book_icon

Especialista aponta desaceleração da IA, por processo do New York Times contra ChatGPT

Jornal processou OpenAI e Microsoft por uso de “milhões de artigos protegidos por direitos autorais”. Uma ação na Justiça pode provocar mudanças profundas no setor da Inteligência Artificial

Especialista aponta desaceleração da IA, por processo do New York Times contra ChatGPT

O jornal The New York Times moveu um processo contra a OpenAI, criadora do ChatGPT, e a Microsoft, que tem 49% de participação acionária da OpenAI e criou o Bing Chat.

O Times alega que as duas empresas “usaram milhões de seus artigos, protegidos por direitos autorais, para construir suas tecnologias que, agora, se tornaram extremamente lucrativas e passaram a competir diretamente com seus próprios serviços”, escreveram os advogados do jornal.

Caso a publicação saia vencedora da disputa, as ferramentas de IA passarão por transformações importantes, já que o conteúdo ali reproduzido terá que ser devidamente autorizado pelos criadores do mesmo, além de, não está descartado, um pagamento pelo uso do material, o que pode inviabilizar algumas plataformas.

É uma tentativa de definir os limites legais em uma área onde a legislação existente pode não ter acompanhado o ritmo da inovação tecnológica 

“Se as empresas de IA começarem a perder litígios significativos, isso poderia potencialmente desacelerar o progresso na área, especialmente se resultar em restrições mais rígidas sobre os dados disponíveis para treinar modelos de IA. As organizações jornalísticas, porém, têm o direito de proteger seu conteúdo”, analisa Alexander Coelho, sócio do escritório Godke Advogados, especializado em Direito Digital e Proteção de Dados.

A OpenAI afirmou que respeita os direitos de criadores de conteúdo e que está comprometida a trabalhar com eles “para se assegurar que se beneficiem da tecnologia de IA e dos novos modelos de receita”. Disse também que as conversações com o jornal têm sido produtivas e que se surpreendeu com o processo.

“A lei não permite esse tipo de violação sistemática e competitiva que as rés vêm cometendo. Esta ação tem o objetivo de responsabilizá-las pelos bilhões de dólares em danos reais e legais que elas devem, por copiar e usar ilegalmente o trabalho unicamente valioso do NY times”, diz a petição do Times.

“A ação judicial do Times pode ser vista como um passo importante na busca por clareza nas interações entre direitos autorais e tecnologias emergentes. É uma tentativa de definir os limites legais em uma área onde a legislação existente pode não ter acompanhado o ritmo da inovação tecnológica. A ação também destaca a necessidade de equilibrar a inovação com os direitos dos criadores de conteúdo”, avalia Coelho.

O jurista diz que as batalhas nos tribunais tendem a ficar mais frequentes daqui para frente após a ação do Times. “À medida que a IA se torna mais integrada em diversos setores, é provável que surjam mais questões sobre propriedade intelectual, uso justo e privacidade. Os resultados desses casos ajudarão a moldar o futuro do desenvolvimento e uso da IA”, fala Alexander Coelho.

Uma das formas das organizações jornalísticas se protegerem é usar bloqueadores de conteúdo. A medida também serviria para monetizar a produção das empresas de comunicação.

“É importante notar que o desenvolvimento da IA não depende apenas da quantidade de Dados disponíveis, mas também da qualidade e da forma como esses Dados são utilizados. O diálogo contínuo e a colaboração entre as empresas de tecnologia, criadores de conteúdo e legisladores são essenciais para criar um ecossistema equilibrado que promova a inovação responsável e proteja os direitos de propriedade intelectual”, explica o advogado.

As opiniões dos artigos/colunistas aqui publicados refletem exclusivamente a posição de seu autor, não caracterizando endosso, recomendação ou favorecimento por parte da Infor Channel ou qualquer outros envolvidos na publicação. Todos os direitos reservados. É proibida qualquer forma de reutilização, distribuição, reprodução ou publicação parcial ou total deste conteúdo sem prévia autorização da Infor Channel.