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O impacto transformador dos operadores de Banda Larga de pequeno porte no Brasil

O impacto transformador das Prestadoras de Pequeno Porte (PPPs) no desenvolvimento do Brasil vai muito além da expansão da conectividade, atuando como catalisadoras de inovação e desenvolvimento socioeconômico. A Anatel teve, e ainda tem, um papel crucial ao implementar a assimetria de regulação entre as PPPs e as grandes empresas de telecom, criando uma espécie de “sandbox” regulatório que desenvolveu um ambiente de mercado mais livre e que tem sido fundamental para o florescimento dessas operadoras. Essa abordagem regulatória inovadora permitiu uma proliferação de serviços novos e criativos, demonstrando o valor de um mercado competitivo e dinâmico.

As PPPs têm sido essenciais na inclusão digital e no desenvolvimento econômico de regiões menos atendidas, oferecendo não apenas conectividade, mas também impulsionando a economia digital por meio da inovação e do empreendedorismo. Entre os serviços inovadores que destacam esse papel transformador e que acredito ser futuros negócios para as pequenas operadoras, destaco cinco:

Agricultura de Precisão: em áreas rurais, algumas PPPs estão oferecendo soluções de IoT para a agricultura de precisão, ajudando os agricultores a aumentar a produtividade e a sustentabilidade de suas práticas agrícolas por meio de dados em tempo real sobre clima, solo e culturas. De acordo com o relatório da Mordor Intelligence, o tamanho global desse mercado é estimado em US$ 13,11 bilhões em 2024, e deve atingir US$ 23,84 bilhões até 2029, crescendo a um CAGR de 12,70% durante o período de previsão (2024-2029).

Casa Inteligente: já temos PPPs oferecendo planos que contêm câmeras de monitoramento interna e externa, e com muito sucesso. Muito além de câmeras, os diversos dispositivos de casa inteligente podem adicionar bastante valor às ofertas e planos das operadoras. Vejo um futuro em que as pessoas podem assinar um plano que deixe sua casa conectada e totalmente inteligente de forma simples e fácil. Também segundo a Mordor Intelligence, esse mercado global foi avaliado em US$ 79,13 bilhões em 2021, e deverá atingir US$ 313,95 bilhões até 2027, registrando um CAGR de 25,3% no período previsto (2022 – 2027). No Brasil, esse mercado cresceu 50% em 2023.

Cidades Inteligentes: em municípios menores, PPPs estão liderando a transformação em cidades inteligentes, implementando redes de sensores para monitoramento de infraestrutura, gestão de resíduos e sistemas de iluminação pública eficientes, melhorando a qualidade de vida dos cidadãos. Conforme o relatório da Mordor Intelligence, o tamanho do mercado global de cidades inteligentes é estimado em US$ 1,36 trilhão em 2024, e deverá atingir US$ 3,84 trilhões até 2029, crescendo a um CAGR de 23,21% durante o período de previsão (2024-2029). No Brasil, de acordo com o Ranking Connected Smart Cities 2023, o conceito de cidades inteligentes tem ganhado destaque, com Florianópolis (SC) na primeira colocação, seguida por Curitiba (PR), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG) e Niterói (RJ).

 Games: com a expansão da banda larga e os planos com baixa latência, pequenas cidades começaram a ter grandes jogadores de eSports e streamers, criando todo um ambiente digital em torno dos jogos eletrônicos criando valor longe dos grandes centros. A oferta de pacotes gamers ou mesmo serviços de jogos eletrônicos pode adicionar valor à oferta do provedor. Conforme a PwC, em 2022, a indústria global de jogos faturou US$ 196,8 bilhões. Além disso, a expectativa é que o setor alcance um faturamento global de US$ 321 bilhões até 2026. No Brasil, segundo a mesma fonte, o negócio de games movimenta R$ 12 bilhões ao ano.

Educação Digital: além de possibilitar o acesso a conteúdos educacionais online, algumas PPPs estão desenvolvendo plataformas próprias de educação a distância, colaborando com escolas e universidades para oferecer cursos e capacitações adaptadas às necessidades locais. Segundo o Outlook 2021, a educação é uma das maiores indústrias do mundo, respondendo por mais de 6% do PIB global. Os gastos globais totais de governos, empresas e consumidores com educação e treinamento devem atingir US$ 7,3 trilhões por ano até 2025. No Brasil, de acordo com o Censo EAD.BR, o ensino a distância cresceu 474% em uma década.

Esses exemplos ilustram como as PPPs estão indo além da oferta de internet, criando soluções inovadoras que atendem às demandas específicas de suas comunidades, promovendo o desenvolvimento tecnológico e social. Em conclusão, representam um motor de inovação e desenvolvimento no Brasil, impulsionadas por um ambiente regulatório adaptativo criado pela Anatel. Olhando para o futuro, é essencial continuar apoiando essas operadoras, não apenas para fomentar a competitividade e a inovação no mercado interno, mas também para levar sua expertise e soluções inovadoras para além das fronteiras nacionais.

Por Juelinton Silveira, vice-presidente da FiberX Telecom.

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