Medidas para reduzir o contato entre funcionários e clientes já foram tomadas nos comércios que são serviço essencial, como supermercados e farmácias, os poucos que puderam ficar abertos durante a pandemia na maioria dos estados brasileiros.
Mas, com a volta de diversas empresas à atividade e a falta da vacina, fica nas mãos da Infectologia e da Engenharia de Segurança do Trabalho mais essa preocupação: como manter seguros os funcionários depois das reaberturas?
Grupos como o liderado por Emmanuel Lacerda, gerente-executivo de saúde e segurança na indústria do Sesi, já pensam sobre o tópico. “O conceito que temos utilizado é de retorno gradativo, seguro, e o primeiro ponto é a consciência de que nada vai ser igual a antes. Qualquer retomada que seja feita tem que partir de protocolos de segurança, com a regra de ouro que é o distanciamento social”, explica Lacerda em entrevista ao Uol.
Turnos alternados, ventilação e higiene no trabalho
A principal sugestão do grupo é intensificar a cultura da higiene, como lavar as mãos, usar máscara e desinfetar com frequência todos os objetos que possam ser compartilhados, como eletrônicos e ferramentas, no caso de escritórios ou indústrias.
Outra medida que deve ser tomada para proteger os colaboradores é a instalação de filtros de ar-condicionado que contribuam para desinfetar o ambiente e também barreiras físicas que separem os funcionários, para evitar que as gotículas de saliva circulam por ambientes maiores.
A indicação também é a flexibilização de horários de entrada e de saída, assim como de almoço. Com isso, os riscos internos são reduzidos, assim como os externos, já que os horários alternativos podem distribuir o fluxo no transporte público.
Home office não está isento
O ideal é que todos os responsáveis por tarefas possíveis de serem realizadas remotamente atuem de casa, mas esse estilo de trabalho, apesar de ser o mais indicado, também tem efeitos colaterais.
Além de organização e ferramentas próprias, como computador e internet em casa, que o home office demanda, hoje, a atualização, mesmo dos profissionais mais velhos, sobre como utilizar as novas ferramentas tecnológicas, como apps de videoconferência, é uma exigência.
“Antes, se você tinha mestrado, ou doutorado, já seria contratado. Hoje, está sendo muito valorizado o que chamam de continuous learning (educação continuada, em português), que é o conceito de você estar sempre aprendendo e fazendo vários cursos, oferecidos pela empresa ou relacionados à área de atuação”, diz o subprocurador-geral do trabalho Ronaldo Fleury à BBC News Brasil.
Pressão do desemprego
O número de desempregados aumentou 5,2% em relação ao trimestre imediatamente anterior, considerando tanto os empregos com carteira assinada, quanto os informais, de acordo com a Pnad Contínua do IBGE. Esses números não devem ser revertidos tão rapidamente, já que, mesmo depois do coronavírus, a economia ainda estará abalada.
“A tendência será as pessoas trabalharem cada vez mais por menores ganhos e aceitarem qualquer tipo de trabalho. Isso é algo que já vemos acontecer em trabalhos por aplicativo: o desemprego fez com que uma maior quantidade de trabalhadores se apresentassem para trabalhar como entregadores de pedidos, por meio de aplicativos. E as pessoas acabam aceitando qualquer tipo de condição e de remuneração”, explica Fleury.
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