A qualidade de software é essencial para manter a satisfação do cliente final e a competitividade do mercado. Segundo a pesquisa “O Futuro da Qualidade de Software” realizada pela Inmetrics, TGT ISG e com os professores da Unicamp, Breno França e Bruno Cafeo, 46% das empresas estão insatisfeitas com os processos de qualidade e segurança dos softwares que são implementados.
A pesquisa indica que os processos de qualidade e segurança (QS) enfrentam desafios e insatisfações, incluindo a necessidade de revisão e melhoria dos processos, priorização da segurança da informação, insatisfação com os indicadores utilizados, foco excessivo na velocidade de entrega, falta de consulta a relatórios de mercado, desejo de ser mais orientado por dados e carga excessiva de projetos.
Segundo Paulo Silveira, sócio-diretor da TGT ISG, os testes são importantes, mas falta uma cultura preparada para a qualidade do software. “As questões de segurança são importantes, mas o que mais chama a atenção é que ainda não temos um ambiente em que a cultura, as pessoas e a organização estejam focadas nisso. Isso significa que tanto as pessoas quanto as próprias organizações ainda não tratam a qualidade como um traço cultural. Quando a qualidade não é tratada desde o início dos projetos, resulta no aumento da necessidade de testes para detectar inconsistências e bugs. Se você investe muito em testes, é porque tem uma cultura de qualidade ainda baixa”, explicou Silveira.
Um dos principais pontos destacados no relatório é o rápido avanço das ferramentas, frameworks, IA e Machine Learning, juntamente com o aumento dos ataques cibernéticos nas empresas. Isso tornou a segurança da informação a principal preocupação de 66% dos executivos de tecnologia, mesmo no contexto da qualidade de software. As ferramentas e tecnologias mais utilizadas para o processo de teste de software são Jira (45%), Selenium Webdriver (17%) e IBM ELM (11%); para o processo de CI/CD são Microsoft Azure Devops (54%), Gitlab (38%) e Jenkins (14%); para o processo de observabilidade e monitoração são Zabbix (42%), Grafana (40%), Datalog (11%), Dynatrace (9%) e Prometus (8%); para o processo de provisionamento e infraestrutura, são Docker (38%), Kubernetes (35%) e Terraform (12%).
A capacitação dos colaboradores em processos de qualidade de software end-to-end e automatizados é um desafio a ser enfrentado pelas empresas, apontado por 60% dos entrevistados. O estudo revela que 29% das grandes empresas aumentarão o número de terceiros, enquanto 20% não sabem como evoluir a organização de qualidade de software. “A importância de capacitar as pessoas sempre foi destacada como um elemento crucial para estabelecer processos eficientes. No entanto, a pesquisa revelou que o nível de maturidade em relação a esse tema ainda é baixo nas empresas”, comentou Silveira.
Quanto à carga de trabalho, 19% das empresas relataram ter um número excessivo de projetos em andamento. A gestão de muitos projetos simultâneos pode acarretar riscos, como a baixa qualidade dos produtos digitais desenvolvidos e a falta de alinhamento com as prioridades estratégicas da organização.
Segundo a pesquisa, 57% das empresas relataram ter no máximo 5 projetos simultâneos por ano. No entanto, quando consideramos apenas empresas de médio e grande porte, esse número cai para 46%. “Mesmo tendo vários projetos simultâneos, se as companhias tiverem um bom processo e pessoas preparadas, não enfrentarão dificuldades tão grandes ao lidar com projetos consecutivos”, afirmou Silveira.
Em relação ao investimento em qualidade do software em 2023, observa-se no estudo uma tendência de manter-se semelhante ao ano anterior, conforme confirmado por 45% das grandes empresas, considerando apenas as respostas dos executivos em cargos de diretoria e correlatos. Conforme os dados, 64% dos investimentos são direcionados para a equipe, 13% para serviços e 23% para ferramentas. “Qualidade de software é, muitas vezes, confundida com testes. Na verdade, ela começa muito antes, desde o processo de ideação. Trata-se de método, cultura e processos”, comentou Omar Tabach, sócio-diretor da TGT ISG.
Por fim, o especialista revela que o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer para encontrar avanços significativos na qualidade de software. “Temos muitas ferramentas e tecnologia, mas diversas pessoas desconhecem métodos para aproveitá-las. Estão desequilibrados e enquanto isso não for resolvido, não haverá avanço. Acho que poucos têm esse entendimento. As pessoas estão preocupadas com produção, com volume e com rapidez na metodologia ágil e quando alguém é rápido, mas não é preciso, provavelmente vai resultar em qualidade duvidosa, e teremos que aumentar a necessidade de testes, o retrabalho e, consequentemente, gerará mais custos”, finalizou Tabach.
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