios valores. Mas colocar a Declaração Universal dos Direitos Humanos em primeiro lugar pode ser um ponto de partida para uma estrutura de governança adequada para empresas de capital aberto, indústrias regulamentadas e multinacionais. Essas organizações buscam melhores produtos de IA Generativa que atendam a altos níveis de escrutínio, segurança, privacidade, transparência, procedência, proteção de IP e rastreabilidade.

A Inteligência Artificial é uma tecnologia poderosa e transformadora que tem o potencial de resolver alguns dos maiores e mais urgentes desafios da sociedade. No entanto, o “artificial” no termo também apresenta riscos e possíveis impactos adversos, pois retira parte do elemento humano da equação. O mais importante, no momento, talvez seja ver as coisas como elas são: ferramentas de IA podem ser de grande ajuda, mas são um mecanismo de recomendação, não substituem um ser humano pensante.

Por Ricardo Emmerich, diretor Geral da Hewlett Packard Enterprise Brasil.

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