O trabalho remoto trouxe uma série de desafios para o mundo corporativo. Agora, com a adoção de algumas empresas pela modalidade híbrida, surgem novos debates, inclusive no que diz respeito à produtividade. Sobre isso, a Microsoft divulgou o estudo Work Trend Index Pulse, em tradução livre “Trabalho híbrido é apenas trabalho “. De acordo com o relatório, o trabalho híbrido vem criando uma crescente desconexão entre colaboradores e líderes. Um dos motivos para isso, segundo o próprio presidente e CEO da empresa de tecnologia, é que não há alinhamento sobre o que constitui produtividade.
No estudo foram entrevistados 20 mil funcionários em 11 países – Austrália, Nova Zelândia, China, Índia, Japão, França, Alemanha, Reino Unido, Brasil, Canadá e Estados Unidos – entre julho e agosto de 2022. Um dos resultados foi que 87% dos colaboradores dizem ser produtivos no trabalho. Mas 85% dos líderes dizem que o trabalho híbrido trouxe um desafio no que diz respeito à confiança na produtividade dos colaboradores. A especialista em produtividade e alta performance, Tathiane Deândhela explica que, para ter colaboradores engajados e conectados com a empresa, é preciso ter clareza e alinhamento em torno dos objetivos da empresa.
“O que o estudo mostra é uma análise do trabalho híbrido, que acabou tornando-se necessário por todo o contexto da pandemia, e agora, quando retornamos de forma gradual ao ambiente de trabalho, começam a surgir os desafios. Concordo plenamente com o presidente e CEO da Microsoft, Satya Nadella, quando ele diz que colaboradores satisfeitos são a chave para as organizações terem vantagem competitiva no ambiente econômico atual. Ou seja, o recado claro é que cobrar produtividade, quando não há um alinhamento junto aos colaboradores sobre o tema, é inútil. A produtividade só virá se você, enquanto líder, entender que os colaboradores são o verdadeiro capital social de uma empresa “, esclarece Tathiane Deândhela, fundadora e CEO do Instituto Deândhela.
Na pesquisa, a Microsoft destaca que o trabalho híbrido vem crescendo ano a ano, chegando atualmente a 38% de pessoas que atuam nessa modalidade. Além disso, a previsão é que 53% dos trabalhadores vão considerar migrar para o trabalho híbrido em 2023. Aqui no Brasil, em setembro deste ano, um estudo do Google Workspace, feito em parceria com a consultoria IDC Brasil, mostrou que atualmente 56% das organizações atuam com o formato híbrido. Os Dados do relatório da Microsoft indicam que apesar da migração para a modalidade híbrida, poucas empresas se adaptaram e pensaram estratégias para esse ambiente. E, nesse contexto, a preocupação das empresas com a produtividade continua a ser um ponto sensível. Isso porque o estudo evidenciou que os colaboradores dizem que são tão ou mais produtivos na modalidade remota ou híbrida. Mas, os líderes têm receio de que a produtividade tenha sido impactada negativamente desde essa mudança, e por isso consideram que o trabalho volte a ser presencial. O que está na contramão do desejo dos colaboradores, segundo a pesquisa, que preferem a flexibilidade do trabalho remoto e híbrido.
Tathiane Deândhela ressalta questões importantes sobre as modalidades de trabalho e produtividade. “Estávamos acostumados ao trabalho presencial, onde os líderes avaliavam a produtividade ao ouvir os colaboradores, durante horas, digitando nos computadores. Quando fomos para o trabalho remoto, e agora no meio termo, que é o trabalho híbrido, o receio de não conseguir medir a produtividade fez com que algumas empresas adotassem um monitoramento digital. O que vemos é um desgaste dos colaboradores, diante da falta de confiança dos líderes nesse quesito de produtividade. Além disso, os trabalhadores estão exaustos e propensos a distúrbios emocionais decorrentes dessa pressão no trabalho, como a Síndrome do Burnout. Ou seja, essa pressão além de afetar o bem-estar do colaborador, também sufoca o fator inovação das empresas. A principal conclusão da pesquisa diante disso é: escute sua equipe. Pode parecer óbvio, mas o estudo revelou que 57% das empresas raramente ou nunca escutam seus colaboradores “, finaliza a especialista em produtividade.
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