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Como ficará a cultura organizacional no pós-pandemia?

Dentro de algumas semanas, se tudo der certo, deveremos ter uma retomada gradual da atividade econômica pausada pela pandemia. Vale uma reflexão sobre o período anterior ao isolamento social e o que está por vir pelo viés da gestão de pessoas e do valor dos negócios.
Em 2018, o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 1,3% em 2019 apenas 1,1% (IBGE), ou seja, mostrava um pífio sinal de recuperação. Em janeiro de 2020, antes da realidade que vivemos hoje, a secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia arriscava projetar um crescimento entre 2,5% a 3% do PIB. O empresariado já vinha trabalhando intensamente colocando em prática planos de ação para um ano de, no mínimo, a esperança de dias melhores. No entanto, em março, o esperado pico positivo de prosperidade se transformou num profundo vale, no patamar de 0,02%, em um espaço de apenas 60 dias.
Existe uma grande apreensão por parte do todo o mercado de trabalho a respeito da volta ao trabalho “normal”. A insegurança do emprego garantido voltou a pairar no pensamento de muitos trabalhadores. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua (31|mar|2020) do IBGE, no entanto, já mostrava que o mercado de trabalho apresentava sinais de deterioração antes mesmo do avanço da Covid-19 no Brasil. A taxa de desemprego do trimestre que fechou em fevereiro em 11,6%, deve terminar 2020 com uma média de 13%, podendo ultrapassar 16% nos próximos meses.
Ficará bem mais difícil colocar em prática aquele plano de alinhamento estratégico cuidadosamente desenhado em 2019 para toda a equipe. Ou melhor, este plano deverá ser todo redesenhado para um novo cenário bem mais desafiador. Motivação e desempenho, mais do que nunca estarão na pauta dos Conselhos das empresas, seguidos de vários pontos de interrogação com relação a mercados, cadeias de suprimento e capacitação das equipes executivas.
Mais do que nunca, este é o momento para olhar os negócios de fora com uma visão baseada em conhecimento e experiência. Vale ainda lembrar que os parâmetros de relacionamento, competição e sucesso deverão ser rediscutidos e reavaliados, pois o momento exige, antes de tudo, solidariedade e resiliência.
O real valor do negócio
É inevitável associar crises às estatísticas amplas em situações extremas. No entanto, esse pensamento não é benéfico para a saúde dos negócios. Da mesma forma que o PIB sofreu uma variação negativa em questão de meses, o número de falências e recuperações judiciais também apontava sensível melhoria em 2019, comparado a 2018, mas deve crescer significativamente novamente em 2020. Situações extremas não são a melhor referência para planejamento em empresas se o foco é aumentar o valor do negócio.
O que podemos aprender com os segmentos que continuam em expansão neste momento crítico da economia? Analisando por segmento, observamos que alguns setores de Bens de Consumo, Papel e Celulose, Varejo e Serviços, por exemplo, mostram que algumas empresas encontraram níveis de excelência operacional para enfrentar a crise com agilidade, minimizando riscos e mantendo os resultados em níveis acima da média. Para essas empresas, o desafio será sustentar os resultados alcançados no período da pandemia, enquanto para os que estão sofrendo com a retração brusca da economia, o importante será estabelecer novas diretrizes e agir para disciplinar a execução do seu negócio, no novo normal da economia e da sociedade. As cadeias de valor de todos os negócios precisarão ser revistas e adaptadas aos parâmetros do novo Normal, com foco em tecnologia, força de trabalho descentralizada, cadeias de suprimentos flexíveis e principalmente com atenção redobrada na produtividade das equipes e dos ativos.
Trabalhar com foco no planejamento operacional, na capacitação das equipes e em excelência na execução no dia a dia, será não apenas um atributo para obter melhores resultado, mas a diferença entre ter produtos e marca valorizados em sua essência, seja em tempos normais, seja em tempos de tormenta.
Nesse período de retomada, projetos pensados para o longo prazo, mas executados em poucas semanas, intensivos e eficazes, com investimentos adequados à uma nova realidade, podem ajudar a recuperar os meses perdidos e garantir a sobrevivência dos negócios. Pense nisso!
Por Francisco Loureiro, presidente da Proudfoot Brasil

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