A presença feminina na área de tecnologia – bem como no mercado de trabalho em geral – avança a passos lentos, ainda que firmes. Representando apenas 20% dos postos na área, de acordo com dados do IBGE, esse número cai ainda mais quanto mais alta a hierarquia dentro das empresas. As estatísticas seguem na contramão do exponente crescimento do mercado de trabalho tecnológico brasileiro, que obteve um aumento de 63% no número de vagas em TI no ano de 2020, comparado ao ano anterior, de acordo com o Banco Nacional de Empregos.
Ainda que eu faça parte do diminuto grupo de mulheres em cargos de liderança na área tech, minha trajetória neste mercado me permite ter uma visão clara e pontual das lacunas a serem preenchidas nesse sentido, e da urgência na implementação de políticas de incentivo para a introdução de mulheres na área. Acredito genuinamente que, para que a mudança ocorra de maneira efetiva, ela deve vir “de dentro”, através da cultura interna das empresas, onde independentemente de gênero, seja possível alçar voos altos e conquistar seu espaço.
A cultura da empresa é fator determinante para que as práticas de incentivo sejam implementadas de forma efetiva. A Softtek – empresa global de TI onde atuo há 23 anos – tem o quadro de colaboradores no Brasil formado por 27% de mulheres. O objetivo é aumentar cada vez mais esse número, expandindo a presença de mulheres também nos cargos de liderança, que hoje representam 30%. Para se ter ideia da dimensão do papel feminino na empresa, destaco aqui a nossa CEO mundial, Blanca Treviño, profissional referência na indústria tech, eleita pela Forbes “uma das 50 mulheres mais influentes do México”, dentre outros inúmeros reconhecimentos do mercado.
Recentemente, em parceria com a ONG Meu Futuro Digital e com o coletivo de mulheres Ser Mulher em Tech, estamos impulsionando e apoiando a edição 2021 do Programa de Mentoria do Projeto Ser Mulher em Tech. A Softtek atuará com suas executivas de TI como parte do grupo de mentoras do Programa, que atuarão como mentoras de meninas e mulheres que desejam ingressar na área. As mentoradas serão selecionadas pela equipe do Ser Mulher em Tech e apresentadas para a equipe de mentoras. Após o término do período de mentoria, as jovens serão direcionadas para vagas de TI tanto da Softtek quanto de outros parceiros interessados em ampliar a participação feminina em suas empresas.
Além das iniciativas no macro, é possível começar o empoderamento feminino profissional no dia a dia – na minha equipe tenho duas mulheres, contratadas na pandemia. É preciso quebrar os paradigmas – externos e internos – para que as mulheres se sintam capazes e confiantes e potencializem suas tantas qualidades inerentes, que certamente beneficiarão os negócios.
Por Ana Dividino, vice-presidente de negócios da Softtek Brasil.
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