Entre as dez empresas que mais cresceram no país entre 2014 e 2016, quatro são de Santa Catarina – inclusive a primeira colocada geral Cata Company. Isso representa o mesmo número de empresas do estado de São Paulo, que tem maior densidade populacional e PIB. Três entre as vinte melhores cidades para empreender no Brasil são do estado. No Índice de Cidades Empreendedoras, divulgado pela Endeavor em 2016, Florianópolis ocupa a segunda posição, Joinville o quarto lugar e Blumenau, a 13ª colocação. Por que os empreendedores daqui têm tanto sucesso?
Segundo os especialistas em negócios, o diferencial de Santa Catarina é que o estado conta com programas de capacitação e projetos que incentivem a inovação e a vontade de empreender, como o Programa Startup SC. A iniciativa do Sebrae SC, que é gratuita e tem duração de aproximadamente cinco meses, oferece cursos, workshops, palestras e mentorias para 20 startups de Florianópolis, Palhoça, Joinville, Blumenau, Rio do Sul e Concórdia.
Desde 2013 até ano passado, 1001 projetos catarinenses foram submetidos ao programa. Desses, 120 foram escolhidos. Os resultados da participação nesta iniciativa reforçam a força do empreendedorismo na região: das startups selecionadas, 65% continuam em atividade, gerando 585 empregos e R$ 43 milhões de faturamento em 2016. Entre os participantes do programa, 7,8% tinham idade superior a 40 anos, e 5,8% entre 18 a 24 anos.
Fruto do ecossistema
Com uma solução pioneira no Brasil, a CoBlue é especialista em gestão ágil de performance. A startup catarinense foi a primeira no país a desenvolver um software de OKR (Objectives and Key Results). O recurso tem como objetivo potencializar o crescimento de instituições e aprimorar suas culturas organizacionais com foco em alto desempenho. Desde que passou pelo Programa Startup SC, do Sebrae/SC, em 2016, a CoBlue já impactou mais de 30 mil pessoas. A projeção é que até o fim do ano 210 empresas adotem a solução e o software gere um aumento de 10 vezes no seu número de usuários, contratos e faturamento – em 2016, a receita da empresa foi de mais de R$ 1 milhão.
Mulheres no comando
Mesmo com números tímidos, as mulheres vêm afirmando o espaço na área. De 2013 a 2016, 5,8% das participantes do programa de capacitação eram mulheres. Entre elas, Marcela Graziano, CEO da startup catarinense Smarket, que surgiu em 2013 a partir da percepção de um problema no setor supermercadista e se propõe a potencializar as promoções e a agilizar a produção de materiais de divulgação. O software desenvolvido pela startup catarinense conecta dados de estoque, validade, preços e estatísticas de venda, resultando na identificação dos produtos mais estratégicos para entrarem em promoção e automatizando a produção de tablóides, por exemplo.
Já a CUCO Health é uma startup de health tech que oferece soluções para melhorar a experiência da população com o tratamento médico. Conectando profissionais da área da saúde e pacientes, a empresa criou, em 2015, o aplicativo CUCO, que permite um acompanhamento completo da saúde dos seus usuários: desde lembretes para tomar os remédios, até o monitoramento personalizado por profissionais, sempre focando na prevenção clínica. A CUCO é a primeira empresa de saúde a trazer o conceito de Personal de Saúde para o Brasil e o aplicativo já foi baixado por mais de 60 mil pessoas. Além do app, a CUCO disponibiliza uma plataforma de monitoramento de pacientes, o POP Health, que integra o sistema de alguns hospitais e em breve será oferecida às empresas privadas para assistência dos seus colaboradores.
Alternativa aos bancos
Em Joinville, uma startup de serviços financeiros (fintech) trabalha desde 2013 para reduzir a dependência dos clientes para com os bancos tradicionais. A Asaas criou uma solução de gerenciamento de pagamentos que permite a qualquer pessoa, mesmo que não tenha conta bancária, receber pagamentos por boleto e cartões de crédito. O modelo é voltado para os profissionais autônomos, MEIs, micro e pequenas empresas, mas também é adotado por entidades sem fins lucrativos — o Corpo de Bombeiros Voluntários da cidade e o Festival de Dança, reconhecido internacionalmente, adotam a plataforma para gerenciar as finanças.
Em 2015 a fintech registrou um crescimento de 400%, e em 2016 aumentou o faturamento em cerca de 350%. No mesmo ano, os clientes ativos transacionaram um total de R$ 103 milhões via sistema. Desde o lançamento da startup, o sistema já recebeu investimentos de mais de R$ 6 milhões. O último aporte recebido foi no valor de R$ 2,5 milhões, liderado pelo fundo Cventures Primus.
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