Daniel Tibor Fuchs*
O Brasil enfrenta grandes desafios logísticos, que envolvem questões referentes à infraestrutura viária, à segurança, aos limites do sistema de telecomunicações e o gerenciamento de frotas. O País desenvolveu uma cultura de distribuição privilegiando, principalmente, caminhões de pequeno a grande porte. De acordo com o levantamento realizado em 2017 pelo Empresômetro – empresa de inteligência de negócios em parceria com o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) – o Brasil possui cerca de 9 milhões de veículos empresariais em circulação.
Dentro deste cenário, velhas e novas necessidades trouxeram diferentes aplicações de tecnologia da informação conjugadas à conectividade, comumente chamado de Machine-to-Machine (M2M) ou, quando somado a tecnologia de big data e algoritmos inteligentes, ampliam se alcance, formando a Internet das Coisas (IoT) para a área de logística. Essa integração está criando uma verdadeira revolução para toda a cadeia – indústria, comércio, administradores de frotas, motoristas, fornecedores de assistência técnica e Governos, impactando profundamente na qualidade dos produtos e serviço que chegam aos consumidores.
Com os avanços da economia Brasileira, nestes últimos dez anos, somados ao crescimento do e-commerce, que é grande consumidor de serviços logísticos, os operadores do segmento saíram na frente, adotando sistemas de gestão de frotas que incluem funções de roteirização, otimizando custos e gerando eficiência em toda a cadeia produtiva. Segundo pesquisa do Statista, portal alemão de estatísticas, aproximadamente 8% do mercado brasileiro dos veículos empresariais estão conectados, na sua grande maioria com sistemas apenas de rastreamento-, uma porcentagem baixíssima se compararmos aos 40% nos Estados Unidos.
No Brasil ainda se encara o gerenciamento como custo e não investimento responsável por ganhos de produtividade e retorno financeiro, desacelerando a adoção destas tecnologias.
Por outro lado, serviços de rastreamento de veículos e monitoramento de carga predominam num cenário de aumento no volume de mercadoria transportada e o crescimento nos crimes de roubos apresentam uma nova realidade. Segundo o International Data Group (IDC), o monitoramento de frotas ficou no topo do uso corporativo de Internet das Coisas (IoT) no Brasil em 2016, próximo de US$ 875 milhões. O país está em oitavo lugar no ranking dos países com maior risco de roubo de carga, de acordo com estudo divulgado em 2017 pela Federação de Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), aprofundando a necessidade do uso não apenas do monitoramento, como também de gestão de frotas, sendo que neste caso, o auxílio ao planejamento de rotas de menor risco, exclusão de vias de alto risco e sistemas que detectam mudanças de padrões nas viagens ao invés de aguardar pela notificação de uma ocorrência, geram grande valor aos donos das cargas e veículos. Tudo isto se soma a economia de combustível, economia de tempo parado e com insumos, permitindo um melhor planejamento da manutenção preventiva e o uso da manutenção preditiva, ainda que timidamente neste início da tecnologia.
Na medida em que a tecnologia avança, os benefícios têm se multiplicado e os usos também:
• Roteirização dinâmica, em que dados como tipo de veículo e de carga, distância e locais que serão visitados, são combinados para traçar o melhor roteiro em função de tempo, risco, tráfego veicular em tempo real e consumo de combustível;
• As manutenções são planejadas de modo a utilizar horários vagos dos veículos e equipes, diminuindo o tempo de parada em momentos de maior impacto;
• Motoristas são aconselhados sobre mudanças no hábito na direção, gerando desde economia com pneus, passando por durabilidade de insumos como óleo motor até chegar ao custo de seguro do veículo;
• Gestão de documentação dos motoristas e veículos, verificando preventivamente a necessidade de renovação de documentos, a impossibilidade de direção devido a pontuação na Carteira de Motorista, a real capacitação legal do motorista para aquele tipo de veículo;
• Possibilita o estoque reduzido no almoxarifado, com a ajuda do planejamento da necessidade de peças, o controle do estoque com a entrada ou saída de materiais e componentes da frota, reduzindo perdas financeiras por desvios, mau uso, compras inadequadas, estoque obsoleto, entre outras consequências.
• Gestão dos Recursos Humanos, através do uso dispositivos de autenticação do motorista, incluindo teclados para senhas, leitoras de cartão magnético ou dispositivos de leitura de biometria. Somado a isto, algoritmos de Machine Learning, avaliam o modo de condução e evitam fraudes ainda passiveis com empréstimos de senha ou cartões, garantindo que aquele motorista é o motorista esperado:
o O foco aqui é o respeito à legislação de trânsito, às normas relativas ao tempo de direção e de descanso controlado e registrado do motorista, sua jornada de trabalho etc.
O veículo conectado veio para ficar. A Internet das Coisas reduz custos e beneficia todos os stakeholders envolvidos, incluindo motoristas, passageiros, empresários e clientes.
* Daniel Tibor Fuchs é Diretor de Inovação do Grupo Datora (www.datora.net), composto por uma operadora do segmento Fixo, uma operadora do segmento Móvel e uma empresa de datacenter, além de representar a Vodafone no Brasil.
Leia nesta edição:
PRÊMIO IC - DESTAQUES DE TIC 2024
Usuários e profissionais do setor de TIC escolhem os produtos e as marcas que melhor os atenderam
TELECOMUNICAÇÕES
5G: a real revolução ainda está para acontecer
ESCPECIAL - ANUÁRIO DE TIC 2024/25
Contatos estratégicos
Esta você só vai ler na versão digital
TENDÊNCIAS
As tecnologias que estão moldando o futuro do e-commerce
Baixe o nosso aplicativo