Desde que a crise do coronavírus se instalou no Brasil e no mundo, cerca de 1,5 bilhões de estudantes ficaram fora de escolas e instituições de ensino superior em inúmeros países, de acordo com relatório da Unesco.
Por um lado, no Brasil, o setor educacional sentiu fortemente e de forma imediata o efeito dessa situação, o que fez com que muitas medidas fossem tomadas para não só conter o avanço do novo vírus como também evitar a evasão escolar e a queda financeira do setor.
Por outro lado, mesmo em um cenário de crise, o setor educacional continua crescendo de forma significativa no País. Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), durante o período da crise brasileira entre 2013 e 2017, o setor educacional no país cresceu 37,5%, sendo, ainda, o segmento que mais avançou, tendo um aumento de 1,3 milhão de empresas ativas para 1,8 milhão. Esses resultados indicam que, no cenário atual de pandemia, o crescimento deve permanecer.
Um impacto óbvio da pandemia no setor educacional brasileiro, primeiramente, foi o aumento à adesão ao estudo remoto. No mês de abril, de acordo com pesquisa do Centro de Inovação para a Educação Brasileira (Cieb) e da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), houve um crescimento de 23% no número de instituições de ensino focadas no ensino a distância, as chamadas edtechs, nos últimos dois anos.
Um impacto obvio da pandemia no setor educacional brasileiro foi o aumento a adesão ao estudo remoto, principalmente durante o mês de abril, de acordo com a pesquisa.
Dentre as startups de educação estudadas, estão aquelas com foco na oferta de plataformas para conteúdo online, ferramentas de apoio à gestão educacional e jogos educativos para o processo de ensino e aprendizagem.
Ainda de acordo com a pesquisa, sete em cada dez edtechs se dedicam para soluções envolvendo a educação básica, sendo 48,1% voltada para o ensino fundamental e 22,4% para o ensino infantil; e 17% das edtechs atuam com cursos livres, 16% no ensino superior e 13,6% trabalham no ramo corporativo.
Diante disso, uma das primeiras ações tomadas por instituições que suspenderam suas aulas presenciais foi a adoção do Ensino a Distância (EaD). Entretanto, pela urgência, não houve tempo hábil para um planejamento eficaz para a implementação desse modelo de ensino, surgindo problemas com falta de equipamentos, despreparo de professores e dificuldade de acesso aos novos sistemas de aprendizagem.
Apesar disso, para muitas instituições, aplicar o Ensino a Distância, seja em modelo 100% online ou híbrido, foi uma oportunidade para fazer com que o setor educacional pudesse crescer mesmo em um período de crise.
Para permitir esse crescimento, o uso da tecnologia foi essencial, o que impulsionou, também, a demanda por novas ferramentas digitais que servissem para o propósito da educação. É nesse panorama que as edtechs ganham cada vez mais espaço no mercado, contribuindo com a oferta de produtos e serviços aliados à tecnologia para auxiliar no ensino por meio de um ambiente virtual de aprendizagem.
Uma tecnologia que vem sendo usada como recurso para o ensino de aulas a distância é a Video Based Learning, abordagem que utiliza vídeos interativos para atrair a atenção dos alunos, tendo como diferencial animações, infográficos e outros elementos visuais.
Aliado a isso, a gamificação das aulas também ganhou espaço e diversos conteúdos envolvendo games ou realidade aumentada foram pensados para serem aplicados neste momento da pandemia. Essa necessidade por tecnologias fez com que a demanda por aplicativos de educação no Brasil crescesse cerca de 130% já no mês de março, primeiro mês da pandemia no país.
Em um futuro pós-pandemia, o Fórum Econômico Mundial, diante de tantas mudanças, acredita que os transtornos causados pela crise do coronavírus devem entregar uma face menos negativa para o mercado da educação.
Esse pensamento é fortalecido com as tendências para os próximos passos no setor educacional, como o uso de novas tecnologias de forma a dar suporte para as aulas expositivas e parcerias entre instituições públicas e privadas, das quais devem surgir as principais soluções educacionais em plataformas digitais.
Além disso, o crescimento das edtechs deve ser ainda maior, já que a ampliação das atividades a distância deve permanecer e sinaliza um caminho inevitável.
Em virtude das mudanças ocorridas no setor educacional e considerando seu crescimento mesmo em crises anteriores, as empresas e instituições que estão relacionadas ao segmento da educação devem trabalhar sua visão estratégica para o cenário pós-pandemia, pensando em um planejamento que insira tecnologias digitais no processo de ensino e aprendizagem dos alunos, mesmo em um ambiente presencial, promovendo o ensino a partir de recursos tecnológicos e soluções educacionais que foram testadas e resultaram em um desempenho positivo.
A partir então, de uma análise dos acontecimentos que impactaram o setor educacional neste ano de 2020, será possível identificar as tendências e novos caminhos para 2021, permitindo que escolas e outras instituições de ensino, além de empresas que forneçam soluções educacionais, possam continuar crescendo.
Por Alan Lopes, CEO da CRM Services
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