O ritmo de inovação tecnológica em processos ou produtos industriais no Brasil cresceu no último trimestre de 2017. Na comparação com o trimestre anterior, o número de indústrias inovadoras subiu 0,4 ponto percentual, alcançando 44,1% do total de empresas com mais de 250 funcionários pesquisadas. O dado integra a Sondagem de Inovação, pesquisa trimestral produzida pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Mais da metade das empresas pesquisadas (50,6%) mostrava otimismo em relação às perspectivas de inovação em produtos ou processos no 1º trimestre de 2018.
O investimento das empresas em pesquisa e desenvolvimento (P&D), por outro lado, teve queda. Em uma escala de 0 a 200, o último trimestre de 2017 alcançou 92,8 pontos – menor do que o índice do terceiro trimestre (96,9). Quando o indicador, que oscila entre 0 e 200, se mantém abaixo dos 100 pontos, significa que um maior número de empresas irão diminuir ou não realizar investimentos em inovação no período pesquisado.
As perspectivas para a inovação em 2018 são boas. Segundo o documento, o setor industrial continua apresentando sinais consistentes de recuperação e inicia um movimento de investimentos em inovação, mesmo que ainda muito aquém de anos anteriores. As perspectivas são positivas considerando o prognóstico positivo para investimentos no 1º trimestre de 2018 e da melhora da situação atual dos negócios das indústrias brasileiras.
“Quando uma empresa inova em processos ou produtos, ela está se tornando mais competitiva. Aqui no Brasil, isso é fundamental num momento de retomada da economia”, destaca o presidente da ABDI, Guto Ferreira.
A pesquisa aponta ainda que a indústria nacional está fazendo mais com menos. “O estudo mostra que os investimentos com pesquisa diminuíram, mas o percentual de empresas inovadoras aumentou sensivelmente. Ou seja, as equipes de desenvolvimento estão conseguindo inovar em processos ou produtos com menos recursos financeiros”.
O sistema produtivo do agronegócio é o único em que as empresas estão investindo mais em inovação. O índice cresceu em 2017 pelo terceiro trimestre consecutivo, atingindo 108 pontos. Foi um avanço de 5,5 pontos em relação ao terceiro trimestre. Guto Ferreira lembra que o agronegócio foi o responsável pela melhora do PIB em 2017. “O setor cresceu 13% em relação a 2016. A inovação é um componente importante nesse resultado. Os produtores brasileiros já perceberam que investimento em tecnologia garante mais rendimento no campo”, defende.
P&D
Segundo a Sondagem de Inovação, ter departamentos voltados para Pesquisa e Desenvolvimento é um passo importante para melhorar a produtividade. O levantamento revela que empresas com departamento dedicado à P&D têm probabilidade 35,1% maior de inovar. Os resultados do 4º trimestre de 2017 corroboram essa afirmação: 51,2% das empresas que possuem P&D inovaram no período, enquanto entre as que não têm apenas 15,9% inovaram.
A boa notícia é que mais da metade das empresas ouvidas têm departamentos voltados para pesquisa e desenvolvimento. Pelo levantamento da ABDI, 57,2% das empresas contemplam P&D. Quando feito o recorte por regiões do país, as indústrias do Sudeste e Sul são as que dedicam mais esforços para ter equipes dedicadas à inovação. No Sudeste, 62,5% das empresas têm áreas específicas, e no Sul são 62,4%. Já nas regiões Centro-Oeste/Norte e Nordeste esses percentuais são de 37,0% e de 34,1%, respectivamente.
Fontes de financiamento
A Sondagem de Inovação mostra que capital próprio e financiamento público são as duas principais maneiras de investir em inovação utilizadas pelas empresas. Neste quesito da pesquisa, as empresas puderam assinalar mais de uma alternativa. A maior parte (70%) utilizou recursos próprios e 37,1% utilizaram bancos públicos ou financiamento público direto. Outros 16,1% buscaram financiamento de bancos privados, e 4,8% recursos procedentes do exterior.
Dentre as empresas que buscaram financiamento público, o BNDES aparece como o local mais citado, 60,8%. Finep figura na segunda colocação com 43,1% e o Banco do Brasil em terceiro com 15,4%.
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