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Provedores de Internet devem agregar novos serviços para se manterem competitivos

A 5ª Convenção Abranet, realizada esta semana na Bahia, discutiu como os ISPs podem diversificar os serviços para agregar valor e obter maior rentabilidade, além das tendências tecnológicas

Provedores de Internet devem agregar novos serviços para se manterem competitivos

A Internet no Brasil teve uma evolução significativa, especialmente após a pandemia da Covid-19. Passado o boom de crescimento, a tendência é de acomodação do mercado e os provedores de Internet precisam ficar atentos a alguns aspectos se quiserem manter seus negócios sustentáveis. No caso: diversificar os serviços para agregar valor e obter maior rentabilidade; adotar o IPv6; participar de algum PTT ou IX; aproveitar as oportunidades abertas pelo Wi-Fi E6; e garantir boas práticas de segurança.

Essas foram, em linha gerais, as principais conclusões das discussões da 5ª Convenção Abranet, realizada nos dias 21 e 22/11, em Trancoso (BA). A abertura do evento foi focada nos desafios do setor com uma palestra de Milton Kaoru Kashiwakura, diretor de Projetos do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.b), e com um painel composto por ele, Demi Getschko, diretor-presidente do NIC.br; Eduardo Neger e Eduardo Parajo, presidente e vice-presidente da Associação Brasileira de Internet (Abranet), respectivamente.

O fato de haver muitos provedores e pontos de troca de tráfego impedem que uma falha pontual se transforme numa pane geral

Os dados apresentados por Kashiwakura mostram que embora a Internet no País tenha crescido muito entre 2017 e 2020, com 82% dos domicílios atendidos, das quase 12.826 empresas existentes pouco mais de 3 mil entregam IPv6. “Os grandes provedores têm um percentual grande da rede implantada em PV6, mas as médias e pequenas deixam a desejar. Isso, no futuro, em termos de competividade, vai fazer diferença. Não há mais IPv4 e para uma rede crescer é preciso investir em IPv6”, alertou ele.

Para Kashiwakura, outro gargalo é a questão da segurança. Em 2020, 1.793 empresas relataram ter sofrido ataques de negação de serviços, sendo que, desse total, 35% tiveram seus serviços paralisados e 51% enfrentaram lentidão. Investir em segurança, seguindo boas práticas, garante que, mesmo com os avanços das tecnologias, a rede esteja protegida.

Panorama

A presença dos ISPs em algum PTT ou IX também precisa ser otimizada. Hoje são apenas 2.442 empresas, sendo que a menor participação se refere aos provedores de médio e pequeno porte e das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Já em relação à qualidade da rede, a menor perda de pacote, em 2020, foi no Sul e Sudeste (abaixo de 2%); a pior no Norte do País.

Dos pontos que merecem a atenção do setor, um deles é a questão da neutralidade. Para Neger, é preciso evitar que a arquitetura de rede do 5G seja usada para fatiar a rede (Network Slicing) e com isso gerar tratamento diferenciado para determinados segmentos. “As operadoras móveis alegam que essa diferenciação é necessária para aplicações de missão crítica, como veículos autônomos e telemedicina, por exemplo. Ocorre que uma priorização de tráfego dirigida a determinadas empresas e aplicações, pode, no limite, criar assimetrias e privilégios, ferindo assim o princípio da neutralidade de rede consagrado no Marco Civil da Internet”, disse.

Outro ponto é a certificação dos equipamentos de rede, de CPEs a dispositivos IoT. É desafiador para a Anatel se envolver com questões de segurança cibernética que vão além da camada de infraestrutura de telecomunicações. Novos modelos devem ser debatidos.

A despeito desses desafios, a Internet brasileira é considerada hoje a mais robusta do mundo, o que se deve à sua descentralização. “O fato de haver muitos provedores e pontos de troca de tráfego impedem que uma falha pontual se transforme numa pane geral”, destacou Getschko.

Oportunidades inexploradas

Neger chamou a atenção para o fato de que poucos provedores estarem aproveitando a faixa de frequência 5.925-7.125 MHz para a transmissão de sinal Wi-Fi 6E. De uso livre, sem necessidade de licença ou leilão, essa faixa possibilita alcançar um desempenho de velocidade e latência semelhante ou até melhor que o 5G. “Foi uma disputa acirrada para conseguir essa alocação de frequências para o Wi-Fi e caso ela não seja usada maciçamente há o risco de parte da faixa ser destinada para usos licenciados onerosos”, disse. Hoje, essa frequência é de uso exclusivo em ambientes indoor. “A Abranet está fazendo um esforço para ampliar essa permissão para ambientes outdoor”, acrescentou Parajo.

Na avaliação de Parajo, um dos maiores riscos que os provedores se expõem está na briga de preço na ponta do serviço. “Nossos valores estão entre os mais baratos, mais que Europa, e isso é ruim”, disse. “Essa briga de preço na ponta vai afetar todo o mundo. Precisamos pensar em funcionalidades que agreguem valor ao serviço, seja em segurança, em conteúdo, em aplicativos, para aumentar o valor do tíquete”, finalizou.

Serviço
www.abranet.org.br

 

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