A escassez global de talentos preparados para a economia digital vem exigindo que as empresas concentrem esforços para garantir que seus colaboradores se atualizem nas habilidades e competências técnicas mais recentes. O mercado de tecnologia enfrenta um apagão de talentos, ao mesmo tempo em que o número de pessoas desempregadas atinge patamares inéditos.
Para Leandro Herrera, CEO e fundador da Tera, startup de educação para economia digital, parte do problema pode ser resolvido com o investimento constante em capacitação por parte das empresas. “O meio para isso é por upskilling e reskilling. Enquanto o primeiro visa ensinar um trabalhador novas competências para otimizar seu desempenho, o último é um treinamento para realocar o colaborador em um novo posto dentro da empresa”, explica Herrera, que já formou com a Tera mais de 10 mil estudantes e atende mais de 300 empresas no processo de qualificação dos seus colaboradores, como Itaú e IFood.
Recrutadores também já identificaram que ajudar funcionários a viabilizar seus estudos, seja por meio de verba financeira ou concessão de horas/trabalho, tem aumentado a candidatura das vagas e, também, a posterior retenção. Os benefícios podem chegar a R$ 2 mil/ano por pessoa para custeio de cursos e pagamento integral de aulas de inglês, graduação e extensão.
50% de coparticipação em curso de línguas
Buscando ter profissionais aptos a acompanhar os movimentos internacionais do mercado, a Payface, fintech de reconhecimento facial para pagamentos, oferece aulas de inglês opcionais aos colaboradores, com 50% de coparticipação no valor. “Para nós, a proficiência no inglês é importante sim, mas não vemos como requisito obrigatório. Entendemos que para algumas áreas, como a de produto, o conhecimento básico é necessário, tendo em vista que todos os nossos sistemas seguem o padrão internacional”, explica Bruna Adriano, Head de Pessoas e Gestão do Conhecimento da fintech. “Em um país em que menos de 5% da população fala inglês e menos de 1% é fluente, perdemos bons profissionais se não nos disponibilizamos a ajudar a equipe no aprofundamento da língua”, completa.
Programas internos e R$1 mil/ano para certificações
Além de ajuda financeira, em que cada colaborador recebe o benefício de R$1 mil/ano para certificações, a multinacional de hospedagem de sites HostGator também atua com diferentes programas internos. Com a iniciativa Starter, qualquer um da empresa pode se tornar desenvolvedor. Ao longo de seis meses, os participantes dividem o tempo entre as atividades do setor de origem e a capacitação — podendo depois, caso aprovados, migrar para a área. “O mercado de tecnologia está aquecido e há escassez de pessoas qualificadas. Com essas ações, ajudamos o setor e ainda conseguimos absorver talentos”, explica Giulianna Boscardin, líder de pessoas da HostGator. O negócio ainda conta com o programa Golden Ticket, que auxilia àqueles com perfil de liderança com workshops e treinamentos, e a Academia de Liderança, que beneficia gestores com novos materiais, como Kindle e mentoria mensal.
Bolsas integrais para graduação, pós-graduação, extensão e idiomas
A Reivax, multinacional brasileira que atua no controle da geração de energia, investiu mais de R$800 mil em capacitações internas entre 2019 e 2021. Só em 2020, mesmo em um período de instabilidade econômica, foram investidos mais de R$315 mil. “Como estamos inseridos num contexto de tecnologia e inovação, buscamos preencher possíveis gaps de habilidades com a nossa política onde todos os colaboradores podem se candidatar para receber bolsas integrais para cursos de graduação e pós-graduação, de idiomas ou de extensão”, comenta Sinéia dos Santos, gerente de Administração de Pessoal da Reivax. A organização também abona oito horas por mês do banco para que o funcionário possa se dedicar aos estudos.
Treinamentos internos e externos e subsídio educacional
A RTM, hub integrador do mercado financeiro, há seis anos promove o Programa de Educação Corporativa, que envolve desde treinamentos internos e externos até subsídio educacional, fornecendo bolsa de estudos parciais para graduação, pós-graduação, mestrado e idiomas. Nos últimos quatro anos, a empresa já investiu cerca de R$ 830 mil reais no programa que beneficia mais de 60 pessoas todo ano. “Incentivar o desenvolvimento de competências promove aumento na confiança, motivação e produtividade dos colaboradores e ainda estimula o surgimento de ideias inovadoras”, conta André Mello, CEO da RTM. Em 2021, foram investidos mais de R$ 370 mil no programa, o que representa cerca de 60% a mais do valor reservado do ano anterior.
R$130/mês e R$ 2,5 mil/ano por pessoa em educação e cultura
A GeekHunter, empresa de recrutamento especializada na contratação de profissionais de tecnologia, investe anualmente R$ 250 mil no desenvolvimento da equipe — sendo em média R$ 2,5 mil/ano por pessoa para diferentes treinamentos. Além disso, todo o time recebe R$ 130/mês para usarem com educação e cultura, 30% dos funcionários ganham bolsa parcial para estudar inglês e toda a empresa tem acesso a descontos em cursos de idiomas e demais áreas. “Está na nossa cultura ter as pessoas como protagonistas do seu próprio desenvolvimento. Como resultado, em 2021, quando tínhamos cerca de 100 colaboradores, a nossa taxa de desligamento havia caído pela metade comparado ao ano anterior, quando tínhamos uma equipe de 30 pessoas”, conta Jorge Mallet, líder de Pessoas da GeekHunter.
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