Com pouco mais de dois anos de operação o Open Finance no Brasil é um caso de sucesso. O sistema financeiro que propõe o compartilhamento de informações entre diferentes instituições autorizadas pelo Banco Central e a movimentação de suas contas bancárias a partir de diferentes plataformas teve início em dezembro de 2021 e vem apresentando crescimento. No primeiro trimestre de 2022 o número de adesões atingiu 28,3 milhões e no mesmo período deste ano foram adicionados por mês cerca de 3,2 milhões de novos consentimentos, sendo a maioria de pessoas físicas.
Esse quadro posiciona o Brasil entre os países com maior adesão ao modelo, com possibilidade de ultrapassar os números do Reino Unido, que hoje está na liderança, de acordo com o índice Global Open Finance. Já o estudo apresentado pela Federação Brasileira de Bancos – Febraban, elaborado junto a mais de 800 instituições associadas, mostra que 45 produtos e serviços estão disponíveis no mercado, entre casos de uso, iniciação de pagamento e melhores ofertas de crédito.
Já o Finfacts analisou 21 instituições financeiras, entre bancos e fintechs, em abril de 2023, com foco nos produtos e serviços financeiros oferecidos. Realizado pelo Google Cloud em parceria com a R/GA, este estudo aponta que 25% das instituições financeiras analisadas ainda não oferecem Open Finance aos clientes e 40% delas disponibilizam apenas um serviço integrado a esse modelo. Entre os motivos, constam a falta de clareza sobre as etapas de abertura de conta e experiências com chatbot.
Alan Mareines, CEO da Lina Open X, avalia que a adequação ao padrão estabelecido pelo Banco Central para o compartilhamento de Dados e serviços é um desafio para as instituições. “Elas devem implementar em seus sistemas, interfaces de APIs para possibilitar a transmissão dos Dados e a iniciação de pagamentos de forma segura, garantindo que o processo somente ocorra mediante a aprovação do consentimento por parte dos clientes”, detalha.
Para ele, o ecossistema foi construído para manter um padrão elevado de Segurança que já existe nas transações financeiras, mas que um novo desafio se coloca. “Com a instituição devidamente integrada ao ecossistema Open, um novo e árduo desafio se impõe: prover suporte para as demais instituições participantes que se conectam para acessar os Dados de clientes e iniciar transações de pagamento”, pontua.
Além da sustentação do ecossistema, cabe ressaltar que o Open Finance é um organismo vivo, que está nos seus primeiros anos de vida, o que significa que novas versões de APIs, alterações de escopo e novas funcionalidades ainda serão implementadas. “A instituição deve ser capaz de atender a essas demandas regulatórias, evoluindo para cumprir prazos e evitar desenquadramentos, notificações e multas”, destaca o CEO da Lina Open X, que marca presença no Febraban Tech 2023.
Além da falta de conhecimento do público sobre o Open Finance, outros desafios são a integração dos canais digitais, a adequação da legislação de proteção de Dados e a governança de APIs. “Por mais que já exista um avanço importante e considerável, ainda há um grande caminho a ser percorrido, até que os consumidores brasileiros compreendam de fato como podem se beneficiar do compartilhamento de Dados no Open Finance”, finaliza Mareines.
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