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Promessa de mais competição entre os bancos

Em novembro, começa a primeira etapa do Open Banking, sistema aberto para compartilhamento de informações dos clientes, que beneficiará as Fintechs
Promessa de mais competição entre os bancos

Novembro será um mês de muitas novidades no Sistema Financeiro Nacional. No dia 16 entra em operação o Pix, um novo meio de pagamento e transferência sem custo, que irá concorrer com os tradicionais Ted e Doc, mas com a vantagem de operar 24 horas por dia, 7 dias na semana. Já no dia 30 tem início a primeira fase do Open Banking, um sistema aberto para compartilhamento de informações de clientes com outras instituições financeiras. Espera-se com isso maior competitividade no setor. “O Open Banking é um sistema aberto para compartilhamento de informações relacionadas aos negócios financeiros, às transações dos clientes, seus dados e produtos. Tem como principal mote uma democratização do acesso às informações de uma forma rápida e segura, mas regulada pelo BC, para que ele tenha um controle do sistema”, afirma Carlos Kazuo Missao, executivo responsável pela área de Desenvolvimento de Negócios da GFT.
Segundo ele, este modelo já foi e está sendo implementado em vários países no mundo, inclusive em mercado bem mais maduros que o do Brasil. O objetivo é aumentar a concorrência e fomentar a inovação, pois a tecnologia permite que o ecossistema trabalhe de forma mais aberta, integrada, e isso abre muitas oportunidades de novos modelos de negócios.

A monetização será explorar novos negócios, ganhar eficiência ou gerar novas receitas de derivados dos produtos atuais  

No Brasil, o Open Banking foi dividido em quatro etapas. A primeira, prevista para 16 de novembro, aborda apenas informações que são públicas, como os canais de atendimento e os produtos e serviços dos bancos. Essas informações poderão ser trocadas pelos participantes. Já a segunda etapa, prevista para maio de 2021, haverá o compartilhamento das informações cadastrais dos clientes e as suas transações financeiras em conta corrente, poupança, cartões e outros. “Aqui sim começa a ter discussões de como fazer esse compartilhamento, como explorar modelos de negócios mais inteligentes com uso de dados dos clientes, preocupações com a segurança e com a privacidade dos dados”, afirma Missao.
“A terceira fase, para o final de 2021, será possível iniciar pagamentos através desse sistema aberto, com possibilidade de iniciar o pagamento de uma instituição através da sua plataforma, não necessariamente da plataforma da instituição alvo. Isso abre uma série de possibilidades”, diz o executivo. Já a quarta etapa versa sobre outros produtos e serviços que não estão muito claro, mas o BC tem se mostrado bastante arrojado no que tange o alcance do Open Banking no Brasil.
O Brasil tem uma população jovem, com propensão de ser um cliente digital. Inicialmente, o sistema deve mirar classes mais altas, pois as classes C, D e E têm dificuldades em explorar esse modelo. “São mais de 45 milhões de pessoas que não são bancarizadas e o Open Banking vai atender essas pessoas por meio de Fintechs que ofereçam uma conta de pagamento ou emissor de moeda digital, como eles estão se chamando. Além disso, há problema de infraestrutura, temos 70 milhões de pessoas com conexão de dados muito ruim ou sem conexão e o sistema se dará basicamente por uso de mobile. Será interessante observar como os bancos e as Fintechs vão se posicionar, que tipos de produtos serão oferecidos primeiro”, diz Missao.
Funcionamento
Estão obrigadas a participar do Open Banking instituições financeiras classificadas como S1 (porte igual ou superior a 10% do PIB ou que sejam ativas internacionalmente) e S2 (porte entre 1% e 10% do PIB). Para os demais é opcional, mas esta é uma grande oportunidade para as Fintechs, startups financeiras que usam a tecnologia como base em seus serviços.
De acordo com Missao, o cliente não pode ser tarifado por operações que estão em seu ecossistema. “Tem gente falando em monetizar por acesso ou volume de acesso, que é possível e provavelmente acontecerá, mas nós na GFT não acreditamos que os bancos vão ganhar dinheiro por cobrarem pelas informações”, diz o executivo. “A monetização será explorar novos negócios, ganhar eficiência ou gerar novas receitas de derivados dos produtos atuais. Assim haverá novas receitas e retenção dos clientes”, afirma.
Uma boa notícia é que, com maior concorrência, poderá haver queda nas taxas de juros cobradas pelos bancos, principalmente no cheque especial e cartão de crédito. “Haverá outros participantes além dos bancos tradicionais, que têm interesse em capturar essa demanda, oferecendo juros menores”, comenta Missao. “No Open Banking ele poderá puxar informações do cliente, coloca tudo isso em uma arquitetura de dados e descobrir o comportamento desse cliente, quanto paga de juros no cheque especial ou cartão. Usando sistemas de score de crédito e risco, ele poderá oferecer juros menores”, afirma.
Serviço
www.gft.com
 

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