O brasileiro pretende, ao longo de 2020, continuar a reduzir despesas, mas em um ritmo menor do que em anos anteriores. Além disso, uma parcela relevante dos consumidores está mais disposta a aumentar os gastos seletivamente, em especial, com produtos de melhor qualidade. Essas constatações estão na nova edição do Consumer Sentiment , pesquisa do Boston Consulting Group (BCG) que traça uma leitura do comportamento do consumidor para o ano.
Dos três mil entrevistados em território nacional, 81% pretendem diminuir gastos, mas 73% do total pretende diminuir em até 10%, enquanto, no ano passado, a maioria pretendia economizar 40%.
O estudo revela também que consumidores que pretendem aumentar os gastos possuem uma propensão para aumentar os valores gastos por produto.
Foram analisadas quatro macrocategorias. Em Beleza, Fashion & Acessórios, a porcentagem daqueles que querem elevar os gastos para adquirir produtos de maior valor saltou de 34% para 51%. Na macrocategoria Produtos para Casa, Serviços & Mídia, o índice cresceu de 41% para 59% e na macrocategoria Comida & Saúde, o indicador pulou de 32% para 40%. A macrocategoria de Viagem e Turismo foi a que apresentou a maior mudança de 2018 para 2019, entretanto, dado os eventos recentes do coronavírus (não capturados nesta pesquisa), a realidade deve ser distinta (ver figura 3).
De acordo com o estudo, após a crise, o otimismo dos brasileiros com o futuro está mais contido: apenas 54% dos consumidores se consideram esperançosos sobre o futuro (contra a média histórica de 79%). E, embora estejam mais confiantes com seus empregos – 81% da população empregada se sente nessa condição -, isso ainda não se traduz em maior segurança financeira: apenas 48% se declararam seguros, menor nível histórico deste indicador.
Para Daniel Azevedo, sócio do BCG e um dos autores do estudo, a pesquisa aponta para o retorno de um cenário em que as empresas competem tanto pelo preço, quanto pela qualidade de seus produtos. “O consumidor voltou a considerar as suas marcas preferidas ou aquelas que ele julga ter qualidade superior. O desafio para as empresas, agora, é atrair este consumidor com estratégias que reforcem o valor adicional dos seus produtos e marcas”, destaca.
Já Flávia Gemignani, diretora associada da consultoria, atenta para o fato de que a cautela do consumidor continua, portanto, suas compras tendem a ser ainda bastante criteriosas. Dessa forma, a inteligência sobre o consumidor surge como diferencial para cativá-lo: “Promoções seguem sendo uma maneira poderosa de atrair o consumidor, principalmente quando ele já é cliente de outra marca. Também é indispensável o bom posicionamento digital, uma vez que as decisões de compra têm sido cada vez mais influenciadas pelo ambiente online”, explica.
Saudabilidade e serviços aspiracionais em alta
Seguindo o comportamento de comprar produtos com maior valor, a intenção de ampliação de compra (trade-up) mostra a crescente preocupação com alimentação saudável: 60% dos produtos alimentícios de maior trade-up nos últimos cinco anos possuem apelo saudável, como alimentos frescos, comida orgânica, peixe e frutos do mar, alimentos cultivados localmente e comida sem conservantes.
Os produtos com maior intenção de redução no consumo (trade-down) confirmam a preocupação de alimentação saudável, sendo refrigerantes, comida enlatada, salgadinhos, fast-food e hambúrguer os que mais sofrem com a tendência.
Em Viagens, Turismo & Mobilidade, categorias que não são tão frequentes e normalmente estão ligadas a sonhos de consumo do brasileiro (como viagens internacionais), carros e hotéis aparecem com maior frequência na lista de trade-up. Por outro lado, categorias de uso mais comum não possuem o mesmo apelo para o cliente, como táxi e aplicativos de transporte, portanto são menos relevantes para o consumidor e consequentemente configuram os itens com mais trade-down no setor.
Consumidor cada vez mais digital
A jornada de compra do consumidor vem se tornando cada vez mais online, principalmente na etapa inicial da compra, que começa com pesquisas sobre informações de produtos como: características, avaliações, preço, método de pagamento e promoções (ver gráfico abaixo). Canais digitais já são a maior fonte de busca de informações sobre produtos e serviços para todas as categorias analisadas.
A grande maioria (72%) deles está disposta a compartilhar dados pessoais para ter ofertas e produtos personalizados.
Entretanto, a preferência para efetuar a compra ainda é offline: 64% optam por comprar em lojas físicas ou telefones. No entanto, algumas categorias já constatam alta penetração online, como Viagens, Turismo & Mobilidade (61%). Por outro lado, as áreas de Comida & Saúde são predominantemente offline, preferência de 80% dos respondentes (ver gráfico abaixo).
O estudo conclui que, para aproveitar o panorama de maior estabilidade e ganhar espaço no orçamento deste novo consumidor brasileiro, as marcas deverão focar em quatro principais pontos:
1. Preços e promoções seguem críticos para incentivar decisões;
2. As marcas precisam demonstrar o seu diferencial;
3. Consumidor começa a priorizar qualidade ao volume;
4. Jornada de compra passa por múltiplos canais, com crescente relevância de canais digitais.
Confira a íntegra do estudo em: http://on.bcg.com/2ThJxKk
Serviço
http://www.bcg.com
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