Mercados e profissões demonstram rápidas transformações com os avanços tecnológicos. Em um cenário onde os níveis de inteligência artificial, automação e realidade virtual estão cada vez mais altos, carreiras já desapareceram e outras devem deixar de existir em breve, abrindo caminho para postos onde a habilidade humana será concentrada no que os robôs (ainda) são incapazes de fazer.
Mas se em muitos campos as máquinas têm melhor desempenho, margem de erro infinitamente menor e ainda são capazes de aprender, qual o futuro quando se fala de profissões e carreiras? Esta realidade questiona se as graduações, MBAs e outros títulos tradicionais são a melhor forma de preparo. O ponto chave do diferencial competitivo será a consciência de um mundo voltado à disrupção, tendo a tecnologia como aliado e não como algoz.
Em um prazo de 5 a 15 anos, várias posições que hoje são extremamente dinâmicas desaparecerão. Arthur Igreja e Allan Costa, especialistas da multiplataforma AAA, listam as mais próximas, comentando motivos, contexto e estimativa de prazo.
“Profissões que são muito repetitivas obviamente serão substituídas por softwares. E as que são por natureza muito humana, como serviços de cuidadores e de atendimento tendem a ter seus valores pressionados para baixo em razão da robotização, por exemplo”, destaca Arthur Igreja.
“Os especialistas de cada área devem estar conectados à tecnologia. Ou seja, se os robôs já realizam diagnósticos e operações, o médico deve direcionar esforços para o atendimento ao paciente, o relacionamento, o tratamento personalizado”, comenta Allan Costa.
– ASSISTENTE JURÍDICO
Quando: a partir de 2020
Motivo: soluções que utilizam inteligência artificial já conseguem realizar tarefas repetitivas de análise de processos e termos jurídicos com eficiência e precisão muito maiores do que quando as mesmas tarefas são realizadas por seres humanos. Advogados que executam atividades que dependem de interpretação e deduções subjetivas continuarão sendo cada vez mais valiosos, mas assistentes jurídicos, principalmente, em início de carreira, serão substituídos por soluções de inteligência artificial.
– CORRETORES DE SEGURO E ANALISTAS DE RISCO
Quando: entre 2020 e 2025
Motivo: a quase totalidade do que corretores de seguro e analistas de risco fazem hoje já pode ser feito por computadores utilizando big data e machine learning. Realização de cotações, cálculos de prêmio e custos de apólice, avaliação de riscos individuais e coletivos, ganham em eficiência e robustez, em termos de base de dados de referência, quando softwares parametrizáveis colocam nas mãos do segurado as possibilidades de simulações e contratação dos seguros de forma automatizada.
– ANALISTA DE INVESTIMENTO
Quando: 2023
Motivo: um terço das vagas de trabalho nos bancos de investimento em Wall Street desapareceram desde o ano 2000. Isso não aconteceu apenas pela digitalização das operações que eliminou andares de pessoas ao telefone comprando e vendendo ações. Os robôs que operam em alta frequência (HFT) já representam hoje mais de 50% das operações diárias no mercado americano de ações. A competição não é mais pelo melhor analista, mas pelo melhor algoritmo.
– HEADHUNTER E RECRUTADOR (RH)
Quando: 2023
Motivo: a convergência entre poderosos algoritmos de inteligência artificial especialistas entre traçar o ”match” entre demanda e oferta vai substituir a busca curricular tradicional. Muito além do que o uso de filtros, esses algoritmos são capazes de avaliar fotos, vídeos, posts e e-mails enviados por pessoas. Vivemos também a era da exposição virtual a todo momento, muito mais do que o CV que uma pessoa envia para uma empresa, já é prática comum entrevistadores e psicólogos utilizarem essas fontes para entender o perfil do candidato. O fluxo será o mesmo, mas desta vez feito por robôs. Vale lembrar também que reviews de competências e a satisfação com trabalhos passados devem estar armazenados no blockchain dentro de 10 anos, criando um sistema de review público.
– PILOTO DE AVIÃO
Quando: entre 2025 e 2030
Motivo: o termo ”piloto automático” está longe de soar estranho. Atualmente, na maior parte do tempo, sistemas computadorizados já pilotam as aeronaves. A interferência humana acontece especialmente nas etapas de decolagem e pouso, mas diversas empresas já fazem testes de aviões 100% autônomos.
– ANESTESISTA
Quando: 2025
Motivo: empresas do setor de saúde já desenvolveram robôs que aplicam anestesias em pacientes que serão submetidos a tratamentos mais simples em clínicas e hospitais. O custo por procedimento cai de US$ 2.000 para US$ 150 e um médico é capaz de acompanhar múltiplos atendimentos em paralelo.
– ENGENHEIRO DE SOFTWARE
Quando: 2027
Motivo: engenheiros de software são escassos e tem altos salários especialmente no Vale do Silício. Ainda estamos na era da transformação digital dos negócios e isso requer exércitos de programadores. A inteligência artificial e os frameworks de programação em alto nível permitem que software gere mais software. Desta forma, devemos ter uma gradual redução na demanda por engenheiros de software e um aumento na procura por analistas de negócio capazes de modelar processos para que sejam então automatizados por ”programadores robôs”.
– ANALISTAS FINANCEIROS
Quando: 2027
Motivo: analistas capazes de avaliar as contas e as finanças de uma empresa já foram considerados indispensáveis pela sua capacidade de identificar tendências que poderiam causar impacto significativo no negócio em um piscar de olhos, permitindo ajustes temporais de estratégia ou portfólio que poderiam gerar bilhões em economia. Mas analistas humanos não conseguem mais competir com softwares de análise financeira que usam inteligência artificial e que podem ler e reconhecer tendências em dados históricos para prever movimentos futuros de mercados.
– CONTADORES E AUDITORES
Quando: 2030
Motivo: dois movimentos complementares devem impactar estas profissões: digitalização dos processos e aumento no uso de blockchain. Contadores ainda estão envolvidos com tarefas que podem ser automatizadas. Além disso, com as criptomoedas e registro de operações em blockchain, o conceito de contabilidade desaparece, visto que todas as transações são públicas e tecnicamente impossíveis de serem fraudadas. O mesmo vale para auditores.
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