A segurança sempre foi uma preocupação constante na vida off-line das pessoas e agora ela também precisa estar presente no seu mundo on-line. Por mais que seja comum ouvir dizer que os dados são o novo petróleo, foi somente com a regulamentação da LGPD que muitas pessoas começaram a se questionar se realmente estão seguras no ambiente virtual.
Com o aperfeiçoamento de computadores, celulares, redes de internet e, claro, de ferramentas de coleta desses dados, o usuário precisa encontrar formas de se proteger. Mas, muitas vezes, acaba se confundindo com o que é realmente seguro devido aos vários mitos relacionados à web que foram sendo alimentados no decorrer do tempo.
É comum, por exemplo, que o usuário navegue pela internet usando a janela anônima pensando que está seguro. No entanto, essa é uma sensação falsa pois, a cada nova janela anônima, é gerado um novo ID. Se um cientista de dados quiser, ele consegue cruzar facilmente vários IDs diferentes e identificar quem é a pessoa usuária. Por isso, não podemos dizer que esse tipo de navegação é 100% segura, como muitos pensam.
Outra tecnologia existente que dá uma falsa sensação de segurança é a criptografia. Um exemplo do cotidiano é o Whatsapp, no qual há uma mensagem informando que suas conversas estão criptografadas de ponta a ponta. Embora sejamos levados a pensar que esse tipo de tecnologia é segura, já temos informações, de acordo com a organização de jornalismo independente ProPublica, de que, em setembro de 2021, Facebook pagou mais de mil trabalhadores ao redor do globo para ler e moderar as mensagens do app — que para nós, usuários, eram privadas.
Mas, nem tudo está perdido. Uma informação que nem todas as pessoas têm é que podem pedir que as empresas eliminem os dados pessoais sempre que quiserem. Isso significa que o usuário que não quiser ter seus dados armazenados em um site ou aplicativo, tem o direito de solicitar que a empresa os delete.
Apenas em algumas exceções e em casos específicos, como por exigência legal ou regulatória, eles podem ser mantidos, mas, de forma geral, o usuário é o detentor de seus dados e escolhe com quem quer compartilhá-los.
Uma curiosidade, que talvez seja até óbvia, é que, em uma pesquisa que fizemos em outros aplicativos que desenvolvemos, vimos que as plataformas de relacionamento, como Tinder, por exemplo, são as que batem recorde na solicitação de exclusão de dados.
Outro ponto que é extremamente importante quando falamos de segurança na web é relativa aos cookies. Os cookies são arquivos que contêm vários tipos de informações, como o conteúdo que você buscou e os links que clicou.
Eles ficam armazenados no computador do usuário depois que acessam um site e apresentam um risco potencial para a privacidade porque são capazes de rastrear, armazenar e compartilhar seu comportamento do usuário.
E foi visando à segurança dos nossos dados pessoais que surgiu a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Ela já está em vigor desde 2020 e exige que qualquer site que colete informações dos usuários tenha uma política de cookies atualizada. Isso vale para qualquer site, até mesmo os pequenos e com pouco tráfego.
Aliás, ter uma política de cookies e um banner de aviso de cookies é o mínimo que a empresa pode fazer para começar a se adequar a essa lei. A boa notícia é que a tecnologia já possibilita soluções simples e baratas até mesmo para as empresas que não possuem um departamento específico para esse fim.
Embora esta seja apenas uma pontinha do iceberg, já estamos dando os primeiros passos para conseguirmos estar mais seguros na web e ter maior controle dos nossos dados. Isso é algo que não depende apenas das empresas, cabe a nós, como usuários, cobrarmos o cumprimento por parte delas.
Por Rodrigo Irarrazaval, CEO da privacytech Wibson.
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