Na maioria dos países da América Latina, os escritórios já reabriram ou estão em processo de reabertura. Mas a dinâmica mudou, pois esses espaços não são mais “preenchidos” como costumavam ser, ou seja, não contam mais com a presença de toda equipe o tempo todo, como no passado.
No estudo “Back to Office 2022”, realizado pela empresa de pesquisa One Poll, foi perguntado às pessoas no Brasil, Colômbia e México como planejam trabalhar quando seus escritórios reabrirem e 41% disseram que planejam continuar trabalhando remotamente e outros 41% retornarão ao escritório todos os dias da semana. Aprofundando esses dados, uma grande porcentagem daqueles que retornaram ao escritório é porque o empregador assim o determinou. Porém, também existem outros aspectos do trabalho presencial que os funcionários valorizam, como a colaboração e o engajamento que é gerado, assim como o relato de alguns sobre o aumento de produtividade. Aqueles que desejam continuar com o trabalho remoto querem principalmente manter o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal por meio da flexibilidade que o modelo lhes proporcionou.
Os dados do estudo mostram que o trabalho hoje em dia pode ser presencial (no escritório) ou híbrido. Mas existem outras alternativas?
Flexibilidade em foco
O trabalho flexível é a possibilidade de se trabalhar de qualquer local, dependendo de onde o trabalhador se sinta mais produtivo e quais atividades o profissional tem que realizar. Esta abordagem não amarra as pessoas a nenhum local físico específico (nem mesmo sua casa) e não exige que elas cumpram certos dias no escritório. Baseia-se na capacidade das pessoas de retomar o controle de seu tempo e definir como desejam trabalhar. Sob este estilo de trabalho, por exemplo, as pessoas virão ao escritório quando fizer sentido fazê-lo, e não apenas para serem vistas ou para quebrar o viés de proximidade. A princípio, até por aspectos culturais, pode parecer apenas uma tendência futurista, mas a demanda está começando a surgir: Brasil 21%, Colômbia 25% e México 22%.
Tecnologia e trabalho por objetivos
O trabalho flexível é o cenário mais extremo em termos de mobilidade, pois os funcionários não estarão necessariamente no escritório ou em casa e não fica claro quando estarão em cada local. Em outras palavras, eles precisam ser constantemente acompanhados por tecnologias que lhes permitam trabalhar de forma simples, sem problemas e com uma ótima experiência de trabalho de qualquer lugar. Como vimos no estudo, embora tenha havido uma aceleração digital a favor do teletrabalho durante a pandemia, mesmo aqueles que trabalham de casa experimentam uma diferença no acesso aos dados em relação àqueles que se deslocam para o escritório. Portanto, dar o salto tecnológico é uma evolução esperada no negócio para que os funcionários se sintam capacitados e produtivos de qualquer lugar.
Além disso, a migração para um esquema de trabalho baseado em metas é fundamental para que os profissionais possam autogerir sua dinâmica de trabalho, cumprindo as tarefas que eles têm que realizar enquanto desfrutam de um melhor equilíbrio entre trabalho/vida pessoal.
Cultura corporativa e líderes
Oferecer a liberdade aos profissionais pode parecer arriscado, mas não oferecê-la é ainda mais. O talento que não se sente apoiado e compreendido por seus líderes e pelas empresas das quais fazem parte será o primeiro a deixar a companhia. E isso tem muito a ver com a cultura da empresa, como os líderes exercem sua liderança e as medidas de controle que tomam. Por exemplo, vimos no estudo que alguns empregadores estão exigindo o retorno dos funcionários ao escritório e, aqueles que não estão exigindo um retorno completo, estão solicitando que funcionários estejam na mesma cidade e/ou a cerca de uma hora da empresa. Mudar a forma de liderar, medir resultados e desenvolver a cultura corporativa será fundamental para dar lugar a modelos flexíveis.
Estamos a caminho de provar que o mesmo modelo de trabalho não se aplica a todos os funcionários. E quanto mais cedo as empresas virem isso, mais preparadas estarão para novas ondas de evolução, evitando grande perda de talentos. Hoje “ganhar a flexibilidade para escolher onde e quando trabalhar” está entre as quatro principais razões pelas quais os funcionários no Brasil, Colômbia e México considerariam deixar seus empregos atuais. Os dados falam por si.
Por Juan Manuel Gómez, vice-presidente da Citrix para América Latina e Caribe.
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