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Capco aponta riscos e benefícios do uso de IA e RV no setor financeiro

o trabalho e na vida pessoal, a Inteligência Artificial e a  Realidade Virtual estão se tornando mais comuns e menos óbvias em sua natureza intrusiva

Capco aponta riscos e benefícios do uso de IA e RV no setor financeiro

As tecnologias de Inteligência Artificial (IA) e Realidade Virtual (RV) começam a migrar com mais força do mundo dos jogos para outros setores da economia, inclusive para o mercado financeiro. E os bancos precisam estar preparados tanto para as mudanças que essas tecnologias trazem, quanto para adotarem soluções não-intrusivas ao cuidarem dos dados e dinheiro de seus clientes. Esse é um dos alertas do estudo “Do AI + VE surveillance technologies improve inclusion or make us boiling frogs?” (“As tecnologias de vigilância AI+RV melhoram a inclusão ou nos transformam em sapos ferventes?”, em tradução livre), feito por especialistas da Capco, consultoria global de gestão e tecnologia dedicada ao setor de serviços financeiros do Grupo Wipro.

De acordo com a Capco, os bancos precisam se adequar às mudanças sutis que, no futuro, terão enorme impacto. A expressão “sapos ferventes” é uma metáfora que faz referência à incapacidade das pessoas de reagir a mudanças significativas que ocorrem gradualmente ou a eventos que se tornaram lugar-comum. “No trabalho e na vida pessoal, a Inteligência Artificial e a  Realidade Virtual estão se tornando mais comuns e menos óbvias em sua natureza intrusiva devido a dispositivos de uso conveniente, como relógios e óculos”, explica Camille Ocampo, diretor Executivo Capco Brasil.

O treinamento por meio de RV é escalável e oferece um maior grau de liberdade para criar e controlar ambientes virtuais, isolando fatores de influência para as melhorias esperadas

É importante ressaltar, porém, que sem consentimento, a vigilância pode ser uma violação do direito humano básico de liberdade e ao direito de liberdade de opinião e expressão. “Semelhante à vigilância no local de trabalho, é importante que os envolvidos, sejam jogadores em ambiente de games ou funcionários de empresas, tenham informações sobre o tipo de rastreamento a que estão expostos e que podem influenciar seu comportamento”, destaca.

“Os investidores também devem se envolver com as empresas para garantir a responsabilidade e transparência da tecnologia. Isso porque sem divulgação e explicação apropriadas, a “medição” de funcionários e jogadores podem torná-los vítimas do rápido avanço da tecnologia”, alerta o Camille.

O fato é que, gostando ou não, a sociedade está cada vez mais exposta ao risco de manipulação oculta por meio de tecnologias de vigilância. Assim, é importante saber quais os casos de uso específicos usando tanto IA quanto RV. De acordo com a análise da Capco, os principais usos são:

No trabalho: são muitas as aplicações que buscam gerar dados sobre os funcionários de uma empresa. Alguns buscam, por exemplo, fortalecer a cultura e outros a existência de silos, por exemplo. Mas, nem sempre as tecnologias são bem usadas e muitas vezes acabam tendo impacto negativo, segundo algumas pesquisas. Assim, apesar dos riscos, há também potenciais benefícios, como:

1) Melhoria no acesso ao trabalho, atendimento ao cliente por chat online, abrindo a economia e criando empregos. As tecnologias são capazes de identificar quando os usuários ficam presos em alguma situação e portanto, quando precisam disponibilizar o uso de funções de chat ao vivo para obter ajuda.

2) Melhoria na inclusão – integração virtual de funcionários e realidade virtual ajudam a encobrir certas características por escolha do colaborador e a tornar a experiência mais positiva para o indivíduo.

3) Campo de jogo nivelado – o uso de RV em um ambiente de trabalho pode ser usado como ferramenta para nivelar o campo de jogo e remover viés. Deve promover a igualdade onde as pessoas serão julgadas mais pelas ações do que pela aparência física.

4) Personalização para otimizar o ambiente pessoal – Isso significa a imersão total em realidade aumentada (RA). As empresas podem oferecer aos trabalhadores híbridos mais opções nos ambientes em que eles trabalham, ao permitir que o colaborador ajuste o ambiente – por exemplo, intensidade da luz e som – à sua preferência.

5) Quebra das barreiras linguísticas – a conversa com colegas em escritórios no exterior geralmente é numa única linguagem compartilhada e por isso pode excluir outras pessoas, dificultando progressos. Com os avanços em VR e AR, a tradução pode ser feita em tempo real.

Vigilância em treinamento: alguns treinamentos podem ser difíceis de organizar, logisticamente complicados e dispendiosos, como cirurgias médicas. O treinamento por meio de RV é escalável e oferece um maior grau de liberdade para criar e controlar ambientes virtuais, isolando fatores de influência para as melhorias esperadas. Além disso, o treinamento permite a prática repetida de exercícios realisticamente complicados e, consequentemente, melhora as habilidades psicomotoras. No entanto, não necessariamente melhora o conhecimento processual específico, anatomia e habilidades de tomada de decisão. Além disso, o desempenho pode estabilizar quando atinge a eficiência máxima. Isso sugere que pode haver limites para o treinamento em RV para as chamadas habilidades abertas, ou seja, as de ambientes variáveis.

No lazer: tendo como ponto de análise o Metaverso, muitos observadores esperam que o papel desse ambiente virtual mude além de apenas jogos e impacte muitas partes da sociedade e a economia mundial. De casos de uso industrial à criação de gêmeos digitais para prestação de cuidados de saúde. Seja qual for o uso, as questões em torno dos direitos humanos precisam ser bem entendidas para serem respeitadas como no mundo físico. A segurança será primordial, como é com todos os dispositivos de Internet das Coisas (IoT). No Metaverso, todos os dados dos usuários ficam registrados, até mesmo seus movimentos físicos. Algumas das tecnologias de monitoramento já foram aposentadas devido a questões de privacidade. Por outro lado, as tecnologias de rastreamento ocular poderiam ser usadas para identificar dependência precoce, ansiedade e problemas de saúde mental relacionadas ao uso do metaverso e de jogos. O mesmo poderia se dar no mundo do trabalho.

Assim, não há tecnologia boa ou ruim. Isso depende de como são usadas. É importante ainda destacar que os investidores devem se envolver com as empresas para garantir o uso correto da tecnologia, com transparência e divulgação de informações cruciais, conclui o estudo da Capco. Sem isso, pessoas sendo monitoradas, como funcionários e gamers, que prestam serviços para garantir responsabilidade e transparência da tecnologia, podem se tornar vítimas do rápido avanço da tecnologia.

Serviço
www.capco.com

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