As vendas de smartphones novos sofreu uma queda de 11% no primeiro trimestre do ano em comparação aos três meses finais de 2021. É o que mostra o relatório da agência Canalys. Embora considerada natural pelos analistas, fatores como a guerra na Ucrânia, os lockdowns na China e o aumento generalizado no preço dos aparelhos novos contribuíram para que a redução no volume de negócios. Outro fator que impactou foi a consequente falta de componentes para suprir a indústria de tecnologia.
Nesse contexto, a expectativa é de que o mercado de smartphones usados e recondicionados siga em expansão em todo o planeta. De acordo com outro levantamento, realizado pela Counterpoint, empresa global de análise da indústria com sede na Ásia, em 2021 o mercado de smartphones de segunda mão registrou expansão de 15% em comparação a 2020, enquanto a venda de aparelhos novos cresceu apenas 7%. Conforme o estudo, a América Latina se destacou com 29% de crescimento nas vendas de usados e a Índia com 25%.
A Senhor Smart, rede brasileira de franquias de assistência técnica de smartphones e tablets, também identificou um aumento na procura por consertos e manutenção. Em 2020, com o início do sistema home office em razão da pandemia, houve um aumento de 151% nos reparos em baterias, mesmo os produtos estando mais de 200% mais caros do que em 2019 devido à paralisação na produção e à escassez de alguns insumos devido à crise sanitária.
Nos últimos dois anos as franquias da Senhor Smart realizaram mais de 37 mil serviços de troca de telas. Somente em 2022, foram 13 mil substituições de baterias e mais de 34 mil reparos em câmeras. Segundo o engenheiro de computação Rodrigo Correia, fundador da empresa, o mercado de smartphones e dispositivos móveis vai seguir em expansão. “Os aparelhos agregam inúmeras funcionalidades ao usuário”, destaca o engenheiro.
Como exemplo das facilidades no dia a dia com o aparelho, para o trabalho, são as reuniões online; em locomoção, o uso de aplicativos de transporte e entregas; no lazer, o acesso as redes sociais, plataformas de músicas, vídeos e podcast; e na alimentação, os pedidos de entrega; além disso, área de serviços está à mão, no celular, como aplicativos bancários. “Durante a pandemia, a procura por assistência técnica nas lojas Senhor Smart cresceu 50%”, explica Correia.
Venda de smartphones usados continuará em expansão
Na opinião de Glen Cardoza, analista da Counterpoint, o mercado de smartphones usados e recondicionados deve seguir em expansão no planeta. Essa alta é impulsionada pelos preços dos aparelhos novos que estão mais caros e também pela crescente conscientização dos consumidores a respeito do descarte de lixo e resíduos tecnológicos no ambiente. “Estamos vendo um crescimento significativo entre players do mercado de recondicionados em regiões em desenvolvimento, como China, Índia, América Latina, Sudeste Asiático e África”.
A própria Samsung, fabricante com maior participação no mercado mundial smartphones, anunciou recentemente um programa desenvolvido em parceria com o iFixit que permite aos consumidores consertarem seus gadgets em casa. A novidade faz parte da iniciativa de preservação do meio ambiente desenvolvida pela sul-coreana. De acordo com o Business Korea, o programa de autorreparo deve ser expandido e começará a fornecer peças recicladas para baratear os custos de conserto de smartphones Galaxy.
A ideia da companhia é reciclar alguns componentes e fornecê-los aos consumidores no programa de autorreparo com preço mais acessível. Assim, ao invés de comprar um display totalmente novo, o consumidor pode optar por pagar mais barato em um reciclado que tem a certificação da Samsung.
Além da crise dos semicondutores, que vinha afetando o preço de smartphones e outros dispositivos eletrônicos desde o início de 2020, a guerra na Ucrânia deve contribuir para o aumento no custo dos celulares. A exemplo do que aconteceu com o petróleo, o níquel – insumo fundamental na fabricação de eletrônicos – ficou mais caro após o início do conflito. A tonelada do metal, que até então era vendida por U$ 25 mil, chegou a bater na casa dos U$ 100 mil, a maior cotação da história – o preço atual está em torno de US$ 37 mil.
A Rússia é o país que mais exporta níquel. A MMC Norilsk Nickel, empresa sediada em Moscou, é a maior produtora de metal com qualidade suficiente para ser utilizado em baterias, respondendo por cerca de 15% a 20% da produção mundial. Diante disso, a expectativa é de que o preço de celulares e outros dispositivos eletrônicos registre alta considerável ao longo do ano.
