A lenda da fênix, a ave que renasce das cinzas e é símbolo de imortalidade e de ciclos, é uma ótima metáfora para o mundo dos negócios. Afinal, não faltam exemplos de empresas que se reinventam nas dificuldades e ficam até mais fortes do que eram antes. Entretanto, há um setor inteiro que muitos imaginavam fadado ao desaparecimento com a aceleração digital, mas que se transforma continuamente e se adapta às tendências e inovações tecnológicas: o mercado de impressões. Em 2022, mais uma vez, a área dá mostras de que vai continuar crescendo apesar de todos aqueles que decretaram prematuramente sua extinção com o advento do Cloud Computing e das ferramentas de digitalização.
Os números estão aí e comprovam a importância deste serviço. Segundo a IDC (International Data Corporation), o mercado de impressão corporativa se manteve em alta no Brasil em 2021. A comercialização de equipamentos, por exemplo, movimentou cerca de US$ 637 milhões, 11% a mais do que em 2020, enquanto os serviços de outsourcing de impressão faturaram cerca de US$ 580 milhões. O mercado total de impressoras de tinta, seja para empresas, seja para uso pessoal, cresceu 12% – impulsionado, sobretudo, pelo home office e modelo híbrido de trabalho. O segmento voltado para SMB (pequenas e médias empresas), por sua vez, chegou a 35%.
São indicadores positivos, sem dúvida, mas que surpreendem apenas aqueles que não conhecem a dinâmica do setor – ou que insistem em ignorar a relevância que possui. Isso ocorre por dois fatores principais. O primeiro deles diz respeito ao próprio movimento proporcionado pela digitalização forçada com a pandemia de covid-19. De repente, uma geração inteira acostumada com soluções digitais precisou incorporar a rotina de imprimir documentos. Jovens profissionais acostumados com a nuvem tiveram que adotar esse hábito e, evidentemente, adquirir equipamentos e ferramentas que permitissem esse serviço em suas casas.
E por quê? Ora, por um motivo bem simples: imprimir documentos sempre vai ser importante a despeito de todo o avanço da digitalização. Há arquivos que precisam contar com o suporte físico, seja por questões burocráticas, como a necessidade de comprovação, seja por facilidade, como relatórios que podem ser visualizados rapidamente em um fim de semana em uma região com pouco acesso à internet. Além, é claro, de outros fatores, como necessidade de documentação, facilidade no gerenciamento de arquivos e até mesmo como backup para arquivos digitalizados na Nuvem.
Entretanto, isso não significa que as empresas e profissionais devem imprimir todo e qualquer arquivo que aparecer em sua rotina produtiva. Pelo contrário, a palavra de ordem no ambiente corporativo continua sendo reduzir custos e maximizar a eficiência operacional. Essa é a grande transformação que o mercado de impressões encarou ao longo dos últimos dois anos: proporcionar mais inteligência ao cenário de Transformação Digital. Agora, vivenciamos o momento de refletir a importância das impressões, identificando o que é imprescindível ter o suporte físico e o que pode ficar apenas no digital. Isso exige maturidade por parte dos profissionais e organizações.
Até porque a própria IDC aponta que o volume de páginas impressas estava em queda antes mesmo da pandemia de covid-19, e deve retomar esse movimento a partir de 2022. Mas antes que muitos se apressem a dizer que é o fim do mercado de impressões, lembre-se da metáfora da fênix e de todas as mutações que essa área enfrentou nos últimos anos. Não se trata de extinção, mas sim de adaptação. As empresas imprimem menos, mas com mais inteligência – o que faz com que equipamentos e suprimentos continuem em alta, além do papel consultivo que as companhias desse segmento podem exercer. As impressões de documentos renasceram com a pandemia e estão livres para baterem suas asas e voarem novamente.
Por Rodrigo Reis, diretor comercial e sócio na Reis Office.
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