Se a Transformação Digital já estava na pauta antes da pandemia causada pela Covid-19, o isolamento social e o trabalho remoto aceleraram ainda mais essa tendência mundial que incorpora o uso da tecnologia digital para resolver problemas tradicionais dos mais variados segmentos, tais como governo, economia, mercado de trabalho e educação, entre outros.
De repente todos precisaram se adaptar, alterando rotinas, processos e comportamentos para o que passou a ser chamado de novo normal. E as novas rotinas incluem o uso intenso das ferramentas tecnológicas para realizar tarefas anteriormente presenciais, mas que agora precisam ser realizadas remotamente.
E todo esse aumento das atividades online estimulou também os cibercriminosos a intensificarem os ataques, sobretudo contra aparelhos móveis. Esse tipo de ataque mais do que dobrou em comparação com o período pré-pandemia.
Se no começo da pandemia os envios de phishing aumentaram exponencialmente, oferecendo máscaras e álcool gel como iscas, no fim do segundo trimestre os hackers voltaram sua carga para o roubo de identidade, a fim de receber o benefício governamental em nome da vítima.
Diante desse cenário de uma crescente falta de segurança no ambiente digital, será necessária uma adaptação tanto das pessoas, quanto das empresas. Nunca foi tão importante pensar em segurança digital, estar devidamente protegido e aumentar a cautela em relação aos seus dados.
Para Clemilson Correia, fundador e CEO da Buysoft, uma das maiores empresas de licenciamento de software e soluções em TI do Brasil, é preciso que tanto as empresas, quanto as pessoas, atuem de forma proativa na proteção de dispositivos móveis e dados. “Para estar devidamente protegido é fundamental usar soluções de segurança confiáveis e garantir que as versões mais recentes de programas e aplicativos estejam instaladas”.
Pessoas e empresas mais vulneráveis
De acordo com o novo relatório Spam and Phishing, publicado pela Kaspersky, os brasileiros foram os quintos usuários mais atacados do mundo por phishing durante os primeiros meses da pandemia, com os ataques se destacando pelo uso massivo de fake news relacionadas a programas de auxilio social.
A média local de tentativas de ataque de phishing contra celulares, que era de 10 por minuto em fevereiro, saltou para 23 tentativas por minuto nos três meses seguintes. Neste tipo de ataque, quando o usuário clica em um link o Trojan loader Sneaky é instalado e, sem seguida, baixa e executa outro trojan.
Os cibercriminosos também aproveitaram a mudança dos funcionários para o regime de home office, sem a proteção adequada oferecida pelas empresas, para intensificarem os atasques às empresas por ransomware. Nesse quesito o Brasil lidera a lista dos países mais afetados ao redor do mundo no segmento empresarial.
Esse tipo de ataque visa o roubo de informações e, em seguida, a realização de ameaças para a divulgação de dados sigilosos. Em muitos casos as empresas cedem às chantagens. As empresas mais visadas são bancos, seguradoras e escritórios de advocacia, entre outros.
Brasileiros ignoram riscos e não mudam seus hábitos online
Uma recente pesquisa realizada pela Kaspersky concluiu que o brasileiro está mais consciente quanto à cibersegurança, mas ainda não alterou seu comportamento online para estar verdadeiramente seguro.
As descobertas da pesquisa apontam que a negligência com a segurança digital tem três razões principais: para 45% dos brasileiros a correria do dia a dia é a principal causa, ainda que reconheçam a necessidade de ampliar a atenção nessa área; para 36% o motivo é a sensação de segurança ao realizar transações financeiras e de negócios online; e para 33% a razão é a descrença de que tenham algo de valor para serem vítimas de ciberataques.
Outra tendência preocupante demonstrada pela pesquisa é que 10% dos brasileiros admitiram já ter usado o Wi-Fi de vizinhos sem o conhecimento deles, o que demonstra que além de não protegerem devidamente seus dispositivos, os brasileiros comprometem ainda mais a segurança online ao utilizar redes e serviços.
