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Para o varejo, o ano começa com a NRF nos Estados Unidos e emenda com a Autocom no Brasil

Segundo Paulo Guimarães, presidente da Afrac, o que se viu no evento deste ano foi a consolidação da IA  e da arquitetura Android-Nuvem nas principais soluções apresentadas

Para o varejo, o ano começa com a NRF nos Estados Unidos e emenda com a Autocom no Brasil

A NRF 2023 ocorreu de 15 a 17 de janeiro em Nova York, Estados Unidos. É o maior evento de varejo do mercado e atrai a atenção de varejistas e fabricantes de tecnologia do mundo todo. Uma comitiva da Afrac – Associação Brasileira de Tecnologia para o Comércio e Serviços esteve presente ao evento. Paulo Eduardo Guimarães (Peguim), presidente da entidade, conta nesta entrevista suas percepções sobre a NRF, o planejamento para a Autocom no fim de março e os planos da entidade para 2023, ano que ele considera um divisor de águas para a Afrac.

Como foi a visita à NRF 2023 este ano?

Fomos em uma comitiva da Afrac com patrocínio da Itaú Rede com pouco mais de 50 pessoas. A NRF vinha em uma crescente de público até 2020, foi um evento bombástico de público nesse ano. Depois veio a pandemia e não teve evento. Em 2022 retornou com interesse, mas menos público. Este ano o evento retornou o seu público habitual. Este evento, para vários lugares no mundo, inclusive para o Brasil, é marcado como primeiro do ano, as pessoas estão com a agenda mais flexível e se consegue encontrar as pessoas com mais facilidade e fazer networking. É importante para saber das novidades, o que está entrando este ano em termos de novas tecnologias globais. No fim de março temos a Autocom no Brasil, que mostra o que dessas tendências estão se materializando no País.

Quais foram os destaques tecnológicos este ano na NRF?

Eu acompanho a NRF há muitos anos e vejo que há um ciclo: em um ano surgem algumas tecnologias emergentes e todo mundo fala delas. Nos dois anos seguintes, essas tecnologias atingem um certo grau de maturidade e vão sendo incluídas nas soluções de mercado. Este ano foi mais de inclusão de tecnologia existentes do que do surgimento de novas tecnologias disruptivas. Assim, a Inteligência Artificial, por exemplo, foi definitivamente incorporada às soluções de logística – previsão de demanda, tempos entre pedidos, previsão futura de demanda, chegando até à logística da loja, com preenchimento de gôndola, tamanhos das prateleiras, disposição das mercadorias etc. Isso tudo feito com IA, que já existia, mas agora está se popularizando.

Quais outras tendências?

Outra tendência de tecnologia que já existia são as soluções em Nuvem, que agora se popularizaram – em uma grande Nuvem, o cliente consome serviços por meio de apps, o vendedor em um tablet faz venda assistida, o caixa também usa essa Nuvem finalizando a venda e atualizando o inventário, e o gerente confere o desempenho da loja pela mesma Nuvem. Essa arquitetura começou a prevalecer com diversas características técnicas e econômicas mais vantajosas. Um terceiro ponto que agora virou padrão é o uso de PDVs com sistema Android. Essa arquitetura ficou muito poderosa – PDV com Android e serviços na Nuvem. Essa solução dispensa grandes investimentos em segurança, por exemplo, já que grande parte da proteção está no Data Center do provedor da Nuvem, que usa as ferramentas adequadas. Essa dupla Android e Nuvem acabou virando padrão neste mercado.

Com a inflação e ameaça de recessão, os consumidores hoje buscam produtos mais baratos. Como a tecnologia ajuda a reduzir os preços nas gôndolas?

Isso está embutido nesta arquitetura que que mencionei, que permite essa agilidade em adequar preços de acordo com o momento, de forma mais rápida conforme a demanda dos consumidores – se escolhe um cluster de lojas e mercadorias e com alguns cliques se ajusta os preços, se faz uma promoção etc. Na arquitetura anterior, com Windows, isso levaria muitas horas. O consumidor, em momentos de alta da inflação, tende a consumir menos, pois tem outras contas a pagar. A tecnologia e a própria IA pode ajudar na escolha do mix de produtos para atender os seus clientes. As análises são feitas de acordo com a demanda e o varejista pode optar por um produto similar com tíquete mais baixo.

A Transformação Digital no varejo é diferente em comparação a outras verticais?

Sim, é diferente, pois o varejo faz a última interface com o cliente final, somos B2C. Por isso, precisamos responder imediatamente ao nervosismo do consumidor. A indústria, quando vai adotar um sistema novo, ele pensa nos processos logísticos, nos processos de contas a pagar/receber, investimentos etc. Ele faz esse planejamento de acordo com o que atende melhor o seu negócio. No varejo, se o cliente compra online, o varejista precisa estar online, senão o consumidor compra de outro. O varejo responde rapidamente à demanda do consumidor. Antes, o consumidor ia à loja e aprendia sobre o produto com o vendedor, hoje ele pega as informações na Internet. Além disso, há vários perfis de consumidor, desde o avô até o neto, cada um com uma demanda e uma expectativa diferente. O varejo é puxado pela inovação de uma forma muito rápida. Quem não consegue responder com essa velocidade fica para trás.

Como está o planejamento da Autocom este ano?

A Autocom acontecerá de 28 a 30 de março no Expo Center Norte. O Congresso Autocom terá curadoria da Gouvêa de Souza, uma consultoria especializada em consumo e varejo. Iremos contar com uma expertise que nunca tivemos antes. Adicionado a isso, temos parceiros que estão buscando trazer participações internacionais. Ainda não está fechado, mas há a possibilidade de termos até o presidente da Federação Internacional do Varejo participando do nosso congresso.

O que a Afrac está planejando para este ano?

Estamos entrando em um ano que será um divisor de águas para a entidade. Tem um projeto muito importante para o País, que é o Projeto de Lei 178/2021, no qual estamos nos empenhando, que visa simplificar as rotinas tributárias. Não muda alíquotas, mas faz uma revisão de processos e usa a tecnologia de forma inteligente para simplificar a forma como se paga o imposto. Esse projeto agora vai para o Senado e acreditamos que tem boa chance de aprovação. Depois, a Afrac está celebrando um acordo de cooperação técnica com o Sebrae, que é muito capilarizado no País inteiro e com isso vamos conseguir levar coisas importantes, rapidamente e de forma estruturada para a pequena e média empresa, especialmente as de tecnologia e varejistas. A Afrac fez também um movimento de estar junta com as grandes entidades do setor do Comércio e Serviço. Nos unimos à Unecs – União Nacional das Entidades  do Comércio e Serviços, nos tornamos uma parte atuante para promover informações para a Frente Parlamentar do Comércio e Serviço. Estamos fazendo um trabalho forte, pois entendemos que todas essas grandes entidades ajudam a consumir e popularizar a tecnologia.

Alguma novidade em relação ao Censo das Revendas feito em conjunto com a Abradisti – Associação Brasileira da Distribuição de Tecnologia da Informação?

Sim, este ano poderemos ter uma grande novidade: estamos avaliando divulgar um censo das software houses. Fizemos um estudo preliminar no ano passado, que trouxe informações muito ricas. Fizemos internamente, entre os associados, mas achamos que ainda não era o momento de divulgar ao mercado, mas será feito novamente este ano. Este censo tem servido internamente para entender quem está aderindo a qual tecnologia e coisas similares. Estamos consultando os associados para ver se eles concordam com a divulgação.
Serviço
www.afrac.com.br
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