Se a gestão de equipes, naturalmente, é um desafio e um exercício constante de liderança, construção de vínculos e do “saber olhar para o outro”; diante do contexto de pandemia, este desafio se potencializa, dada tanto a necessidade de se atentar ainda mais para os aspectos emocionais de seus colaboradores, quanto a questão do engajamento em dias de trabalho remoto.
E, tendo em vista que a flexibilização dos ambientes de trabalho é uma tendência que, ao que tudo indica, veio para ficar – uma pesquisa recente da consultoria Robert Half, por exemplo, aponta que 95% dos executivos acredita na permanência do trabalho híbrido (em que se consolidam dias de home office e dias no escritório – buscar caminhos para manter seus times envolvidos com os objetivos do negócio e com um sentimento de pertencimento neste novo passo do contexto digital da economia, é uma obrigação de todos os gestores do mercado.
Pensando nisso, minha primeira estratégia foi realizar com o meu time, todas as semanas, períodos de descontração, em que não se é permitido falar de trabalho de modo direto. São momentos para que possamos nos conhecer para além das demandas do dia a dia e, mais do que isso, para criarmos um vínculo de confiança, respeito e empatia.
Toda esta descompressão tem nos auxiliado, por sua vez, a identificar possíveis dificuldades dos colaboradores e a quebrar barreiras de vulnerabilidade que, a distância, se intensificam. E, para apoiar estes espaços seguros de comunicação livre, criei algumas dinâmicas que, além de divertidas, favorecem o clima amigável e de “happy hour”.
Neste artigo, compartilho 4 destas dinâmicas que trouxeram excelentes resultados, feedbacks positivos dos colaboradores e que podem apoiá-lo dentro deste constante desafio de integrar suas equipes virtualmente.
Mudança de papéis
Foco principal: times multidisciplinares
Objetivo: criar senso de responsabilidade, pertencimento e integração entre os colaboradores
Benefícios percebidos: Maior empatia entre os colaboradores, maior senso de colaboração e melhor entendimento das demandas de cada colega de trabalho.
Esta dinâmica é muito interessante para líderes que gerenciam equipes que tem a partir de 5 colaboradores, os quais devem, por sua vez, desempenhar tarefas distintas entre si ou trabalhar a partir de segmentos distintos dentro de uma mesma área, como um time de vendedores especializados em diferentes produtos/segmentos, por exemplo. Para começar, o gestor deve enviar o “novo” cargo do seu colaborador por mensagem privada – o qual deverá, obrigatoriamente, ser desempenhado por outra pessoa do time.
Em seguida, peça para o colaborador escolhido explicar seu novo cargo, principais responsabilidades e, por fim, realizar alguma atividade ou microprojeto em um intervalo de até 20 minutos. Exemplo: um designer “assumirá” o cargo de redator e terá que pensar em temas para os artigos do blog da empresa; um analista de sistemas troca de função com um programador e poderá propor melhorias de navegação no site da empresa ou mesmo uma nova ideia de aplicativo.
Muito mais do que o resultado do trabalho em si, o legal é perceber quais pessoas vão se arriscar, quem tem mais dificuldades de se engajar ou de se expressar, quem consegue exercitar a criatividade e de que modo seus colaboradores lidam com situações fora de suas zona de conforto. Acima de tudo, esse é um ótimo filtro para avaliar a capacidade de adaptação de seus times e fazê-los exercitar a empatia pelos desafios do outro. Além disso, será possível avaliar quem tem percepções mais amplas sobre o trabalho de seus colegas e, consequentemente, maior entendimento das funções desempenhadas no seu time.
Pitch-colega
Foco principal: todos os perfis de equipe
Objetivo: fortalecer a comunicação não-violenta, a quebra de julgamentos e o respeito pela diversidade nas equipes
Benefícios percebidos: melhora da integração e maior proximidade dos colaboradores; além da identificação de pontos a serem fortalecidos no relacionamento dentro do time.
A dinâmica do “pitch-colega” funciona da seguinte forma: para cada colaborador, você envia o nome de outro colega de equipe (Para a Maria, você envia o nome do Pedro; para o Pedro, a Fernanda, etc.) em algum canal privado de mensagens.
No horário programado para a dinâmica, você deverá dar 10 minutos para que cada pessoa pense e estruture um “pitch de vendas” sobre o colega cuja pessoa recebeu o nome, com uma regra simples e objetiva: é proibido utilizar descrições físicas ou características que se associem diretamente as funções daquele colaborador. O foco aqui é reforçar aspectos emocionais, as virtudes e a percepção social de cada colaborador, ao invés de características externas mais superficiais.
Depois do “pitch”, seu time terá 5 minutos para adivinhar de que pessoa se trata. Vocês vão perceber surpresas interessantes, inclusive virtudes que a própria pessoa descrita não reconhecia em si mesma. Além de reforçar a autoestima dos colaboradores, este é um ótimo caminho para fortalecer a intimidade, segurança e até identificar pontos a serem melhorados no diálogo dentro de sua equipe.
Valoriza aí!
Público principal: todos os perfis de equipe (ótimo para colaboradores que estão entrando no time)
Objetivo: fortalecer a criatividade, explicitar valores individuais e “quebrar o gelo” entre os colaboradores
Benefícios percebidos: maior inibição e naturalidade nas relações entre as equipes; empatia, criatividade e comunicação mais fluida.
Reserve pelo menos 1 hora para essa dinâmica. De modo bem objetivo: Cada pessoa deverá expor o valor em que ela mais acredita – porém sem falar! Pode ser por meio do desenho, da mímica, da dança…
O importante aqui é ser criativo e dar espaço para a espontaneidade. Deste modo, cada colaborador poderá conhecer melhor o outro e o gestor, como bônus, terá conhecimento sobre pontos que podem motivar seu funcionário dentro de um processo de desenvolvimento profissional.
Adivinha quem é ele (a)?
Público principal: todos os perfis de equipe
Objetivo: aumentar a proximidade de seu time e o conhecimento sobre cada colaborador
Benefícios percebidos: maior empatia, respeito e intimidade dentro do time.
Para começar, cada colaborador deve responder e enviar as seguintes respostas para os gestores.
Um medo;
Uma situação engraçada;
Sua maior qualidade;
Seu maior defeito;
Quando você estiver com 80 anos, quer ser reconhecido por qual motivo;
O que ninguém aqui sabe sobre você?
Em seguida, os gestores compilam estes dados e vão apresentando cada colaborador, a partir das respostas – mas, sem citar o nome ou o cargo do funcionário. O objetivo é entender até que ponto os colaboradores se conhecem e estimular a proximidade dentro do time.
Todas estas dinâmicas foram criadas a partir de análises que fiz dos meus colaboradores e de pesquisas visando fomentar resultados positivos e, acima de tudo, manter os times unidos, engajados e fortes para os desafios de suas carreiras.
Para absorver melhor estes benefícios, sugiro que os gestores criem indicadores a partir das percepções colhidas nestes momentos de descompressão e, acima de tudo, ouçam os feedbacks de seu time a respeito destas interações, pois saber ouvir é a base das relações de confiança e proximidade que tanto almejamos nestes tempos remotos.
Por Janine Motta, gerente de Marketing da Docket.
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