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A educação à distância é o futuro das universidades tradicionais?

* Samir Iásbeck

Há algum tempo, ter um curso superior presencial era considerado imprescindível para conseguir um bom emprego, não só pelo conhecimento adquirido durante as aulas, mas também pela experiência social oferecida. Porém, com as constantes transformações tecnológicas no mundo ao longo dos anos, o papel das universidades na sociedade também sofreu algumas mudanças.

Com a crescente popularização da internet, o ensino a distância (EAD) tem se tornado uma ótima opção para aqueles que buscam conciliar horários flexíveis e rapidez com uma metodologia aplicada, onde o aluno pode rever as aulas quantas vezes achar necessário. Algumas pessoas já têm preferido o ensino à distância em detrimento ao convencional, assim como na televisão por exemplo. O público tem preferido cada vez mais programas “on demand”, como os disponibilizados pela NETFLIX e Youtube, por poderem assistir no momento mais conveniente a eles, ao invés da “TV AO VIVO”, onde tem de ser escravos de um horário específico que o programa vai passar.

Segundo o último Censo da Educação Superior, as matrículas em EAD cresceram 17,6% de 2016 para 2017, chegando a quase 1,8 milhão de estudantes em 2017 – o equivalente a 21,2% do total de matrículas em todo o ensino superior. O número de cursos oferecidos também aumentou no mesmo período e passou de 1.662 para 2.108, o que representa aumento de 26,8% – maior crescimento desde 2009.

Tais dados me fazem questionar se uma formação universitária tradicional está ligada diretamente ao aprendizado real. Não, eu não estou duvidando de que realmente se aprenda na universidade tradicional, a única questão é que há tantas outras possibilidades onde é possível escolher os temas de interesse e com métodos mais eficientes de assimilação de conhecimento e, que também, não escolhamos uma única forma para se ensinar tudo, pois vivemos um mundo multimídia e não deveríamos utilizar uma única mídia para passar ensinamentos.

Sendo assim, por que não optar por um novo caminho? O questionamento vem pelo fato de pensar que cada um aprende à sua maneira. Enquanto uns preferem só prestar atenção às aulas (ver e ouvir), outros preferem anotar e rever o assunto quantas vezes forem necessárias, por exemplo.

Hoje em dia há muitos caminhos alternativos para quem deseja aprender de verdade. Outro exemplo é o método microlearning, um formato de estudo online e de curta duração. Nele, os cursos são menores, mais focados e com tarefas que demandam menos tempo. A ideia não é ter menos conteúdo, mas sim que ele seja dividido em pílulas para que o estudante se engaje mais e retenha mais informações. Essa técnica é muito encontrada em aplicativos, além do Qranio, como o Duolingo para se aprender idiomas que já reconhecido mundialmente pelos resultados alcançados e também por grandes universidades dos Estados Unidos.

Além disso, a internet também tornou tudo mais fácil. O que você precisar saber é possível encontrar lá, é só buscar materiais que venham de fontes confiáveis. Dessa maneira, só se aprende o que é necessário para aplicar no seu dia a dia e no tempo que você tem disponível, sem muitas obrigações e tarefas. Vide a infinidade de tutoriais no youtube, de todos os assuntos, que salvam milhares de pessoas diariamente.

Por outro lado, se a preocupação é com o diploma de graduação, será que ele é realmente importante para uma carreira de sucesso? Eu não acredito nessa premissa. Inclusive, algumas grandes empresas não estão mais interessadas nisso, como por exemplo, a IBM, o Google, a Apple, entre outras. O que o mercado está buscando é vontade de aprender, colaboradores que combinem com a cultura da organização e que possuam conhecimento real, diplomas estão ficando em segundo plano

Com tudo isso em vista, qual será o futuro das universidades e faculdades presenciais? E principalmente daqueles cursos mais básicos, onde o que interessava ao aluno era apenas obter um diploma universitário para dizer que o tinha! Na minha percepção não é um futuro muito promissor. Isso não quer dizer que a população não irá buscar por aprendizado, mas sim procurar outros métodos para suprir suas necessidades específicas de forma efetiva (aprendizado Real) e prática (sob demanda).

As universidades ainda terão um papel, mas bem diferente do que é hoje, talvez algo para momentos que o ensino a distância precise ser combinado com algo presencial, talvez para outras finalidades que combinadas ao EAD possam tornar o aprendizado algo mais rápido e eficiente também. De fato o que não podemos é deixar que num mundo cheio de tecnologia, à disposição do aprendizado, e cheio de caminhos para se aprender (um universo multimídia), tenhamos que estudar de uma única forma que é a mesma de séculos atrás. O que vocês acham?

* Samir Iásbeck é CEO e Fundador do Qranio, plataforma mobile de aprendizagem que usa a gamificação para estimular os usuários a se envolverem com conteúdos educacionais em todos os momentos.

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