Parem de pedir desculpas por criarem seus filhos. Por que, mesmo não querendo/podendo, por vezes, precisamos estar com nossos filhos nos momentos de trabalho ou estudo?
O número de lares brasileiros chefiados por mulheres passou de 23% para 40% entre 1995 e 2015, segundo a pesquisa Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, divulgada em março de 2017 pelo Ipea. Há 5,5 milhões de crianças brasileiras sem o nome do pai na certidão de nascimento, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Entre 2005 e 2015, o número de famílias compostas por mães solo subiu de 10,5 milhões para 11,6 milhões, segundo dados do IBGE divulgados em 2017, e, das 10,3 milhões de crianças brasileiras com menos de 4 anos em 2015, 83,6% (8,6 milhões) tinham como primeira responsável uma mulher, seja mãe biológica ou não, de acordo com o Pnad 2015.
Outro dado mostra que, em várias cidades brasileiras, quase 70% das crianças não tem acesso a creche e mesmo as classes B e C, aguardam em média dois anos para os custos com escolas particulares que inviabilizam muitas vezes o início e ainda, segundo a pesquisa da consultoria Robert Half, a cada 10 mulheres 4 não conseguem retornar após a licença maternidade.
E o que eu tenho com isso?
Antes, vamos para uma distopia Handsmade Tale. Acabamos de acordar com o mundo completamente estéril, assim como você já deve ter desejado ao saber que a moça da sua equipe está grávida ou ao ouvir o insuportável choro de uma criança dentro da sua bolha matinal (e isso não vem só de homens, tá?!).
Eles deixaram de existir, ufa! E agora? Consigo pensar em algumas coisas…
Primeiro, o faturamento de 50 bilhões de reais que representa o segmento infantil, de acordo com a Nielsen, deixaria de ser injetado na economia. Não estando somados aqui o turismo, entretenimento e outras áreas correlatas que atendem a esses 20% da população.
Segundo, com a população somente envelhecendo, não teríamos “mão de obra” suficiente para manter serviços que requerem energia como agricultura. Sem falar do surgimento de novas cabeças não nasceriam, portanto, pesquisa, inovação e desenvolvimento seriam escassos.
Terceiro, se você parar meio milésimo para pensar comigo, bum, acabou o mundo que é bem maior que esse seu umbigo aí.
De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz, uma a cada 4 mulheres sofre de depressão pós-parto, o que caracteriza um problema de saúde pública.
Passaram pela B2Mamy mais de 3.000 mulheres e, em de 50% dos casos, o medo e as dúvidas sobre o trabalho e a maternidade as mantinham nesse quadro. Problema esse catalisado por empresas e líderes que desrespeitam as mulheres ou simplesmente as tiram do jogo, penalizadas por fazerem a única coisa que faz o mundo girar.
O que espero com esse artigo é que você entenda que essas crianças ao crescerem não vão para Marte e penso rapidamente em três coisas:
1) Que você se pergunte o que pode fazer para essa dinâmica dar certo. Mas, boa vontade não basta. O que muda é a vontade ativa;
2) Que participe e colabore com movimentos que estão mudando a forma de pensar de quem ainda realmente acredita que olhar só para si é certeza de abundância;
3) Que entenda que essa criança crescendo segura e amada não só pela mãe e sim pela aldeia que a cerca, melhora as chances dela ser uma boa pessoa nesse mundo tão difícil.
E se você for mãe e estiver lendo esse artigo, #fightlikeamother. Somos metade da população do mundo e mães da outra metade. Pare de pedir desculpas!
Por Dani Junco, fundadora e CEO da B2Mamy
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