Nos últimos anos vimos uma mudança sem precedentes na história da tecnologia. A verdadeira transformação digital saiu do projeto e se tornou necessidade, com empresas se voltando a recursos de TI para continuidade dos negócios. Os reflexos são sentidos tanto do lado das empresas, buscando por profissionais com a qualificação necessária para contratar e a disparada nos salários de programadores, quanto dos clientes, com atrasos e outros impactos na entrega de projetos.
Para fazer frente a este cenário, tem-se ampliado e generalizado o esforço na formação de mão de obra, desde atores conhecidos, como escolas técnicas e específicas de desenvolvedores, quanto na iniciativa privada – o famoso curso de informática de muitos jovens agora trata de Java e outras linguagens de programação. Contudo, outra vertente muito importante se faz presente neste cenário, mesmo sendo velha conhecida dos mais antigos na área de TIC: as Ferramentas Case, que facilitam a programação.
Esses desenhos de sistemas que os usuários costumavam usar para gerar softwares de maneira automática, sem o envolvimento de profissionais da área, funcionaram muito bem até meados de 2006, quando o processo ficou bastante focado na mão dos desenvolvedores – por que não dizer, até artesanal? Camadas e mais camadas de código, começando do zero. Uma incongruência diante da automatização de toda forma possível nos mais diferentes campos, desde a indústria até o atendimento ao público.
Com todas as dificuldades vivenciadas nesses últimos anos, vem a pergunta: onde estão aquelas Ferramentas Case que usávamos? Por que não fazer uso dessas estratégias para ganhar tempo e produtividade? Por que não usar ferramenta de Low-Code?
As ferramentas Low-Code são, como o nome já diz, de baixo código, poucas linhas de programação. O código que está por baixo é gerado por um outro software, outro sistema, para automatizar a programação e depender menos de pessoas. E, em teoria, a qualidade deste programa é superior àquele feito por humanos, com redução de erros e bugs, já que a construção final é feita a partir de parâmetros pré-estabelecidos.
Não estamos falando em ter uma ferramenta para substituir o profissional de TIC, em si, mas uma que permite acelerar o desenvolvimento de software em conjunto com profissionais. A preparação de profissionais para lidar com ferramentas de Low-Code pode ser feita aproximadamente em trinta dias, enquanto no uso de linguagem como JAVA podem levar seis meses até que se chegue à primeira tela. É muito tempo e investimento demandado para soluções que precisam de urgência do ponto de vista do usuário final.
É interessante também avaliar quais trabalhos podemos acelerar com o uso do Low-Code. No setor público, por exemplo, 80% dos sistemas são formulários, que podem ser agilizados com essas ferramentas a um baixo custo. Maturidade em tecnologia para isso os órgãos públicos possuem, sendo usuários conhecidos de hiperconvergência e computação em nuvem, entre outras ferramentas.
E mais: estamos caminhando a passos largos para a era do “as a Service”. O Low-Code vem para habilitar a Integração (IaaS), Plataforma (PaaS) e Software (SaaS). O estudo “Hype Cycle for Cloud Platform Services 2022”, do Gartner, aponta que o Low-Code já está no “Platô de Produtividade” ou adoção como plataforma convencional, com uso por 50% das empresas em seu público-alvo. Dentro de apenas dois anos – ou seja, em 2024 – a funcionalidade de hiperautomação será o diferencial competitivo dominante entre essas ferramentas de desenvolvimento.
O cerne da questão não é “descobrir algo novo”, mas por que utilizar métodos de programação manual para tudo quando se tem Low-Code para acelerar certas demandas? Sistemas de baixa e média complexidade podem ser facilmente resolvidos com Low-Code. Ferramenta como Apex, GNexus, Outsystems, entre outras, vieram para revolucionar o mercado de desenvolvimento de software, trazendo ganhos em escala para o negócio. Essas ferramentas permitem desenvolver muito rápido, na demanda do cliente, tem produtividade altíssima e com programas de muita qualidade.
Enquanto empresas de tecnologia, falamos a todo momento que realizamos a transformação digital dos clientes para que eles possam se preocupar com o seu negócio. Este é o mesmo raciocínio por trás do uso do Low-Code, que automatiza alguns sistemas para que os desenvolvedores possam se dedicar a programações mais complexas.
Por Marcelo Ferrari, vice-presidente da Datainfo.
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