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Internet só pela telinha

Estudo mostra que celular é o principal dispositivo para acessar a rede para as classes D e E
Internet só pela telinha

Três quartos dos usuários de Internet com 16 anos ou mais das classes D e E (74%) acessam a rede exclusivamente pelo telefone celular, percentual que é de 11% entre os usuários das classes A/B. O dado consta da terceira edição do Painel TIC Covid-19, estudo divulgado recentemente pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). De acordo com o levantamento, situação semelhante ocorre em relação ao teletrabalho, que teve a prevalência do uso de telefones celulares entre profissionais desse estrato social.
O levantamento investigou o uso da Internet no Brasil durante a pandemia do novo coronavírus e, nesta edição, teve como foco o ensino remoto e o teletrabalho, práticas que ganharam relevância no período. O Painel TIC Covid-19 teve como parâmetros os indicadores da pesquisa TIC Domicílios, o que permitiu criar uma base de comparação com dados coletados antes da pandemia. As estimativas obtidas nessa terceira fase representam um contingente de aproximadamente 101 milhões de usuários de Internet, o que corresponde a 83% dos usuários com 16 anos ou mais, público-alvo da pesquisa. A coleta de dados foi realizada entre 10 de setembro e 1º de outubro deste ano.

A pesquisa apontou também que redes sociais e aplicativos de mensagens tiveram papel estratégico na busca por fontes alternativas de renda durante a pandemia 

Segundo o Cetic.br, entre os usuários de Internet com 16 anos ou mais, que frequentam escola ou universidade, o celular aparece como a ferramenta utilizada com maior frequência (37%) para assistir às aulas e atividades educacionais remotas. O uso do dispositivo como o principal recurso para participação nas atividades é maior entre os usuários das classes D/E (54%), se comparado com o percentual daqueles das classes C (43%) e A/B (22%). Já o uso de computador (notebook, computador de mesa e tablet) como o principal recurso para acompanhamento do ensino remoto é maior nas classes A/B (66%), sendo menos acessível aos estudantes das classes C (30%) e D/E (11%).
“A falta de recursos digitais para acessar as aulas e atividades remotas é um dos principais aspectos que podem afetar a continuidade das rotinas educativas durante a pandemia. As disparidades de acesso às TIC entre estudantes dos distintos perfis socioeconômicos também criam oportunidades desiguais para a aprendizagem”, destaca Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br e NIC.br.
Ainda sobre as barreiras enfrentadas para o ensino remoto, de maneira geral, a dificuldade de esclarecer dúvidas com os professores (38%) e a falta ou a baixa qualidade da conexão à Internet (36%) figuraram entre as principais queixas atribuídas pelos alunos de 16 anos ou mais que frequentam escola ou universidade para participar das aulas ou atividades a distância. Ambas foram as barreiras mais reportadas pelos estudantes das classes D e E (41% e 39%, respectivamente). A baixa qualidade do conteúdo das aulas (31%) e a falta de acesso a materiais de estudo (25%) foram outras dificuldades apontadas por esses estudantes.
Trabalho em casa
Aproximadamente quatro em cada dez usuários de Internet que trabalharam durante a pandemia realizaram teletrabalho, o que corresponde a 23 milhões de pessoas. Isso ocorreu predominantemente entre indivíduos com ensino superior (65%), aos pertencentes às classes A/B (70%), e os com 60 anos ou mais (58%). Perfil semelhante foi observado entre os que mais recorreram ao notebook para exercer suas atividades profissionais: 52% eram das classes A/B, 56% tinham ensino superior e 67% estavam na mesma faixa etária descrita acima (60 anos ou mais).
Situação oposta, porém, ocorreu quando o dispositivo usado para trabalhar foi o celular: 84% dos usuários de Internet das classes D/E fez uso de smartphones para atividades de trabalho, 70% tinham o ensino fundamental e 56% com idades entre 16 e 24 anos.
Em relação ao apoio das organizações em que trabalham para realizar suas atividades em domicílio, os usuários das classes A/B foram os que mais receberam esse tipo de suporte, como notebooks, celulares ou suporte técnico. Nos demais estratos,
menos de um terço recebeu suporte das empresas. De maneira geral, aplicativos de mensagens instantâneas foram as ferramentas mais utilizadas para realizar atividades de trabalho pela Internet (86%), seguidas pelas redes sociais (63%), plataformas de compartilhamentos de arquivos (63%) e plataformas de videoconferência (62%).
A pesquisa apontou também que redes sociais e aplicativos de mensagens tiveram papel estratégico na busca por fontes alternativas de renda durante a pandemia. O estudo verificou que o uso dessas ferramentas para a comercialização de serviços e produtos se intensificou no período. Entre os que realizaram vendas de bens e serviços por aplicativos de mensagens ou por redes sociais, os maiores percentuais foram de mulheres das classes A e B (37% e 34%, respectivamente) e com ensino médio (34% e 32%). Entre os que utilizaram aplicativos como fonte de renda, mais da metade (53%) informou que essa era uma atividade para complementar os rendimentos, enquanto cerca de um terço (32%) informou que era o único trabalho realizado durante a pandemia.
“Aliado às limitações que o acesso desigual a dispositivos digitais impõe, é fundamental considerar como as disparidades socioeconômicas entre indivíduos podem representar um aproveitamento menor de funcionalidades oferecidas pelas TIC para o teletrabalho”, reitera o gerente do Cetic.br.
Serviço
www.cetic.br
 

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