Na pandemia, reparo em baterias cresceu 151%
A Senhor Smart, rede brasileira de assistência técnica de smartphones e tablets, projeta dobrar o faturamento em 2022 na comparação com o ano passado, chegando a R$ 7 milhões – em 2021, o montante foi de R$ 3,5 milhões. Fundada em 2014, em Jundiaí, no interior de São Paulo, com a proposta de oferecer aos clientes um atendimento personalizado com respeito e transparência, a marca está presente em praticamente todos os estados brasileiros. Com mais de 100 lojas em funcionamento, tem uma projeção de chegar a 300 unidades vendidas em 2022, sendo 160 em operação até o fim do ano.
Segundo o engenheiro de computação Rodrigo Correia, fundador da Senhor Smart, o modelo de negócio da franquia não exige do franqueado a contratação de grande quantidade de mão de obra especializada. E, além disso, há o suporte da franqueadora em todas as implantações do negócio. O investimento para a abertura de uma unidade é de R$ 49 mil, e o faturamento médio projetado é de R$ 150 mil e lucro médio mensal de 40%.
“A franqueadora disponibiliza todo o treinamento e suporte necessário para a capacitação de técnicos”, explica Correia. “Com uma pessoa capacitada, a unidade consegue atingir um faturamento de até R$ 60 mil reais em manutenção, com a realização de 300 reparos mês, fora o valor agregado de acessórios que soma no lucro final da loja.” Nos últimos dois anos as franquias Senhor Smart realizaram mais de 37 mil serviços de troca de telas, quase 13 mil trocas de baterias somente em 2022 e mais de 34 mil reparos em câmeras.
Em 2020, com o início do sistema home office em razão da pandemia, houve um aumento de 151% nos reparos em baterias, mesmo os produtos estando mais de 200% mais caros do que em 2019 devido à paralisação na produção e à escassez de alguns insumos devido à crise sanitária. “O mercado de usados se desenvolveu muito”, comenta o empresário. “Como consequência, o de serviços se desenvolveu também. Hoje, o smartphone é considerado um bem, que a pessoa mantém para ser usado como cash mais adiante.”
A Senhor Smart é uma empresa do grupo 300 Franchising. Para os próximos cinco anos, projeta estar presente em outros países da América Latina e em alguns mercados da Europa, como Portugal, Espanha, Irlanda e Itália. No Brasil, as regiões prioritárias para expansão são Norte e Nordeste do país. Em 2019 a empresa tinha 33 unidades, em 2020 entrou no processo de aceleração da 300 Franchising com 45 lojas e atualmente possui 117 em operação e 110 vendidas em processo de abertura.
Outro objetivo é iniciar operações de trade-in, modalidade na qual o cliente entra com o seu equipamento usado como parte de pagamento de um equipamento novo. Além disso, Rodrigo Correia planeja a realização de projetos para redução de descarte de material eletrônico, incluindo a reutilização de baterias e o conserto de smartphones para comunidade carente de Jundiaí, sede da franqueadora.
Faturamento Senhor Smart
2019 – R$ 300 mil
2020 – R$ 900 mil (entrada na aceleradora 300 Franchising)
2021 – R$ 3,5 milhões
2022 – R$ 7 milhões (projeção)
Personalização renova visual de aparelhos usados
Outra marca que vem surfando na expansão do mercado de smartphones é a Itcase, rede especializada em acessórios para celulares – capinhas, fones, películas e carregadores. Fundada em Chapecó, no Oeste Catarinense, a empresa é mais uma marca acelerada pela 300 Franchising.
Tem como um de seus trunfos a criação de coleções de capinhas com design próprio e uma pegada de artigos de moda. Para isso, a rede investe no licenciamento e busca parcerias com grifes de roupas para o desenvolvimento de coleções “combinadas” de capas para celular e peças de vestuário. A marca é autorizada pelo time da Chapecoense.
Em um setor em que atuam fornecedores com itens de baixa qualidade, a Itcase também busca diferenciação na qualidade dos produtos que comercializa. Com importação própria, a marca conta com um portfólio de acessórios exclusivos e personalizáveis, oferecendo garantia em todas as compras.
A personalização, aliás, é uma das grandes sacadas da empresa. Muito mais do que importar artigos e revendê-los em solo brasileiro, a rede produz novos designs e personaliza as mercadorias em território nacional. A cada três meses, a empresa cria coleções de estampas, imprime novas capinhas, que se tornam produtos totalmente novos, diferentes e exclusivos, ajudando a renovar o visual de aparelhos não necessariamente novos.
Nos próximos anos, a marca irá investir no desenvolvimento de um catálogo de produtos totalmente “by ItCase”. Com 40 unidades vendidas e 15 em operação, a marca projeta fechar o ano com 120 unidades expandidas e em funcionamento. Para montar uma unidade, o investimento é a partir de R$ 130 mil, com faturamento mensal previsto de até R$ 50 mil e lucro estimado de até 40% ao mês.
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