A edição deste ano da pesquisa “Agenda”, da Deloitte, organização de serviços profissionais, realizada com 491 empresas – 57 do setor de Tecnologia, Mídia e Telecomunicações (TMT) –, apresenta as prioridades e expectativas dos líderes empresariais para o ambiente de negócios no Brasil, em relação aos investimentos, às iniciativas e ao cenário econômico, social e político para 2022. As respostas mostram a importância da Transformação Digital, fundamental para a sustentabilidade dos negócios, e que se intensificou devido à pandemia de Covid-19. Além dos eventos adversos na economia global que deixaram o mundo num ambiente mais imprevisível e, automaticamente, aumentaram incertezas e a busca por novo caminhos para a manutenção da competitividade das empresas de todos os setores.
O recorte das empresas que representam os setores de Tecnologia, Mídia e Telecomunicações revela que a qualificação tecnológica e a qualificação geral dos profissionais, bem como a área de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), deverão ser alguns dos destaques dos segmentos em 2022. “A formação e treinamento de profissionais voltados às questões tecnológicas tem sido uma das prioridades das empresas do setor que, cada vez mais, sentem a necessidade de se manterem atualizadas e competitivas frente à aplicação de soluções e ferramentas inovadoras em suas rotinas. A pesquisa deixa claro também a importância da área de Pesquisa e Desenvolvimento, necessária e prioritária para o desenvolvimento de diversos setores dentro das companhias”, destaca Marcia Ogawa, sócia-líder de Tecnologia, Mídia e Telecomunicações da Deloitte.
Apesar das apostas para o próximo ano, a pesquisa retrata que quase dois terços (65%) dos respondentes das organizações de TMT esperam queda ou estabilidade do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em 2022, em uma variação abaixo de -0,5% a 0,5%, enquanto 35% acreditam num crescimento ou forte crescimento.
Aumento no quadro de funcionários e qualificação de profissionais são focos prioritários em 2022
Em novembro de 2021, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicou que a taxa de desemprego no Brasil recuou para 11,6% no trimestre encerrado no mesmo mês. Acompanhando essa expectativa, 61% dos empresários do segmento de TMT declararam que pretendem aumentar o quadro de profissionais em 2022. A manutenção do quadro, sem substituições, será realizada por 14% das empresas e a manutenção com substituições por 22%; apenas 4% dos empresários afirmaram realizar diminuição do quadro de funcionários. Entre os que pretendem reduzir ou substituir, independentemente do cenário, as razões mais indicadas foram a redução de custos (50%), a substituição por profissionais mais qualificados (42%), a robotização/automação de processos (25%) e a diminuição da demanda (8%).
A “Agenda 2022” ainda revela que 96% dos empresários de TMT que responderam à pesquisa têm como investimento prioritário o treinamento e formação de funcionários. Os outros investimentos apontados como prioritários pelos participantes foram em lançamento de produtos ou serviços (94%), Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), apontado por 76%, e parceria com startups (57%).
Empresas mantêm investimentos em tecnologia e P&D
Os investimentos em qualificação tecnológica são grande destaque para as empresas dos segmentos, sendo prioridade para todas as empresas respondentes de TMT; pouco mais de dois terços das companhias (67%) vão direcionar esses treinamentos a diversas áreas da empresa. Além disso, os investimentos na área serão direcionados a sistemas e ferramentas de gestão e segurança digital (ambos para 98% dos empresários), infraestrutura (96%), gestão de dados (94%), ferramentas de Customer marketing (91%), Canais de atendimento ao consumidor (81%) e Canais de vendas online (67%). Outros investimentos que chamam a atenção são os relacionados às tecnologias emergentes, que serão direcionados à Robôs Móveis Autônomos (AMR), apontados por 38% das empresas, digitalização do parque fabril (23%) e realidade virtual aumentada e drones (15%).
Na área de P&D, 80% dos empresários realizarão investimentos ao longo de 2022. Das empresas que afirmam investir, 59% pretendem focar em pesquisa aplicada, 52% no desenvolvimento experimental, 20% em pesquisa básica dirigida e 7% em tecnologia industrial básica.
As ações de inovação realizadas colaborativamente, segundo os respondentes, serão: desenvolvimento de novos produtos/serviços e comunicação/interação com os clientes (ambos apontados por 62%), treinamento de equipes (57%), realização de pesquisas e adoção de novas tecnologias (ambos por 47%), realização de eventos (45%), troca de conhecimento/experiências (43%), captação de investimentos/recursos financeiros (28%), simplificação de processos burocráticos (23%), registro de patentes (17%) e intercâmbio de funcionários (9%).
Inflação abaixo de 5%, oferta de crédito às empresas, foco em educação, combate à corrupção e reforma tributária são principais prioridades para o governo
A pesquisa identificou, de acordo com respostas dos empresários, prioridades para o governo em 2022. No que se refere ao apoio à atividade econômica, foi apontada, em primeiro lugar, a inflação abaixo dos 5%, seguida pelo estímulo à geração de empregos, infraestrutura e logística e investimentos em telecomunicações; a revisão da política de juros ocupou o 6º lugar para as empresas de TMT e ficou entre as quatro prioridades para as empresas entrevistadas na pesquisa nacional. No campo do empreendedorismo, foram indicados, em ordem de preferência, a oferta de crédito às empresas, o incentivo à transformação digital, a ampliação do apoio às micro e pequenas empresas e a abertura e fechamento de empresas.
