Apesar de 90% da população brasileira já ter acesso à internet e o smartphone ser o principal dispositivo usado para acessar à rede, segundo dados do IBGE de 2021, a pouca qualidade das câmeras e armazenamento de fotos dos equipamentos e o baixo letramento digital ainda são desafios enfrentados por clientes bancários na hora de solicitar crédito via celular. Na experiência da Stoque, empresa de soluções de automação digital para processos e documentos, o principal motivo de pendência e a não aprovação automática de pedidos de empréstimo consignado, observado no primeiro semestre de 2022, (21%) foi por foto do cliente inválida, com olhos fechados, atenção desviada ou presença de terceiros na imagem.
Em segundo lugar, com 15%, está a foto do documento de identificação inválida ou incompleta, como ausência de frente ou verso, foto feita a partir de uma tela ou de uma cópia e digitalizada. Os dados dizem respeito aos mais de 1,8 milhão de solicitações de empréstimos consignados realizadas entre janeiro e junho deste ano por meio da plataforma de automação de crédito desenvolvida pela Stoque, sendo que o principal dispositivo usado pelos clientes é o celular.
Segundo Roberto Carrasco, CTO da empresa, apesar da corrida dos bancos para a digitalização e automação de processos, buscando aumentar a eficiência e melhorar a experiência do usuário, o acesso limitado da população a smartphones com espaço de armazenamento para o aplicativo do banco e qualidade da câmera ainda é uma realidade de boa parte dos clientes bancários, assim como a falta de letramento digital. De acordo com o IBGE, dos 28,2 milhões de brasileiros com dez anos ou mais de idade que permaneciam sem conexão à internet em 2021, 42,2% disseram não saber usar a rede e 20% apontaram motivos financeiros para a falta de acesso.
“Há casos em que a pessoa não consegue mexer no aplicativo, não compreende o que é preciso fazer ou possui documento rasurado ou até mesmo antigo, em que a tecnologia, mesmo com todos os avanços, tem dificuldades de verificar a veracidade. Mas também observamos que há situações em que a foto, seja do documento ou da própria pessoa, vem de forma irregular, com algum tipo de montagem ou de alguém em vulnerabilidade, como acamado, e isso pode ser um indicativo forte de fraude”, explica Carrasco.
Mas, se por um lado, os bancos e instituições financeiras ainda enfrentam desafios com a captura e qualidade dos equipamentos dos clientes, por outro, a tecnologia por trás dos aplicativos está cada vez mais avançada, gerando mais eficiência e melhorando a experiência do cliente mesmo com algumas barreiras impostas. A tecnologia SDK, que faz a captura de imagens de alta qualidade pelos dispositivos móveis, é uma delas. Carrasco explica que o SDK consegue guiar a pessoa no momento da retirada da foto, orientando sobre a forma correta e sinalizando se há algo errado, se a foto ficou com boa qualidade, por exemplo.
“Isso ajuda muito as pessoas que têm dificuldades em lidar com a tecnologia e evita que ela perca o interesse em usar o aplicativo ou solicitar um produto pelo celular. Além disso, a tecnologia SDK possibilita submeter tanto o documento de identidade quanto a selfie do cliente a um facematch, ou seja, um check duplo para ver se os dados daquele documento pertencem à mesma pessoa da foto. E isso ocorre em poucos segundos”, diz Carrasco.
O OCR (Reconhecimento Óptico de Caracteres) é outra ferramenta capaz de fazer a captura e extração de dados de forma automatizada e, assim como o SDK, atua de forma integrada com outras tecnologias. “Mas o que faz essas ferramentas identificarem e tomarem as melhores decisões é o motor de regras, que precisa ser extremamente refinado para ser capaz de mapear com alta acuracidade esses tipos de ocorrências e direcioná-las para uma avaliação humana”, explica.
Com isso, as operações onde o usuário consegue imputar os dados de maneira correta ocorrem de forma 100% digital. Atualmente, segundo dados da plataforma da Stoque, 60% dos pedidos de crédito consignado já são analisados totalmente por robôs, sem passar por intervenção humana. “Isso é possível, claro, por conta da automação que, além de agilizar e trazer uma melhor experiência, apoia na identificação de potenciais fraudes”.
Leia nesta edição:
CAPA | TECNOLOGIA
Centros de Dados privados ainda geram bons negócios
TENDÊNCIA
Processadores ganham centralidade com IA
TIC APLICADA
Digitalização do canteiro de obras
Esta você só vai ler na versão digital
TECNOLOGIA
A tecnologia RFID está madura, mas há espaço para crescimento
Baixe o nosso aplicativo