Que a pandemia de Covid-19 acelerou o processo de digitalização nas empresas todo mundo sabe. E por causa disso, os CIOs vão enfrentar novos desafios nos próximos anos, um novo passo na jornada transformacional que irá impactar não somente a infraestrutura de TI, mas as redes tecnológicas e ecossistemas para suprir as demandas dos top managers e unidades de negócios, que viram a TI ganhar protagonismo neste período. Esse tema foi debatido na quinta-feira (24/6) durante o evento Digital Roadshow Dynamic Enterprise Brasil, da IDC.
“Antes da pandemia a área de TI era vista com mal necessário e hoje é o alicerce competitivo e isso faz com que as áreas de tecnologia tenham muita exposição. Ao mesmo tempo traz uma pressão importante para adoção de orçamentos mais flexíveis – 40% dos CIOs de médias e grandes empresas nos reportam que uma das grandes iniciativas durante o ano de 2021 é aprender a gerenciar orçamentos de tecnologias flexíveis. Se a empresa está vendendo mais, o orçamento cresce, se vende menos, o orçamento reduz”, disse Denis Arcieri, country manager da IDC Brasil durante o evento. “As áreas de negócios estão exigindo cada vez mais flexibilidade, velocidade e escalabilidade para soluções de tecnologia, vemos que os próximos anos serão transformacionais para os CIOs”, comentou.
Luciano Saboia, gerente de Pesquisas da IDC Brasil, conta que a pesquisa IT Investment Trends, realizada anualmente com CIOs na América Latina, revela uma mudança nas prioridades dos líderes de TI. Pela primeira vez o item Aumento de Produtividade, Fidelização dos clientes e Introdução de novos produtos e serviços, encabeçou a lista de prioridades. Antes, o principal papel da tecnologia era reduzir custos.
Prioridades
Segundo a pesquisa deste ano, as prioridades dos CIOs estão em itens ligados à segurança, com 70% dos executivos respondendo que pretendem modernizar as soluções e adequar controles aos novos ambientes híbridos e multicloud; consolidação e modernização da infraestrutura é prioridade para 43% dos CIOs; 33% indicou gestão de dados, como Analytics e BI; e 22% disse mobilidade corporativa. A Computação em Nuvem foi citado por 39% dos entrevistados.
Para Saboia, a transformação dos negócios passa pelo alinhamento das prioridades estratégicas, com ênfase na eficiência da infraestrutura digital. “Uma infraestrutura digital eficiente, impulsionando inteligência aplicada ao negócio, movimentando uma cadeia de suprimentos cada vez mais resiliente, buscando a perfeita integração entre os canais e os diversos setores da empresa, permitindo uma experiência do cliente fluida. Para suportar uma organização com mind set digital, que é resiliente, ágil e confiável, a infraestrutura deve estar alinha com a estratégia digital da organização, permitir a implementação rápida, ser capaz de habilitar novos serviços dinamicamente, ter a capacidade de automação e gestão inteligente e habilitar a integração com parceiros e ecossistemas”, explicou o executivo. “Até 2023, a infraestrutura digital será a plataforma que suportará as iniciativas de automação de TI e negócio em todos os lugares”, afirmou.
Segundo a IDC, a infraestrutura digital no Brasil é bastante distribuída, conta com ambientes híbridos e o Cloud Computing como elemento central. “O Brasil utiliza ainda um formato tradicional, com 90% dos CIOs que ouvimos recentemente informando que usam Data Center tradicional para algum tipo de carga de trabalho. Ao mesmo tempo, 52% dizem que usam algum tipo de Nuvem como parte da infraestrutura digital. Assim, ainda temos um grande caminho para percorrer”, disse Saboia. “Também o Local Cloud-as-a-Service (LCaaS) é uma realidade e se torna cada vez mais presente dentro da dinâmica das empresas. Temos a propriedade do Service Provider em uma situação on-site, mas com redução de Opex, o que garante maior foco nos negócios com a utilização dos recursos no modelo Cloud. A Nuvem pública também entra para reduzir o tempo de entrega de novos serviços e produtos, conferindo à infraestrutura da empresa respostas ágeis para as mudanças do mercado”, observou.
Perspectivas
Em relação ao futuro da infraestrutura digital na América Latina, Saboia destacou o LCaaS, com expecrtiva de crescimento até 2024 de 4%; o Edge Computing integrando-se a outras inciativas com crescimento esperado de 15%; o IaaS tradicional, com crescimento esperado até 2024 de 43%, e hiperconvergência, que deve crescer 11% nesse mesmo período. “São destaques também o DevOps, com as implementações de microsserviços, contêineres, ferramentas de integração contínua, OpenShift, isso tudo fazendo parte desse provimento cada vez mais flexível e direcionado como serviço”, comentou.
No evento, Saboia finalizou destacando alguns pontos que os CIOs devem se atentar. A primeira é toda a parte de inteligência, com os dados impulsionando cada vez mais os negócios, sendo muito importante esse alinhamento da TI com a visão de negócio. Um segundo ponto é a plataforma digital: é o ecossistema que tem a capacidade de escalar e integrar múltiplas soluções e também múltiplos elos da cadeia de valor.
O terceiro ponto destacado é a disrupção e a inovação acelerada para lidar com as adversidades com resiliência, sabendo tirar proveito das oportunidades. “É preciso visão de inovação e estratégia, olhando para a tecnologia como grande impulsionador de novos negócios, mais uma vez com a aproximação da TI com as linhas de negócios. Outro destaque é a força de trabalho, o fator humano – foi importante ter as pessoas bem embarcadas nessa transformação da forma de trabalho, nessa mudança da infraestrutura digital de uma forma mais ampla. A força de trabalho motivou uma série de transformações. A pessoas já estão integradas ao modelo de trabalho híbrido, utilizam ferramentas de colaboração, conseguiram ampliar a produtividade e continuam gerando valor para as empresas”, disse Saboia.
Por fim, grande parte dessa transformação digital pela qual o mundo vem passando foi impulsionada pela demanda dos clientes, que querem uma experiência digital integrada, segura, sustentável, para consumir com segurança os serviços e produtos. É uma experiência digital que se integra ao mundo físico, pois quando ele voltar a consumir presencialmente, espera ser reconhecido pela experiência digital que teve.
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