Redes Wi-Fi Públicas exigem cuidado redobrado
Existe uma tendência muito grande em todo o mundo da popularização das chamadas redes wi-fi públicas, ainda mais com a popularização do conceito de smart cities (cidades inteligentes), que procuram trazer a tecnologia a fim de permitir aos seus habitantes o acesso rápido à informação, serviços públicos mais ágeis e maior segurança, entre outros benefícios.
Toda essa facilidade de uma rede pública também traz os problemas associados a isso, que são os cibercriminosos tentando se aproveitar. O principal risco é o de um criminoso virtual interceptar a informação que está sendo trafegada nessa rede wi-fi e roubar seus dados. Outro risco é o cibercriminoso criar uma rede com nome parecido ao da rede pública e alguém se enganar, se conectar nessa rede do criminoso e, então, 100% dos dados vão para ele.
Dicas para melhorar a segurança digital
A Buysoft, considerada uma autoridade em segurança digital no Brasil por oferecer algumas das melhores soluções em cibersegurança para empresas, listou algumas dicas para maximizar a segurança digital em tempos de pandemia.
Para começar, adote senhas consideradas fortes. O ideal é sempre combinar letras, números e símbolos. Uma dica para memorizar (já que anotar senhas é contraindicado) é criar uma frase que incorpore todos esses itens de uma maneira mais simples e natural.
Acesso a sites, só se for https. Inclusive, tem como ativar esse recurso no navegador para que seu dispositivo somente navegue nesses sites. Se você não souber onde fica isso, basta verificar na hora de acessar o site, veja se o endereço começa com https:// ou se apresenta um ícone de cadeado indicando que a conexão é segura.
Não forneça seus dados ou detalhes pessoais em resposta a um e-mail ou site suspeito
Não aceite convite de pessoas desconhecidas nas redes sociais, que terão acesso a sua vida, seus amigos, locais que frequenta e às fotos. É importante evitar que essas informações possam ser usadas em futuros em golpes.
Evite instalar aplicativos gratuitos e/ou de desenvolvedores desconhecidos. Dê preferência para a as lojas oficiais, como Google Play ou a App Store.
Faça backup na nuvem de fabricantes confiáveis. O mais recomendável para empresas, por exemplo, é investir em uma solução de backup para os dados dos clientes. Isso pode salvar o negócio de uma empresa e evitar grandes problemas judiciais ou problemas com a imagem da marca.
Não forneça seus dados em links repassados pelo WhatsApp ou por e-mail, principalmente quando se tratar de cadastros e promoções de empresas que você não conhece ou, mesmo das que são conhecidas, se o portal apresentar indícios de que não foi feito pela própria marca. Para participar de promoções, entre em contato direto com as lojas oficiais e apenas confie na URL oficial da empresa.
Invista em plataformas de segurança pagas, como antivírus, no computador, notebook ou celular. As gratuitas não são a melhor opção de segurança, sobretudo para empresas, que são responsáveis pelos dados que detém de colaboradores, parceiros e clientes.
Esteja sempre alerta ao utilizar redes wi-fi públicas. Tenha certeza que a rede utilizada é realmente aquela que deseja se conectar. Confirme com o estabelecimento o nome certo.
Para acessar seu banco use sempre a sua rede 4G, que é mais segura que a pública.
Prefira sempre autenticação de fator duplo, que solicite um código no celular ou envie alguma confirmação para você. Mesmo que o criminoso consiga sua senha, ele não conseguirá acessar o serviço sem a confirmação.
O novo normal significa se adaptar a um novo padrão que possa garantir a nossa sobrevivência. Para o dia a dia na rua e nos relacionamentos sociais, significa andar com máscara, com um distanciamento maior, cuidado redobrado na higiene e nos protocolos adotados ao chegar da rua.
Já para os ambientes digitais, o novo normal envolverá estar sempre consciente de que tanto os indivíduos, quanto as empresas, estarão sob constante ataque dos cibercriminosos. Serão necessários maiores cuidados e a adoção de novos protocolos de segurança em todos os dispositivos conectados à Internet.
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