Neste ano, o setor financeiro brasileiro prepara-se para viver a maior disrupção de sua história: a expansão do Open Banking. Esse sistema permite que o consumidor realize operações bancárias com outras instituições além de seu próprio banco. O Open Banking brasileiro é organizado e regulamentado pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil através da Resolução Conjunta nº 01/2020 e já está disponível de forma inicial desde o final de 2021.
Um estudo divulgado pela PwC em dezembro de 2021 estima que, até o final de 2022, a receita do Open Finance no mundo atingirá US$ 9,87 bilhões. No Brasil, em especial, há a expectativa de inclusão de milhões de brasileiros ainda desbancarizados (pessoas sem conta bancária). Estudo do Instituto Locomotiva de abril de 2021 informou que 21% da população brasileira – cerca de 34 milhões de pessoas – têm acesso precário ao sistema bancário. Assim como aconteceu com o PIX, que acelerou a digitalização das operações bancárias, espera-se que o Open Banking seja um divisor de águas para pessoas e empresas em 2022.
Construído a partir de APIs (Application Programming Interfaces) que conectam aplicações de organizações que não pertencem a um mesmo grupo, o Open Banking traz liberdade para o correntista realizar negócios com diversas instituições sem que tenha de ser um cliente registrado em todas elas. Nesse modelo, cada correntista tem controle total de seus dados financeiros, podendo dizer sim ou não à proposta de compartilhar seus dados com várias instituições. Uma pessoa que é correntista de um determinado banco poderá fazer aplicações, pedir empréstimos ou contratar seguros em outros bancos, corretoras, fintechs e insurtechs.
Para que isso aconteça, há uma infraestrutura digital crítica heterogênea e distribuída que suporta as trocas de dados realizadas por meio do consumo de APIs.
Um artigo publicado em Janeiro de 2021 no portal britânico de notícias financeiras Bobsguide mostrou que, em novembro de 2020, ocorreram 5,7 milhões de falhas de APIs no Open Banking do Reino Unido. O estudo não especifica se essas falhas foram por problemas de software ou de infraestrutura. Em todos os casos, o downtime sofrido por um integrante do Open Banking fatalmente levará o consumidor a procurar, em milissegundos, outra organização para realizar a operação financeira. Em última instância, inconsistências no suporte às APIs podem minar a força do Open Banking de qualquer organização financeira.
Nuvem privada, híbrida e pública
No Brasil, a chegada do Open Banking acelera mudanças que as instituições financeiras já estavam adotando em relação a seus Data Centers. É uma revolução em andamento, e que não terminará tão cedo.
Para cada organização financeira há um modelo de Nuvem sob medida para seus negócios. Setor que tradicionalmente conta com centros de dados próprios (Nuvem privada), os grandes bancos, corretoras e seguradoras têm avançado para um modelo de Nuvem híbrida. As fintechs e insurtechs, por outro lado, já nascem na nuvem, e ampliam suas infraestruturas digitais de modo flexível, contratando mais carga de processamento conforme avançam os negócios. Estudo da consultoria Refinitiv mostra que, no final de 2019, o Brasil era, dos países da América Latina, a região onde o setor financeiro mais investiu em serviços de nuvem: 50,7%.
Uma das marcas da computação em Nuvem é a fluidez de dados e aplicações de um Data Center para outro. Trata-se de um modelo de consumo de recursos digitais que se destaca por ser totalmente customizável. No ecossistema de Open Banking, isso está levando o gestor dos Data Centers/Nuvens privadas, híbridas ou públicas a desenhar a solução de infraestrutura crítica sob medida para sua oferta e seus diferenciais de negócios.
Há elementos que influenciam essas escolhas, qualquer que seja o perfil da organização financeira. Um dos mais estratégicos será a chegada da rede 5G ao Brasil. Isso representará um novo salto na aceleração da economia digital do País e está levando o gestor do data center do setor financeiro a modernizar simultaneamente os data centers principais e as estruturas de Edge Computing. É necessário inovar desde a fase de projeto até a implementação de soluções interoperáveis de energia e de ar-condicionado. Faz parte deste avanço gerenciar todo esse universo com a ajuda de plataformas de software baseadas em Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning (ML). No caso do ecossistema de Open Banking, some-se a isso a intensa troca de dados baseada em APIs e ficará claro o altíssimo nível de qualidade de serviço (QoS) que a indústria financeira está buscando.
O desafio de gerenciar múltiplos Data Centers
Toda essa evolução exige que o gestor do Data Center administre, com segurança e controle, os múltiplos e geograficamente distribuídos Data Centers que suportam o sistema brasileiro de Open Banking. Da menor fintech ao maior banco, o desafio é o mesmo: para manter o data center operando 24×7, é necessário ter uma visão preditiva de futuras falhas ou downtimes.
Serviços de monitoramento colaboram na conquista desse objetivo. Essas ofertas de serviços misturam pessoas – experientes profissionais do Data Center – e sofisticadas soluções de monitoramento, plataformas baseadas em recursos de Inteligência Artificial e Machine Learning. O conceito chave é automação. Essa é a única forma com que o gestor do data center consegue ter visibilidade e controle sobre a miríade de componentes digitais (hardware e software) da infraestrutura crítica. A meta é usar os serviços de monitoramento para gerenciar a performance do data center, trabalhando para que so consumo de energia, equipamentos e floor space seja realizado da forma mais eficiente possível. Detalhados SLAs oferecidos pelo provedor desse tipo de serviço garantem o suporte ao data center da instituição financeira.
Soluções e serviços suportam a operação do Data Center
As seguidas disrupções trazidas pelo Open Banking ao setor financeiro brasileiro aumentam a criticidade dos Data Centers. Se, por exemplo, faltar energia elétrica por qualquer motivo, é essencial contar com sistemas UPS capazes de fornecer energia de qualidade para os equipamentos mais críticos da operação.
Outra causa de downtime que pode ser evitada são as condições ambientais dentro do data center. Os equipamentos adicionais necessários para suportar a explosão de dados trazida pelo Open Banking pode fazer com que as temperaturas do data center aumentem, causando a interrupção de serviços. Sistemas de ar-condicionado de precisão, projetados para dar suporte à eletrônica sensível em salas de servidores, são a resposta para controlar as condições da sala e dos racks de forma que os equipamentos evitem o calor excessivo e que falhas aconteçam. Tanto no caso de sistemas de energia como de ar-condicionado, é essencial escolher soluções sustentáveis e que otimizem o consumo de recursos.
Para oferecer a melhor experiência aos clientes – pessoas e organizações que, em milissegundos, podem optar por fazer negócios com outros membros do Open Banking brasileiro –, é recomendável, ainda, contar com um parceiro de infraestrutura crítica com expertise em serviços. Num momento em que o mercado brasileiro de data centers está se expandindo e recursos são limitados, profissionais treinados e certificados nas melhores práticas de gestão de data center e de entrega de serviços podem suportar a infraestrutura crítica da organização, liberando recursos para outras iniciativas estratégicas.
Todos esses elementos configuram um quadro desafiador. De um lado, o imenso volume de dados que será processado pelos milhares de integrantes do Open Banking brasileiro; do outro lado, orçamentos controlados e reduzidas equipes de data centers chamadas a entregar cada vez mais serviços críticos. Quem equacionar essas questões ganhará espaço no Open Banking brasileiro e suportará o crescimento da economia brasileira em 2022.
Por Ricardo Galvão, gerente de vendas da Vertiv Brasil.
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Campo digitalizado: sustentabilidade e eficiência
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