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Livro dá dicas de como explorar o potencial do ChatGPT

Conversando com robôs – A Arte de GPTear traz as experiências de Rodrigo Murta, CEO da Looqbox, com a IA generativa e mostra como tirar proveito da tecnologia no dia a dia

Livro dá dicas de como explorar o potencial do ChatGPT

Desde que foi apresentado no ano passado, o ChatGPT, da OpenAI, vem causando uma revolução na área de tecnologia. Todo dia tem alguma empresa anunciando a integração de sua solução à Inteligência Artificial generativa. As pessoas também estão curiosas em saber como essa tecnologia irá impactar no seu cotidiano. Rodrigo Murta, CEO da Looqbox, empresa de BI que usa IA, lançou recentemente o livro Conversando com robôs – A Arte de GPTear. Nesta entrevista, ele conta suas experiências com a tecnologia e dá dicas de como aproveitá-la.

Como surgiu a ideia de escrever um livro sobre Inteligência Artificia?

A Looqbox tem como proposta democratizar a cultura de dados nas empresas. Sou físico de formação, acabei indo para a parte de tecnologia, gosto muito de programação. Nesta área que a gente trabalha usamos a Linguagem Natural, um ramo da Inteligência Artificial, que é quando a gente interage com o computador. No ano passado, quando veio o ChatGPT, foi um momento especial. Estou há quase dez anos trabalhando com Linguagem Natural, a gente tinha de explicar o que era, e agora não, isso caiu no gosto popular, todos querem entender o que é isso, quais são as possibilidades. No livro menciono o Carl Sagan, do qual sou fã, que falava que estava em um momento especial na década de 70 porque ele era um astrônomo e ele era um dos primeiros a receber as primeiras imagens de Marte em alta resolução. Brinco no livro que estou há dez anos trabalhando com Linguagem Natural, acreditando nisso, mas ainda não havia acontecido nenhum grande movimento. Agora, com o Chat GPT e LLM, me senti na obrigação de contar em um livro o que era isso tudo, como as pessoas podem tirar proveito disso. Vejo muita gente fazendo um pequeno teste, entende como funciona e acha que para ela não acrescenta. Tem muita coisa legal e dou algumas dicas de como interagir. O livro é voltado para qualquer público.

Quais dicas o livro dá sobre o ChatGPT para pessoas leigas em tecnologia?

A primeira dica é não ter medo de errar e ir além da primeira pergunta. O exemplo que trago no livro, que foi que me impactou muito, foi que um amigo meu teve um filho e resolvi fazer um teste. Disse para o ChatGPT para dar parabéns ao Arthur, pois o seu filho nasceu hoje. Ele escreveu assim: “Parabéns Arthur pelo nascimento do seu filho”. Essa mensagem não precisava do GPT para ser gerado. Eu continuei: “é meu melhor amigo, seja mais carinhoso”. Ele começou a melhorar a mensagem. Dei algumas informações pessoais, disse que era um cientista e pedi um toque de humor usando ciência. Fiquei impactado com o resultado final. “Arthur, parabéns pelo seu filho, sabemos que uma nova criança vai aumentar em até 400% as chances de você não dormir direito pelos próximos 18 anos, em compensação, aumenta em 1.000% as chances de você ter amor incondicional na sua vida. Curta esse momento!” Depois disso, decidi divulgar isso para as pessoas.

Como as pessoas podem usar o ChatGPT no dia a dia?

No início do livro dou uma dica: se ele começar a falar em inglês é só dizer fale em português. No livro dou um exemplo de uma estrofe de uma marchinha de carnaval que criei. Dei para o GPT e disse para fazer a marchinha inteira. E ele fez. Isso são coisas que impactam. Outro exemplo do dia a dia é, às vezes, que recebo e-mails em inglês. Não tenha a mesma destreza em inglês do que em português. Eu falo para o GPT em português: “responda o e-mail dizendo que tenho interesse em participar do evento, mas queria saber mais detalhes”. Copio o texto gerado pelo GPT ao e-mail e envio. Ganhei em produtividade e meu inglês agora é muito melhor.

O livro aborda os benefícios e os riscos da IA generativa?

Para ficar uma leitura mais acessível, dividi o livro em 16 conversas. Cada conversa é um tópico, tem desde conversas turísticas, do dia a dia, comunicação, conversas criativas e até mecânica quântica. Em cada tópico exploro pontos positivos e negativos. Um dos efeitos da IA textual, que pode ser texto ou imagem, é chamado Alucinado, é um termo técnico em que talvez ele invente coisas naquela parte. Para corrigir meu texto em inglês está perfeito, mas não posso pegar a IA para fazer a prescrição de um remédio, posso matar alguém. Digo várias vezes no livro que nada substitui o senso crítico, confirmar as informações é importante para uma tomada de decisão.

É possível pedir para o ChatGPT conferir informações com várias fontes confiáveis?

Hoje isso não é possível, pois quando se treina essa rede neural, que é a tecnologia do ChatGPT, ele é congelado em um tempo. É como treinar um cérebro até determinado tempo e depois ele ficar congelado. Se faço uma pergunta, ele usa a base de informações que tem lá e não aprende com informações novas. Essa é uma das limitações do GPT. Existem sete itens que definem a inteligência e o GPT tem cinco. Dos dois que não tem, um deles é o aprendizado de curto prazo.

Como vem sendo o uso da IA generativa nas empresas?

Todos estão explorando as possibilidades de uso da IA generativa nas empresas. Vejo usos mais simples do dia a dia, como a tradução de e-mails e corrigir um post na rede social, até coisas mais complexas, como desenvolvimento de tecnologia, um programador é no mínimo 50% mais eficiente usando ChatGPT. O Google Bart não está disponível no Brasil, ainda não testei, até seria possível por meio de uma VPN, mas é trabalhoso, a AWS tem o Bedrock para uso corporativo, acredito que a Apple vá fazer algo parecido para o usuário final, não deve ficar para trás – hoje o Siri parece coisa de criança comparado com o GPT. Tem uma corrida tecnológica grande para ver quem vai tirar maior proveito da IA generativa.

Qual o impacto dessa tecnologia na sociedade?

Um artigo escrito pelo Bill Gates no início do ano fala em três pilares onde essa tecnologia terá maior impacto. Um é em produtividade pessoal, que poderá, por exemplo, avisar que o filme que quero ver está passando em um cinema próximo de casa e, após minha confirmação, comprar as entradas. Outro impacto forte é na parte jurídica, mas ainda na esfera pessoal. Se meu voo atrasou, não vou me dar ao trabalho de tentar recuperar o prejuízo com a companhia aérea, pois tem muita burocracia. Se tiver um assistente virtual que faça isso, será uma briga entre a IA da empresa e do consumidor. Pensando em questões mais globais, saúde tem um potencial incrível, pois um diagnóstico que hoje é difícil de ser dado a alguém que mora no interior do Pará, será mais acessível por meio da IA e outras tecnologias. Outro impacto grande será na educação. Sabendo aproveitar isso, a educação irá para um próximo patamar. Nos primórdios da educação, só era educado quem tinha a oportunidade de ter um tutor que pudesse ensinar, era uma educação personalizada. Depois se viu a necessidade de ter uma educação mais massificada, com uma grade de conhecimentos padrão para todos. Com a IA generativa é possível ter os dois modelos, posso em massa dar uma educação personalizada.

Serviço
www.looqbox.com

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