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Investimentos em TI colocam Brasil em posição de destaque global

A tecnologia do Brasil passou por transformações significativas desde a época da privatização das empresas de telefonia, quando a qualidade dos serviços era precária, com raras linhas fixas e baixa qualidade. Desde então, o País evoluiu significativamente, apesar de ainda lidar com os desafios iminentes de sua vasta extensão territorial e diversidade geográfica.

Na década de 1990, o Brasil iniciou um processo de privatização que permitiu chegar na atualidade com uma estrutura madura e moderna. Antes, o setor era dominado por estatais que não conseguiam acompanhar a demanda crescente por serviços de telefonia e, posteriormente, por internet. A privatização trouxe investimentos significativos e melhorias substanciais, especialmente nas áreas urbanas.

Esses investimentos mantêm, até hoje, o Brasil em uma posição de destaque global quando o assunto é investimento em TI. Segundo levantamento da International Business Report (IBR), produzido pela consultoria Grant Thornton, 80% das empresas nacionais planejam aumentar as aplicações em 2024, valor superado apenas pela Nigéria (83%) e empatado com a Índia e a Indonésia no segundo posto.

Em valores, o Brasil ultrapassou a Coreia do Sul e a Itália no último ano e regressou ao top-10 das potências globais. Segundo o “Estudo Mercado Brasileiro de Software – Panorama e Tendências 2024”, foram US$ 50 bilhões investidos no último ano, o que representa 1,6% em nível global e 37,2% do total na América Latina – se isolando ainda mais na liderança da região com um pequeno aumento se comparado aos 36,5% da pesquisa anterior.

Os bons números também são reflexo dos desafios impostos pela dimensão continental do país. Áreas urbanas, como São Paulo e Rio de Janeiro, conseguiram desenvolver estruturas robustas de conectividade graças a investimentos privados e à concentração populacional. Elas beneficiaram-se da concorrência acirrada e, desde cedo, receberam avanços significativos, como a fibra óptica e as redes 5G, presentes somente em 329 municípios (menos de 6% do total) ao final de 2023, segundo a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).

No entanto, as regiões rurais e menos populosas enfrentaram – e ainda enfrentam – grandes dificuldades. A menor densidade populacional faz com os custos sejam mais altos para as companhias, que oferecem uma infraestrutura inferior. De olho em um retorno financeiro mais rápido e garantido, as operadoras só gastam esforços nestes locais de acordo com a demanda que surge ao decorrer do tempo.

Essa dificuldade ainda deu origem às Prestadoras de Pequeno Porte (PPPs), que colaboram com a expansão da conectividade, atuando em nichos deixados de lado pelos grandes provedores, oferecendo serviços de internet em regiões rurais e em cidades menores. Segundo o relatório de 2023 da Anatel, elas representaram 25,9 milhões de acessos na Banda Larga Fixa, um aumento de 11,5% em relação a 2022.

Ainda olhando o estudo da Anatel, é possível notar uma tendência clara de popularização no Brasil, que teve 341,7 milhões de acessos nos principais serviços de telecomunicações, o que representa uma média superior a 1 por habitante e um aumento de 0,9% na comparação com 2022. Enquanto o telefone fixo e TV por assinatura tiveram queda (6,1% e 16,7%, respectivamente), o acesso aos telefones móveis cresceu 1,7% e chegou a 256,3 milhões. Ou seja, mais do que um por pessoa. O acesso à banda larga aumentou 6,3%, com 48,2 milhões.

Mesmo diante de complicações burocráticas e uma regulação que atrapalha a entrada de novos competidores no mercado, a participação do Governo brasileiro, que tem implementado programas de incentivo e subsídios, ajuda a manter o cenário em ascensão. Em janeiro deste ano, por exemplo, foi lançado o programa Nova Indústria Brasil, que prevê investir R$ 300 bilhões em financiamentos até 2026 e transformar digitalmente 90% das empresas industriais brasileiras.

Além disso, também é fundamental investir em educação e capacitação para que a população possa tirar o máximo proveito das novas tecnologias. Garantir que todas as camadas da população tenham acesso a tecnologias avançadas é essencial para promover o desenvolvimento econômico e social.

A evolução da tecnologia no Brasil é um exemplo marcante de como políticas de privatização e investimentos estratégicos podem transformar um setor essencial. Mesmo diante de questões, é possível apontar uma trajetória promissora, o que reflete o compromisso crescente com a transformação digital.

Por Valter Lima, diretor executivo e empresário, sócio da CTC.

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