Uma das ferramentas tecnológicas que mais impactaram o mercado mundial, em menos de dois anos (criado em novembro de 2022), foi o Chat GPT. Trata-se de um chatbot, criado com elementos de Inteligência Artificial (IA), para criar diálogos escritos, a partir da interação com os usuários de internet.
Segundo a OpenAI, empresa desenvolvedora do dispositivo, o objetivo foi desenvolver um modelo de linguagem para atender diversas demandas da sociedade, entre as quais, responder dúvidas e criar diversos formatos de conteúdos escritos, como: artigos, redações, postagens de redes sociais, e-mails, entre outros.
Várias pesquisas nacionais e internacionais identificaram que profissionais mais jovens (Geração Z) são os principais consumidores, utilizando a tecnologia nas tarefas diárias. De modo a validar essa afirmação, é importante citar o levantamento divulgado no ano passado, pela plataforma Statista, consultoria especializada em dados estatísticos, localizada nos Estados Unidos. No diagnóstico sobre consumo de tecnologias emergentes, foi identificado que 60% dos usuários ativos do Chat GPT têm menos de 30 anos.
Os entrevistados informaram que usam o dispositivo para pesquisar e se atualizarem sobre a área de atuação profissional. Por outro lado, gerações anteriores, como a X e Y (43% e 46%, respectivamente) buscam com frequência, informações sobre o dispositivo.
Vale acrescentar que o Chat GPT já é uma forma de IA Generativa, ou seja, um recurso que permite aos usuários, solicitarem informações que serão transformadas em textos, imagens ou vídeos, semelhantes aos produzidos pelos seres humanos.
Avaliação de especialista
Segundo o coordenador dos cursos de pós-graduação Lato Sensu na área de TI, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Dirceu Matheus Júnior, a missão original da OpenAI era desenvolver um produto, a partir da IA, para beneficiar a sociedade, em termos de agilidade na pesquisa e geração de conteúdo textual.
“Pode-se afirmar que o Chat GPT foi um dos maiores propagadores da IA na sociedade global. As funcionalidades desse dispositivo despertaram os grandes players de tecnologia, como a Meta, Microsoft e o Google, para lançarem modelos autorais e disputarem espaço no mercado”, argumenta o especialista.
Dirceu destaca uma pesquisa conduzida pela Ipsos (empresa especializada em pesquisas e inteligência de mercado na França) que avaliou as preferências tecnológicas da geração. “O estudo demonstrou que 80% dos entrevistados com essa faixa etária consideram a IA como uma parte essencial de suas vidas. Além disso, acrescenta que por serem nativos digitais, os indivíduos têm uma afinidade natural com tecnologias como o ChatGPT”.
Contudo, o especialista em TI esclarece que as críticas criadas em torno do dispositivo são exageradas e merecem mais conhecimento e pesquisa, evitando assim, conclusões precipitadas. O professor pontua que a principal característica da ferramenta é a precisão e qualidade na formulação de conteúdo. “No entanto, apesar de poderosa, também pode fornecer informações distorcidas ou desatualizadas”,
O grupo que mais se preocupa é representado por profissionais de educação e de veículos de comunicação. Esses profissionais afirmam que é preciso uma atenção especial, quanto ao uso da tecnologia, a fim de evitar a disseminação de informações imprecisas.
Além disso, o Chat GPT “aprende” com os Dados disponíveis na internet, condição que pode comprometer as respostas disponibilizadas, ou seja, muitos dados na internet podem não ser confiáveis ou proveniente de fontes seguras.
Na avaliação de Dirceu, a OpenAI e as outras empresas desenvolvedoras de IA têm a responsabilidade de garantir à sociedade que suas ferramentas serão usadas de maneira ética. “A empresa criadora do dispositivo deve ser transparente quanto ao funcionamento, atualização e limitações existentes. Outro fator determinante é desenvolver softwares para identificar e alertar os usuários, em casos de informações incorretas”, acrescenta.
Qual o impacto do Chat GPT no cenário empresarial?
Com o surgimento de concorrentes e o interesse global provocado pelo Chat GPT, os pesquisadores da OpenAI estão trabalhando em uma técnica chamada de adversarial attacks, que na língua portuguesa significa literalmente, ataque ou treinamento adversário. As informações foram divulgadas em um artigo da revista MIT Technology, que acrescentou: as modificações têm objetivo de impedir que usuários mal-intencionados induzam o dispositivo a se comportar de maneira negativa (conhecido como jailbreak).
