A atual pandemia é um divisor de águas na história dos data centers brasileiros. Infraestrutura crítica que trabalha 24x7x365 para oferecer serviços de alta disponibilidade a empresas e pessoas, o data center tem sido reconhecido, desde o início da crise, como um provedor de serviços essenciais. A pandemia testou o data center da maneira mais exigente possível. São os serviços providos pelo data center que suportam consultas por meio da Telemedicina, tornam possível o trabalho remoto de seis em cada dez profissionais brasileiros (de acordo com a consultoria Indico), garantem o estudo à distância (EAD), reúnem amigos e familiares por meio de vídeo conferências, suportam o e-commerce e o e-banking.
Embora ainda não existam estatísticas sobre o crescimento dos data centers brasileiros durante a pandemia, a partir do que se passou com a China é possível delinear um quadro bem claro. Relatório divulgado em junho pela consultoria inglesa Data Centre Pricing (DCP) mostra que, entre janeiro e março deste ano – período em que a China viveu o auge da crise – o tráfego dos data centers chineses cresceu, em média, 34% em relação ao mesmo período de 2019. Para fazer uma comparação, basta considerar que, de acordo com o IDC Brasil, desde março, quando começou o isolamento social no país, o tráfego das operadoras de Telecom – donas de alguns dos maiores data centers do mercado – cresceu entre 30 e 40%.
Não por acaso, o setor de data centers tem sido e continuará a ser, em 2020, o foco de grandes negócios. Em plena crise aconteceram aquisições importantes no mercado de data centers de Colocation. Os investimentos em grandes sites não foram interrompidos, sendo liderados pelos principais players do mercado de Colocation.
Colocation continua em expansão
Em data center que oferece serviços de Colocation coloca à disposição do cliente um espaço dedicado que fornece toda a infraestrutura para receber os racks com servidores, roteadores, etc. da empresa usuária. Essa base inclui soluções de energia e sistemas de climatização, tecnologias essenciais para a continuidade da operação do data center. O segmento de Colocation no Brasil, com 65 data centers (dados da Data center Map), continuou avançando mesmo em meio à pandemia.
Durante os primeiros seis meses de 2020, os projetos de expansão já planejados ou já iniciados seguiram em frente. Isso é o que relatórios da indústria e as notícias sobre o mercado têm mostrado. A acelerada digitalização de processos produzida pelo isolamento social só fez aumentar a procura pelos serviços em nuvem e pelos data centers de Colocation.
Um exemplo desse movimento pode ser visto na vertical Varejo. Pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABCOMM) entre 23 de março e 31 de maio deste ano mostra que, em todo o Brasil, 107 mil novas lojas virtuais foram criadas nesse período. A grande maioria usou a nuvem como espaço de hospedagem de seus sites de e-commerce.
Data centers corporativos apostam em arquiteturas híbridas
A pandemia pode ter acelerado uma tendência que foi apontada pelos experts da Vertiv no início de 2020: a adoção de arquiteturas híbridas pelas empresas usuárias, mesclando data centers on-premises com ofertas de cloud computing hospedadas em grandes sites de Colocation. O objetivo dos gestores de infraestrutura crítica das empresas usuárias é construir um mix que atenda de forma precisa às demandas das aplicações críticas da corporação. Isso envolve seguir operando seu data center on-premises mas, em momentos críticos que exigem velocidade na contratação de mais poder de processamento, adotar a arquitetura híbrida.
Em termos das regiões do Brasil, a área que mais demandou produtos e serviços de infraestrutura crítica desde o início da pandemia foi o triângulo formado pela Grande São Paulo (São Paulo, Osasco, Barueri e Santana de Parnaíba), Campinas e Rio de Janeiro. Essas localidades acolhem, justamente, os principais provedores de Colocation.
Telemedicina utiliza serviços de Data centers para atender o paciente
Entre as verticais da economia, além do Varejo, vale destacar o grande crescimento das operações digitais de saúde. Com a pandemia e o apelo para as pessoas evitarem irem a hospitais, clínicas e consultórios, aumentou o uso de aplicações de Telemedicina baseadas na nuvem e no data center. Trata-se de uma aplicação de videoconferência muito crítica: o médico precisa contar com uma boa qualidade de imagem e de som para realizar o diagnóstico do paciente remoto. Alguns fornecedores para o mercado de Telemedicina têm ofertas que aliam serviços de computação em nuvem a kits de desenvolvimento de aplicações que otimizam o uso da banda, garantindo a qualidade do vídeo.
Para entregar a todos os mercados a melhor experiência digital, o data center exige serviços de alto nível. O isolamento social e a quarentena impostos pela pandemia valorizaram ainda mais as empresas fornecedoras de soluções para data centers que já contavam com uma estrutura mista de serviços, parte in loco, parte remota. Do ponto de vista de monitoração remota do data center, tem crescido muito o uso de soluções de Inteligência Artificial para, de forma preditiva, evitar falhas ou downtime. São soluções úteis que trabalham pelo uptime da infraestrutura crítica de energia e refrigeração do data center.
Estrutura de serviços pulverizada: proximidade com o data center
Ainda assim, seguem acontecendo situações que exigem a presença do técnico do fornecedor da infraestrutura crítica no data center. A entrega do serviço é acelerada quando os times do provedor de serviços estão espalhados da forma mais pulverizada possível pelo mapa do Brasil. São unidades de serviços com pessoal capacitado e treinado que, em menos de uma hora, chegam ao site do cliente. Quem investiu nessa topologia de serviços consegue, mesmo em meio à pandemia, continuar atendendo in loco o cliente com o mínimo de deslocamento e exposição de seu pessoal técnico.
O que vivemos desde o início de 2020 mudou o mundo para sempre
A digitalização da economia foi acelerada como nunca, ressaltando ainda mais o papel crítico dos data centers. O Brasil é líder nessa área e tem exportado sua expertise para outros países da América Latina – é o caso do Chile, da Colômbia e do México. Esse avanço regional também é um caminho sem volta, uma prova da vitalidade da economia digital brasileira.
Por Rafael Garrido, Country Manager da Vertiv Brasil
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