O mercado está apreensivo, a instabilidade gerada pela pandemia de coronavírus mudou os rumos da economia. Bolsas de todos os continentes refletem o pessimismo do mercado global e atenção é a palavra de ordem para governo, empresas e investidores.
Na análise do economista Fabio Louzada, CEO da startup Eu Me Banco e ex-assessor de investimentos dos bancos Bradesco Prime, Santander Select, Citigold e Itaú Personnalité, não há como fazer previsões no momento devido a incerteza em relação ao avanço do coronavírus. “O cenário é extremamente desafiador, exige cautela. O investidor precisa estar ciente de que a Bolsa de Valores se manterá em baixa neste período, com perspectiva de novas quedas”, alerta Louzada.
Dados do informe publicado pela conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), divulgados no dia 30 de março, apontam que a fuga em massa de capital das economias emergentes é inevitável diante do cenário de incertezas. Só no Brasil, entre 21 de fevereiro e 20 de março, os investidores não residentes no País retiraram da economia mais de R$ 7 bilhões. A movimentação e consequente desvalorização da moeda brasileira (com queda de 20% até o momento) são efeitos colaterais da crise.
Para o especialista, a fuga indicada pelo informe da Unctad é um movimento comum em períodos de instabilidade, porém, é preciso abrir os olhos para possíveis oportunidades.
“O primeiro impulso do investidor é adotar estratégias que gerem segurança, o foco sai da rentabilidade e migra para a preservação do patrimônio. Por outro lado, existem também investidores que possuem reserva de emergência e destinam parte dos recursos para ir às compras na crise. Esse é um momento propício para comprar boas ações de empresas por um preço abaixo do que era praticado há pouco mais de um mês”, avalia Fabio Louzada.
Ainda sobre a Bolsa, Louzada ressalta que com a projeção dos bancos de retração de 2% do PIB brasileiro, o cenário é de `perde-perde`, não havendo setores cujas ações sejam favorecidas pela crise do coronavírus. “A cadeia como um todo foi atingida, desde as indústrias até o comércio em geral. Eu diria que tem setores que serão menos prejudicados, como o Ensino a Distância (EAD), por exemplo. Vamos acompanhar muitas mudanças de paradigmas na fase pós-corona, as empresas estão se reinventando para superar a turbulência”.
Imunidade à crise não existe
Na visão do economista Fabio Louzada, não existem ações ou fundos considerados imunes à crise, mas, sim, ativos mais conservadores indicados para investidores que em meio à pandemia, preferem puxar o freio de mão. “Hoje o ativo mais conservador do Brasil é a Letra Financeira do Tesouro (LFT), o Tesouro Selic emitido pelo Tesouro Nacional. Ele te garante a taxa Selic Over, que hoje está em torno de 3,75% ao ano. Apesar da rentabilidade baixa, ele é interessante para quem é conservador e tem pavor de oscilações”, recomenda Fabio Louzada.
Ainda sobre a Selic, o especialista de investimentos pontua que com a taxa a 3,75%, os investimentos mais conservadores pós-fixados, que seguem a taxa de juros, perderão para a inflação, diminuindo o poder de compra do investidor. No caso dos investimentos em renda fixa prefixados, as perdas ocorrerão caso o nível de risco aumente. Para Fabio, “as projeções não são as mais animadoras quando falamos em renda fixa, mas, mesmo assim, avalio que o Tesouro Direto ainda é o investimento mais seguro do Brasil”.
Nova estratégia para reserva de emergência
Nos últimos anos os especialistas de investimentos eram unânimes ao afirmar que o Tesouro Selic era a opção mais interessante para aplicar a reserva de emergência do investidor. Agora, com a caderneta de poupança e o próprio Tesouro Selic amargando rendimentos reais negativos, Fabio Louzada orienta sobre a necessidade de mudar a estratégia.
“A taxa Selic a 3,75% e o dólar a R$ 5 são a nossa nova realidade. Para ter um retorno maior no que se refere à reserva de emergência, o investidor precisa aumentar o risco ou diminuir a liquidez. Nas corretoras são oferecidos fundos de investimentos DIs com taxa zero de corretagem, como é o caso do Fundo Trend DI Simples oferecido na Corretora Rico, com remuneração próxima de 100% do CDI. Com a taxa de juros baixa, será difícil nesse momento ter um ganho real sem correr riscos”, conclui o economista.
Leia nesta edição:
CAPA | TECNOLOGIA
Centros de Dados privados ainda geram bons negócios
TENDÊNCIA
Processadores ganham centralidade com IA
TIC APLICADA
Digitalização do canteiro de obras
Esta você só vai ler na versão digital
TECNOLOGIA
A tecnologia RFID está madura, mas há espaço para crescimento
Baixe o nosso aplicativo
Comentários