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Satélite do MCTIC para banda larga pode desperdiçar dinheiro público, diz entidade

Satélite do MCTIC para banda larga pode desperdiçar dinheiro público, diz entidade

Um projeto com o foco na tecnologia errada e na contra mão da Internet. Enquanto o mundo investe em fibra óptica e sistemas terrestres como 4g e 5g o Brasil investe em satélite. Isto define anúncio do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) de instalar até 80 mil antenas para distribuição do sinal de internet em cidades do Brasil, por meio do programa Internet para Todos, segundo análise da Associação dos Provedores de Internet do Sul – InternetSul.

Conforme o conselheiro da entidade, Luciano Franz, a iniciativa tem como proposta levar acesso à banda larga a localidades sem conectividade distribuídas por todo o país. Conforme o MCTIC, a conexão será feita por meio do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas, do governo brasileiro, que recebeu investimentos de R$ 3 bilhões e está em órbita desde maio de 2017, com vida útil estimada em até 18 anos.

“O governo gastou R$ 3 bilhões neste satélite para contemplar 80 mil antenas e vai precisar de mais R$ 500 milhões para fazer essa rede chegar ao local, pois, além do equipamento no espaço, são necessários os receptores, roteadores e a rede de acesso”, afirma Franz. “Se o MCTIC tivesse, por exemplo, dado esse valor em crédito para os provedores do país usarem fibra óptica nos 500 municípios de menor IDH do Brasil, fazendo um projeto extremamente simples, ficaria com o dinheiro, os juros, os impostos e empregos gerados, além de ter na conta algo em torno de 500 mil novos acessos à banda larga, faríamos facilmente 1000 acessos por município em 2 anos”, comenta.

O conselheiro destaca que a rede proposta pelo MCTIC tem sérias limitações técnicas, como alta latência e baixa velocidade, banda e espectro limitados pelas faixas de frequência, bem como elevado risco e vida útil duvidosa –de nada adianta o satélite durar 18 anos se a tecnologia embarcada nele estará obsoleta entre 3 e 5 anos.

Com base nisso, a projeção é de que a iniciativa poderá desperdiçar em torno de R$ 1 bilhão ao ano. Com os R$ 3,5 bilhões a serem investidos em satélite mais componentes de rede e acesso, o especialista avalia que poderia ser feito um backbone de fibra óptica para 300 municípios longínquos, beneficiando 10 milhões de brasileiros e gerando 12 mil empregos.

“Daqui a 3 anos a rede estaria lá, rodando com a capacidade quase ilimitada da fibra óptica, ao invés de tornar-se obsoleta e requerer novos investimentos para atualização. Investir hoje em satélite para banda larga é o mesmo que comprar um carro usado do ano 2000 por R$ 150 mil. Resumindo, é um projeto centralizador, ruim para o país, característico de movimentos ideológicos do passado e não técnico”, conclui Franz.

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