Em 2023, pela primeira vez na história, mulheres CEOs lideram cerca de 10% das empresas da Fortune 500, lista das maiores companhias dos EUA por receita. Esse é, sem dúvida, um marco importante. Mas também ressalta a necessidade de mais mulheres em todos os níveis de liderança.
Não se trata apenas de representatividade, mas de negócios. As organizações com pelo menos 30% de mulheres em cargos de liderança têm 12 vezes mais chance de estar entre as 20% melhores em desempenho financeiro, segundo relatório TheReady-Now Leaders da Ong Conference Board.
Mas o que exatamente se destaca na liderança feminina?
É necessário refletirmos sobre quais são os estereótipos da liderança masculina e feminina. Ao longo dos séculos foram atribuídas diferentes características a homens e mulheres, e disseminadas na sociedade e no mundo corporativo. O modelo mental que temos de um líder masculino é enérgico, autêntico e assertivo, enquanto a líder mulher é emotiva, amável, compassiva e benevolente.
É seguro dizer que evoluímos essa mentalidade. As mulheres têm demonstrado cada vez mais que a liderança pode ser definida de forma mais ampla e diversificada. A chave para uma liderança bem-sucedida, portanto, é a autenticidade, o que implica reconhecer e abraçar atributos pessoais únicos.
Mulheres líderes têm poderes especiais?
As mulheres são falsamente reconhecidas por sua inteligência emocional, enquanto, na verdade, o QE de mulheres e homens é igual. O que difere as mulheres é que elas usam a empatia com mais frequência. Essa acuidade emocional permite que as líderes impulsionem uma comunicação mais aberta e estimulem a compreensão mútua dentro de uma equipe.
A abordagem empática à liderança incentiva as pessoas a darem o melhor de si, porque se sentem ouvidas, compreendidas, reconhecidas, valorizadas e participantes das decisões. Ao invés de se concentrarem apenas na tarefa em questão, as mulheres tendem a valorizar o processo e as contribuições de cada pessoa. Esse foco na colaboração aumenta a sinergia da equipe e impulsiona o sucesso coletivo.
As mulheres também se mostram mais resilientes que os homens, como comprovou um levantamento feito por pesquisadores da Universidade do Sul da Dinamarca e da Universidade Duke. Ao reunir dados dos últimos 300 anos e analisar 7 episódios históricos que tiveram forte impacto sobre a expectativa de vida da população, o estudo constatou que apesar de as crises reduzirem a vantagem de sobrevivência feminina, o número de sobreviventes mulheres foi muito maior que o de homens, sugerindo que a vantagem feminina tem raízes biológicas e é influenciada por recursos comportamentais. No atual ambiente de negócios volátil é irrefutável o valor da resiliência para enfrentar as incertezas e superar os contratempos.
As mulheres se dedicam a construir conexões, oferecer mentoria, oportunizar desenvolvimento para outras pessoas e demonstrar preocupação com a comunidade. Como líderes, as mulheres tendem a empoderar suas equipes, promovendo uma cultura de crescimento e aprendizado, que pode aumentar o engajamento e a lealdade das pessoas. No ambiente de negócios, isso funciona como uma superpotência.
Mulheres líderes inspiram outras mulheres
Quando as lideranças femininas ganham destaque, elas apontam oportunidades iguais de crescimento e progressão na carreira, demonstrando que a organização está comprometida em promover a igualdade de gênero e oferecer oportunidades justas para todas as pessoas.
A ideia de que mulheres rivalizam umas com as outras está caindo por terra. As mulheres estão, sim, dispostas a se conectar e ajudar outras mulheres a se desenvolverem, inspirando uma nova geração de mulheres líderes que estão prontas para impactar positivamente suas organizações e a sociedade.
É sempre válido lembrar que liderança é uma escolha, um conjunto de comportamentos que podem ser adotados, porque liderança é um processo de desenvolvimento e evolução, que reflete o momento de carreira e de vida de cada pessoa.
Por Patrícia Ajeje, CEO da Chem-Trend Hemisfério Norte e membra do Comitê Executivo Global da Chem-Trend, empresa do Grupo Freudenberg.
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