Muitas empresas utilizam o total cost ownership, TCO, para decidir como investir, principalmente em equipamentos de TI, que geralmente demandam valores altos. O modelo Hardware as a Service — que envolve a locação — é uma opção para aquelas que precisam dos equipamentos mas não pretendem – ou não podem – fazer desembolsos muito elevados de uma só vez. Esse modelo permite que as empresas tenham acesso aos equipamentos necessários para suas atividades sem se preocupar com manutenção, obsolescência e suporte técnico, o que tem atraído a cada dia mais empreendedores.
No caso de computadores e equipamentos de TI, entre as vantagens de se alugar um produto está o fato de o cliente não precisar deslocar um time interno para fazer a manutenção dos equipamentos — assim, esses profissionais ficam liberados para atuar em outras frentes mais importantes para a essência do negócio. Além disso, o aluguel de equipamentos dá à empresa-cliente o direito à recuperação de créditos de impostos como PIS/Cofins, e abatimento no IRPJ para empresas no regime do Lucro Real.
Segundo dados do IDC Brasil, apenas 10% das empresas brasileiras alugam seus equipamentos. No entanto, essa estratégia é amplamente difundida nos Estados Unidos desde os anos 1990; lá, cerca de 80% das empresas optam pela locação.
O cenário local está muito vinculado a uma questão cultural, centrada na ideia de que comprar equipamentos de TI é uma forma de investimento no negócio. Mas a realidade não é bem essa, como mostra uma conta simples. Para adquirir cinco computadores, em média uma empresa gasta R$ 20 mil de uma vez só, e esse valor não inclui gastos com manutenção. No momento da compra esses bens estão novos; mas, em apenas dois anos, tendem a ficar ultrapassados, com uma capacidade limitada em termos de desempenho — o que naturalmente leva a empresa a gastar mais com a reposição. No mesmo exemplo, se a empresa decidisse realizar a locação dos cinco equipamentos, desembolsaria em torno de R$ 750 mensais, e com todo o suporte incluído no preço mensal. Encerrados os dois anos, poderia renovar todo seu acervo mantendo o orçamento mensal, sem gastos adicionais. O exemplo deixa claras as vantagens do uso quando comparado à posse.
Foi durante a pandemia que muitas empresas brasileiras conheceram o modelo de locação de equipamentos e descobriram suas vantagens. O home office e as aulas online evidenciaram a necessidade de mais computadores nas residências, e aumentaram a demanda — como resultado, faltaram produtos (por escassez de peças vindas da China, que logo no início do ano entrou em lockdown) e os preços subiram (acompanhando a procura maior e a alta do dólar).
Um exemplo de outsourcing de tecnologia muito conhecido no Brasil é o de impressão. As impressoras são mais caras e têm manutenção mais difícil que que os computadores, o que levou as empresas a terceirizar os serviços de impressão. Por que não replicar esse modelo para os demais equipamentos de TI? Nos Estados Unidos, a transição levou um tempo, e é o que também deve acontecer por aqui. Mas a substituição da compra pela locação nesse mercado parece ser um caminho sem volta.
Por Rene Almeida, co-CEO da Agasus
Leia nesta edição:
CAPA | TECNOLOGIA
Centros de Dados privados ainda geram bons negócios
TENDÊNCIA
Processadores ganham centralidade com IA
TIC APLICADA
Digitalização do canteiro de obras
Esta você só vai ler na versão digital
TECNOLOGIA
A tecnologia RFID está madura, mas há espaço para crescimento
Baixe o nosso aplicativo