No entanto, Dirceu ressalta que o sucesso do Chat GPT é aclamado e criticado, pelo fato de sua precisão tecnológica apresentar potencial para substituir o trabalho humano. “Um exemplo prático foi verificado no grupo de comunicação Buzzfeed, que reduziu em 12%, o quadro de funcionários. A empresa informou, ainda, que utilizaria o dispositivo para suprir a demanda de produção de conteúdo”.
Outros dois grandes players de comunicação que confirmaram empregar o Chat GPT, foram o The New York Times e a CNN. O primeiro veículo informou que implementou o dispositivo na redação para auxiliar os jornalistas na geração de ideias, otimização de manchetes e ainda, engajamento dos leitores.
Do mesmo modo, a CNN destacou que integrou a tecnologia na plataforma de trabalho, com fins de gerenciamento de conteúdo. Com esse entendimento, os redatores e editores utilizam o chatbot para gerar rascunhos de matérias, apuração de fatos e ainda, elaboração de scripts para transmissões ao vivo.
Como foi possível observar, as empresas citadas estão incorporando o uso do Chat GPT nas operações, com transparência e respeito ao público, já que informam as vantagens e utilidades do dispositivo em diferentes segmentos da indústria de mídia e comunicação.
“Sendo assim, a IA não vai reduzir oportunidades de empregos para os seres humanos. Pelo contrário, vai gerar funções estratégicas e analíticas para os profissionais, enquanto atende tarefas repetitivas. Precisamos entender, conviver e utilizar o Chat GPT como um parceiro e colega de trabalho nas atividades diárias, uma “mão-de-obra” que agrega valor”, avalia o professor.
Além disso, é preciso acrescentar que a ferramenta precisa ser bem direcionada, com o máximo de informações possíveis, para criar um conteúdo com mais qualidade e precisão. Outro Dado importante, apresentado pela plataforma Hubpost, é a diferença da versão gratuita e paga, tendo em vista que o plano premium oferece recursos, como: suporte técnico, tempos de respostas mais ágeis e melhor entendimento de entender instruções e contexto
Por que a geração Z é a maior consumidora do ChatGPT?
A empresa de pesquisas Pew Research divulgou uma pesquisa detalhada sobre o perfil dos cidadãos norte-americanos que conhecem, usam ou já acessaram o Chat GPT. No estudo, foi revelado que quatro entre 10 adultos com menos de 30 anos, alegaram ter usado o dispositivo para alguma tarefa profissional.
O público que mais consome são usuários da geração Z (18 a 29 anos), 32% dos respondentes, a maioria com diploma universitário e especialização lato sensu. Foi verificado ainda que cidadãos das gerações anteriores sabem da existência e não usaram, ou desconhecem a tecnologia.
Enquanto isso, a Business Insider detalhou as entrevistas de sua pesquisa, já que os respondentes autorizaram a publicação. Um deles é um jovem de 24 anos, consultor de uma empresa do mercado financeiro. Ele revelou que usa o Chat GPT diariamente para redigir e-mails de trabalho.
No entanto, não é apenas a geração Z que utiliza as funcionalidades da ferramenta para trabalhar. Um corretor de imóveis com 39 anos, declarou que o dispositivo é parte fundamental de suas atividades diárias. “Uso o chatbot para escrever: textos de marketing, listagem de imóveis, conteúdo de mídia social e material de treinamento para os funcionários”. Entretanto, o empresário acrescenta que solicita as informações, analisa e modifica, de acordo com suas necessidades.
Já, no cenário brasileiro, uma pesquisa divulgada pela Hibou – consultoria de pesquisas sobre mercado e consumo – destacou que oito entre 10 brasileiros já ouviu falar sobre a tecnologia. Além disso, 54% dos respondentes confirmaram que ferramentas com IA estão presentes na rotina corporativa. Na avaliação do coordenador de pós-graduação do Mackenzie, cada geração apresenta particularidades. Contudo, o alto consumo se deve ao fato dos jovens terem domínio de muitas ferramentas tecnológicas (nativos digitais). “Entendo que o uso da tecnologia de IA não é o único dispositivo procurado por essa geração. Na verdade, o domínio de diferentes plataformas (atualização constante) coloca o grupo em destaque no mercado de trabalho, refletindo na conquista de cargos estratégicos”, esclarece.
Contudo, a ansiedade profissional é um fator preocupante para esse público que tem pouca paciência diante dos obstáculos ou dificuldades corporativas. O resultado é uma alta rotatividade em empregos, principalmente na área de TI, conclui o professor.
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