A quarentena mudou o dia a dia da maioria das pessoas, mas uma mudança inquestionável foi o avanço da Transformação Digital. Nem todas as empresas estavam preparadas, mas precisaram se adaptar e assim surgiram também muitas dúvidas em relação ao trabalho remoto, sobre segurança de dados e o uso de Inteligência Artificial.
Para o especialista em TI, Francis Berenger, do IAG – Escola de Negócios da PUC-Rio, o cenário está se mostrando extremamente positivo para as empresas de tecnologia. “O regime de quarentena resultou em um crescimento imediato de duas atividades suportadas por produtos e serviços tecnológicos: a comunicação remota entre as pessoas e o comércio eletrônico. Empresas como a Zoom, Google e Microsoft estão se beneficiando deste momento. Contudo, outras demandas tecnológicas têm surgido das empresas que tiveram seu modelo de negócio comprometido pelas restrições da quarentena e estão sendo forçadas a buscar modelos alternativos de operação com base na digitalização de atividades”, comenta.
Segundo levantamento da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), com 93 startups, scaleups e negócios consolidados com sede em Santa Catarina e atuação em todo o Brasil, um dos grandes desafios das empresas é o financeiro. Para enfrentar a crise, 40% das empresas de tecnologia ouvidas pela ACATE buscam crédito de até R$ 100 mil. Quase a metade delas (48,8%) tem como objetivo financiar o capital de giro. Mas 80% das empresas em busca de crédito não possuem garantias reais.
Em relação ao cumprimento da alta demanda, Francis alerta que nem todas as empresas estão conseguindo acompanhar o movimento. “Serviços tecnológicos infra estruturais só estão conseguindo oferecer o que já tinham como reserva de crescimento. Não há como expandir a oferta de recursos tecnológicos infra estruturais em curto prazo. Por exemplo, o consumo do uso de internet aumentou por volta de 30%. Para uma empresa de TI ampliar a capacidade da rede significa captar investimentos, o que não é rápido, adquirir equipamentos, muitos não disponíveis em estoques, além de realizar obras infra estruturais complexas como, por exemplo, instalação de cabos e antenas”, analisa.
Em relação ao cenário pós pandemia, o professor Roberto Argento, também especialista em tecnologia do IAG – Escola de Negócios da PUC-Rio, tem uma visão otimista. “A pandemia deu um impulso gigantesco à Transformação Digital. Empresas de todos os setores estão acelerando seus projetos de interação virtual com seus clientes. O que antes era Digital First, agora é praticamente Digital Only. As empresas de tecnologia têm uma enorme oportunidade nessa nova era, mas muitas terão de revisar seus modelos de negócio para isso. Em resumo a Transformação Digital e a Agilidade de Negócio deixaram de ser temas de inovadores ou visionários e passaram a ser condições de sobrevivência das organizações, não importa o setor em que atuem”, analisa.
Leia nesta edição:
CAPA | TECNOLOGIA
Centros de Dados privados ainda geram bons negócios
TENDÊNCIA
Processadores ganham centralidade com IA
TIC APLICADA
Digitalização do canteiro de obras
Esta você só vai ler na versão digital
TECNOLOGIA
A tecnologia RFID está madura, mas há espaço para crescimento
Baixe o nosso aplicativo
Comentários