A conexão entre a evolução da tecnologia e a sustentabilidade ambiental, social e de governança (ESG) vem emergindo cada vez mais como um ponto essencial para a efetiva construção de um futuro positivo para a sociedade. Ao passo que a inovação tecnológica continua a impulsionar a produtividade, o crescimento econômico e a transformação dos negócios e do cotidiano, a necessidade de abordar os desafios de sustentabilidade que surgem com essa conjuntura se torna ainda mais latente. Encontrar o equilíbrio entre esses pontos será fundamental para garantirmos a prosperidade sem comprometer os recursos naturais e a coesão social.
A digitalização está transformando diversos aspectos da vida moderna, como um verdadeiro catalizador de mudanças. Década após década, a novas tecnologias vêm moldando a maneira como vivemos e trabalhamos. Agora, por exemplo, a Inteligência Artificial é responsável por uma nova revolução. Inclusive, ela está no centro dos debates sobre TI mais verde. Essa tecnologia já ajuda as empresas a encontrarem saídas para questões de sustentabilidade nos negócios, possibilitando análises aprofundadas e tomadas de decisões assertivas sobre como tirar o melhor proveito de insumos, reduzir o desperdício e desenvolver soluções que otimizem a operação e a produção de forma social e ambientalmente amigável e com governança.
Passando por uma jornada para revigorar seus programas de TI para focarem também em práticas mais conscientes, as empresas já começaram a compreender a necessidade de monitorar e rastrear os KPIs de negócios como a pegada de carbono de operações de TI ou utilização energética das soluções tecnológicas adotadas. De acordo com o Gartner, 64% dos CEOs (Chief Executive Officers) indicam que a combinação de digitalização, como a adoção de Inteligência Artificial, e sustentabilidade ambiental representa uma oportunidade de crescimento. Os dados são claros: indo muito além de fatores éticos, esse novo foco em ESG também é uma decisão inteligente do ponto de vista econômico.
A sustentabilidade ambiental já está entre as dez prioridades dos líderes empresariais e CEOs, segundo o Gartner. Até 2026, 70% dos responsáveis por seleção, contratação e gerenciamento de fornecedores de tecnologia terão objetivos de desempenho alinhados ao tema. Além disso, até o mesmo ano, 75% das organizações priorizarão negócios com empresas de TI que tenham metas claras e cronogramas de sustentabilidade bem estruturados. Isso mostra como o assunto já é um aspecto altamente competitivo no momento de selecionar parceiros de negócios.
A chave para conciliar ESG e avanços tecnológicos diante desse cenário reside na busca por um equilíbrio consciente. Companhias precisam estar atentas aos impactos sociais, ambientais e de governança de seus projetos, e tomar medidas proativas para minimizá-los. Nesse sentido, adotar o conceito de inovação responsável, no qual empresas e governos promovem iniciativas que procurem tecnologias limpas, eficientes e alinhadas com objetivos ESG é fundamental.
Abordar desafios complexos requer a colaboração multissetorial de diversos atores, incluindo empresas, Poder Público, sociedade civil e comunidade acadêmica. Essas parcerias multissetoriais permitem o desenvolvimento de inovações mais sustentáveis e a sua implementação em larga escala com mais facilidade. Outro fator relevante está na educação e conscientização da importância da intersecção da tecnologia com ESG, que desempenham um papel especial na criação de uma cultura focada nesses princípios. Por isso, é importante que instituições de ensino incorporem cada vez mais esse tema em seus currículos, preparando as próximas gerações de líderes e profissionais para enfrentar esses desafios.
Políticas governamentais eficazes, incluindo regulamentações, também são capazes de apoiar e orientar o comportamento das companhias em direção a práticas mais responsáveis. A elaboração de um ambiente propício para investimentos verdes e inovação tecnológica pode acelerar a transição para um futuro mais sustentável.
Equilibrar o avanço tecnológico e os princípios de ESG é totalmente possível, desde que haja um comprometimento genuíno em direcionar a inovação para soluções e projetos mais verdes. À medida que progredimos neste século de rápidas transformações, é crucial lembrar que o verdadeiro progresso não pode ser medido apenas em termos de crescimento econômico, mas também considerando bem-estar humano e saúde do planeta. Devemos reconhecer o potencial da tecnologia para impulsionar o futuro e a alinhá-la aos interesses de sustentabilidade, inclusive a utilizando como alicerce para ações mais conscientes. Ao fazê-lo, podemos construir um amanhã no qual a inovação não apenas aprimora os negócios, mas também contribui para um mundo mais equilibrado, próspero e justo.
Por Sandra Maura, CEO da Topmind.
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