Já as quatro prioridades do governo de impacto social deveriam ser, de acordo com os entrevistados: educação, como item mais apontado, seguido por saúde, ciência e tecnologia e segurança pública. Quanto à melhoria da eficiência da gestão pública, espera-se o combate à corrupção e, na sequência, a reforma administrativa, novas privatizações e soluções tecnológicas; o planejamento estratégico de médio e longo prazos e a desburocratização operacional também ocupam o “top 10” do que se espera pelos empresários do setor de TMT, assim como para todos os respondentes da pesquisa. Por fim, referente às leis e regulamentações, as prioridades aguardadas são a reforma tributária, a legislação trabalhista, os ataques cibernéticos, a adequação à LGPD e a legislação ambiental, que apareceu em 6º lugar para as empresas do setor e foi também umas das três principais prioridades na pesquisa nacional.
Quanto à perspectiva dos respondentes sobre a mais recente proposta de reforma tributária em tramitação no Congresso Nacional, a maioria concorda parcialmente (53%), 30% desconhecem a proposta, 9% discordam e 9% concordam totalmente.
Quase dois terços (30%) das empresas de TMT disseram que sua indústria precisa de revisões ou novas regulamentações. As principais demandas dessas organizações são a simplificação tributária, novas formas de captação de recursos, evolução do Marco Legal das Startups e o fomento à tecnologia por meio de treinamentos.
Expectativas, preocupações, ações estratégicas e desafios em um ano de mudanças
O segmento de Tecnologia, Mídia e Telecomunicações está otimista na expectativa da variação da taxa de crescimento das vendas para 2022. Ultrapassando a média geral dos respondentes da pesquisa (10,2%), a média da taxa de crescimento de vendas esperadas pelos empresários do setor são de 11,7%; 24% esperam um aumento de vendas maior que 20% e apenas 4% acreditam em uma queda de vendas.
Como ações estratégicas apontadas pelos respondentes do setor estão a participação em licitações e privatizações (55%), a aquisição de empresas (32%), aquisição de produtos/marcas (25%) e a participação em concessões públicas (11%). Para expandir os negócios, os empresários informaram que pretendem comprar máquinas e equipamentos (42%), abrir novos pontos de vendas (38%), ampliar as atuais unidades de produção (23%), e abrir novas unidades de produção (15%).
Os desafios, porém, para tirar os projetos de capital do papel, são muitos: ocupando as quatro primeiras posições, para os entrevistados do setor, estão a falta de mão de obra qualificada, a imprevisibilidade de receitas/vendas, custo de captação para financiamento e a imprevisibilidade dos resultados. Foram elencados, ainda, a volatilidade do mercado, a definição de orçamento, burocracia para captação de recursos, insegurança legal/jurídica e atendimento à ESG.
Diante do que foi vivenciado nos últimos anos com as variações das últimas eleições e com os impactos da pandemia, os empresários apontam a evolução do processo eleitoral (75%) como a maior preocupação para o ambiente de negócios em 2022. As outras preocupações elencadas foram a inflação acima de 5% (61%), as instabilidades políticas (53%), alta dos juros e desvalorização do real (ambos por 49%), nova onda da Covid-19 (46%), volatilidade na bolsa e no câmbio (39%) e riscos fiscais (39%).
“Mesmo com incertezas no ambiente de negócios, as organizações continuarão investindo em Transformação Digital, capacitação profissional e melhoria contínua de suas operações. Somente assim elas vão se manter competitivas em um contexto de mudanças tão relevantes como o atual. A ´Agenda 2022´ revela que há uma consciência clara das empresas sobre o dever de casa a ser feito. Em cenários mais voláteis, a resposta das organizações sempre requer planejamento e pragmatismo”, destaca João Gumiero, sócio-líder de Desenvolvimento de Mercado da Deloitte.
Metodologia e amostra da pesquisa
A edição de 2022 da pesquisa “Agenda” contou com a participação de 491 empresas, cujas receitas líquidas totalizaram R$ 2,9 trilhões em 2021 – o que equivale a 35% do PIB brasileiro. A distribuição geográfica da amostra ocorre da seguinte forma (considerando a sede administrativa das empresas): 72% na região Sudeste, 13% na região Sul, 9% no Nordeste e 6% no Centro-Oeste e no Norte do País. Do total dos respondentes, 64% estão em cargos de liderança C-Level. Adicionalmente, 33% das empresas participantes são de prestação de serviços, 15% de bens de consumo, 15% de infraestrutura, 12% de TI e Telecomunicações, 9% de Agro, Alimentos e Bebidas, 7% de serviços financeiros, 7% de comércio e 2% de mineração, petróleo e gás.
Serviço
www.deloitte.com.br.
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