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A maturidade da computação de borda

A evolução da computação de borda se transformou ao longo das décadas, e com o desenvolvimento da tecnologia e a melhoria da conectividade aos trancos e barrancos, ela ganhou papel principal em diversos avanços importantes que impactam quase todos os aspectos da vida real. Segundo o Gartner Hype Cycle de 2020, ela pode estar rumo a um pico inflacionário, mas é fato que já se tornou um grande passo para o desenvolvimento da tecnologia. Totalmente associada ao 5G que já está em ritmo acelerado no mundo inteiro, a Edge Computing deve atingir uma maturidade inédita em 2021.

Todas as tecnologias transformacionais ocorrem em ondas, e o que se espera para este ano é a convergência de ondas enormes. O maior catalisador disso é a pandemia, que impulsionou a maior adoção de digitalização da história mundial. Operações paralisadas e indústrias inteiras na corda bamba enquanto as empresas corriam contra o tempo – e as circunstâncias – para implementar rapidamente as tecnologias necessárias por uma questão de sobrevivência.

Isso coloca a retrospectiva de 2020 como um marco definitivo na transformação digital, e ilustra como a arquitetura distribuída se desenvolveu de forma acelerada. Esse é um paradigma que trazem a computação e o armazenamento de dados dos locais para onde é preciso melhorar os tempos de resposta e economizar largura de banda, e insere a Edge Computing em vários projetos, incluindo IoT e tecnologia operacional.

E tudo isso na verdade se trata de como a tecnologia pode ser automatizada para otimizar a rotina das pessoas. Alguns exemplos disso são os sensores nos campos que ajudam os agricultores a controlarem suas colheitas, máquinas autônomas que operam 24 horas por dia sem interrupções, mesmo com mínima supervisão humana, e até cirurgias executadas com o uso de pequenos drones. As possibilidades são limitadas apenas pela nossa imaginação.

Implicações na infraestrutura de TI
Esse panorama traz a reflexão sobre o que tudo isso significa para a infraestrutura e quais abordagens o CIO ou o CTO precisam aplicar para extrair mais valor da computação distribuída de borda. É importante lembrar que isso pode gerar um dilúvio de dados inédito, levando em consideração as questões de onde esses dados serão armazenados, como serão movidos e como definir a importância de cada um.

A IDC projeta que os dispositivos IoT por si só irão gerar quase 80ZB de dados até 2025. E, provavelmente, esta é apenas a ponta do iceberg.

A computação de borda também exige que os Data Centers estejam fisicamente mais próximos dos usuários para dar suporte ao processamento e aplicações para tomadas de decisão a partir de onde os dados são gerados. Além disso, esses Data Centers precisam ser projetados para acomodar um volume imenso de dados não estruturados em alta velocidade, construídos em tecnologias nativas da nuvem, como os contêineres, e oferecer suporte a uma variedade muito maior de necessidades das aplicações.

Os dados atraem tecnologias, aplicações e até serviços para a Nuvem – a teoria de Newton. As aplicações de borda também trazem desafios com toda essa força da gravidade dos dados, e isso significa que é preciso garantir que sejam processados tanto na borda quanto entre os sites dessa borda – e, além de não recomendável, é caríssimo mover os dados para um local central. As aplicações e a infraestrutura necessárias para fazer isso precisam se tornar mais distribuídas por natureza. Isso significa tirar todo o processamento em uma nuvem central e passar a colocar essa nuvem central em operação lado a lado com uma nuvem distribuída na borda.

Essa proliferação de Data Centers menores, porém mais ágeis, requer velocidade, flexibilidade e simplicidade operacional em cada local. No entanto, surgem mais dois desafios. Em primeiro lugar, esses sites de borda são pequenos e, muitas vezes, existem milhares deles. Isso significa que nem todos os dados podem existir em todos os sites.

Novas arquiteturas estão sendo construídas onde as aplicações geram, armazenam e interagem com dados na borda, mas esses sites são acoplados aos core data centers, onde sincronizam todos os dados e armazenam os que são utilizados com menos frequência. Isso requer infraestrutura capaz de apoiar o acesso e a movimentação, além de construir e executar aplicações de forma muito mais distribuída.

Em segundo lugar, as aplicações de borda também estão sendo construídas de forma diferente, geralmente como apps de microsserviço, para que possam facilmente iniciar, parar e escalonar conforme os usuários entram e saem dos serviços prestados na borda. Como os sites são pequenos, cada aplicação não pode ter seus próprios armazenamentos ou servidores dedicados – elas precisam compartilhar a infraestrutura. A conteinerização ajuda a resolver esse problema, permitindo que as aplicações e o armazenamento sejam facilmente aumentados e diminuídos, durando apenas enquanto o usuário ou dispositivo estiver acessando uma torre de celular específica ou data center e executados em uma infraestrutura heterogênea compartilhada por muitas aplicações na borda.

Para onde vamos com tudo isso?
Vivemos em um momento empolgante no desenvolvimento tecnológico e a computação de borda está levando a tecnologia a lugares antes inacessíveis, permitindo mudar a forma como interagimos com o mundo. Combinando isso com as tecnologias adjacentes, como 5G, Inteligência Artificial e Realidade Aumentada, estamos nos movendo em direção a uma realidade onde em breve deixaremos nossas interfaces, teclados e mouse, para usar apenas a voz ou gestos para controlar nossos dispositivos.

Estamos à beira de mais uma gigantesca mudança na forma como interagimos com a tecnologia e isso vai muito além do cenário corporativo. Essa imensidão de novas possibilidades e abordagens diferentes vai transformar nosso dia a dia, e esses passos largos são motivos para ficarmos fascinados com as experiências que estão por vir.

Por Paulo de Godoy, country manager da Pure Storage.

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